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Viagens interestaduais no estilo carona crescem em rotas que saem do DF

Segundo o aplicativo BlaBlaCar, o trecho Brasília-Goiânia teve aumento de mais de 50% no segundo semestre de 2020

atualizado

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O aplicativo de caronas interestaduais BlaBlaCar registrou aumento no número de viagens partindo do Distrito Federal no último semestre de 2020. Os deslocamentos combinados por meio da plataforma saem mais em conta do que os comuns, em ônibus interestaduais, visto que o app conecta motoristas que pretendem viajar de carro com pessoas que precisam chegar logo a outra cidade.

A rota mais comum saindo da capital durante a pandemia de Covid-19 foi Brasília-Goiânia (GO). Desde julho, a plataforma registrou a viagem como a segunda do país em número de assentos oferecidos, ficando atrás apenas do trecho Cabo Frio (RJ)-Rio de Janeiro (RJ), com pouco mais de 115 mil lugares.

O aumento de deslocamentos registrado na plataforma entre as capitais do país e o estado de Goiás foi de mais de 50%, indo de 2.782, em julho de 2020, para 5.746, em dezembro do ano passado. Isso significou 13% de todas as viagens realizadas pela BlaBlaCar.

Além de Goiânia, as cidades de Anápolis, Caldas Novas e Aparecida de Goiânia apareceram como principais rotas a partir de Brasília. Uberlândia (MG) é o único município de outro estado listado no ranking a partir da capital. O top 5 da rota de volta para Brasília tem os mesmos locais.

Segurança acima de tudo

Em relação às preocupações com a segurança de quem deseja viajar pelo Brasil pegando carona, a BlaBlaCar informou que trabalha com checagem de documentos; disponibiliza a função “Só para Elas”, que permite às usuárias escolherem viajar apenas com mulheres; e tem avaliações mútuas entre condutores e passageiros.

Além disso, a BlaBlaCar diz que modera e monitora com frequência o conteúdo publicado no site e afirma não permitir que motoristas lucrem com a atividade, apenas que dividam os custos com os caroneiros. Por isso, a empresa fixa o número de passageiros por carro em até quatro pessoas, e o valor por passageiro é sugerido e limitado pela empresa.

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A ideia de aproveitar o destino já programado para ainda ganhar um dinheiro extra, transportando outras pessoas que seguem para o mesmo destino, é boa. Contudo, o especialista em segurança Leonardo Sant’Anna lembra que há diferenças entre as viagens pegando carona no Brasil e na Europa, onde surgiu o BlaBlaCar.

“As distâncias percorridas por lá são bem menores. Se a gente pega de Portugal até o começo da Rússia, não dá o tamanho do Brasil”, comenta. Para Sant’Anna, ainda falta melhorar a ambientação do aplicativo em terras brasileiras.

“Vários países já utilizam câmeras dentro dos carros de diversos aplicativos, por exemplo, para garantir a segurança de motorista e passageiro, algo que a gente ainda engatinha por aqui”, explica.

Outro ponto que dificulta a popularização desse tipo de aplicativo é a cobertura de internet e telefonia nas rodovias. “Enquanto que na Europa é muito difícil ter pontos cegos, onde a pessoa fica vários quilômetros sem sinal, em muitas viagens pelo Brasil isso ocorre com frequência. Se algo acontece durante a viagem, passageiro ou motorista vão recorrer a quem?”, questiona.

Apesar de estar presente no Brasil há cinco anos, a BlaBlaCar ainda começa a se popularizar. Para Sant’Anna, a tendência é que o aplicativo enfrente as dificuldades que outros apps inovadores passaram, como Uber e Airbnb, até terem sido totalmente incorporados à vida dos brasileiros.

“A economia está ultrapassando as leis numa grande velocidade. As inovações chegam e a legislação, bem fragilizada, não consegue acompanhar”, opina.

O que diz o poder público

A reportagem procurou a Secretaria de Mobilidade Urbana do DF (Semob-DF), a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e a Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desenvolvimento Regional para comentar os serviços prestados pela BlaBlaCar.

Os dois primeiros órgãos informaram que não é competência deles fiscalizar a atividade do aplicativo. Já a Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos não se pronunciou até a última atualização da reportagem. O espaço permanece aberto a manifestações posteriores.

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