“Um monstro”, diz família após prisão de suspeito de matar mãe e filha
Familiares ficaram revoltados quando souberam da suposta relação de amizade e admiração do acusado com o maníaco Lázaro Barbosa
atualizado
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Alívio. Este é o sentimento da família de mãe e filha mortas no Sol Nascente em dezembro de 2021, após a notícia da prisão do acusado de cometer o crime, na terça-feira (8/2). Segundo a polícia, o suspeito gabava-se de ser amigo do maníaco Lázaro Barbosa. A postura despertou ainda mais revolta.

Quase dois meses após o crime, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) identificou o suspeito de matar Shirlene Ferreira da Silva, de 38 anos, e Tauane Rebeca da Silva, de 14 anos, em um córrego do Sol Nascente, no fim de 2021 Divulgação/PCDF

Com base no depoimento de duas testemunhas, os policiais identificaram o suspeito e obtiveram informações com o irmão do criminoso PCDF

O autor do duplo homicídio é Jeferson Barbosa dos Santos, 25 anos. O criminoso fugiu do Distrito Federal, na companhia da esposa, e foi preso na Bahia Rafaela Felicciano/Metrópoles

Natural do município de Bom Jesus, no Piauí, Jeferson saiu do DF acompanhado da esposa, sob a justificativa de que iria passar o Natal na Bahia Rafaela Felicciano/Metrópoles

O homem tem passagem pela polícia do DF por lesão corporal e já foi vítima de tentativa de latrocínio. Agora, ele também foi indiciado por homicídio, aborto – uma vez que Shirlene estava grávida e perdeu o bebê – e ocultação de cadáver Igo Estrela/Metrópoles

Barbosa morava próximo ao Córrego da Coruja, onde os corpos foram encontrados cobertos por folhas. O autor trabalhava com o irmão, como carroceiro e catador de material reciclável Gustavo Moreno/Metrópoles

Testemunhas viram Jeferson a caminho do córrego onde mãe e filha tomavam banho. Ele costumava dizer que ia ao local para "se dar bem com mulheres" CBMDF/Divulgação

Segundo investigações da polícia, o suspeito era amigo do maníaco Lázaro Barbosa e se gabava da amizade que ele tinha com o homem acusado de matar quatro pessoas em uma chácara no DF Reprodução/PCDF

O delegado responsável pelo caso relatou que moradores da região disseram que eles eram vizinhos e, juntos, praticavam vários crimes naquela localidade Divulgação/PCDF
Shirlene Ferreira da Silva, 38 anos, e a filha, Tauane Rebeca da Silva, 14, foram vistas com vida pela última vez quando saíram para visitar o Córrego das Corujas. Shirlene estava grávida de 4 meses. Após dias de desaparecimento, os corpos foram encontrados. A investigação aponta Jeferson Barbosa dos Santos, 25, como o autor dos feminicídios.
“A gente sente que a Justiça está sendo feita. É um certo alívio, mesmo sabendo que a minha irmã não vai mais voltar. Foi um crime monstruoso, uma atrocidade. Minha irmã levou 37 facadas. Mas agradecemos à Polícia Civil por estar elucidando o caso”, desabafou a cabeleireira Shirlei Vieira da Silva, 39, irmã de Shirlene.
O crime é investigado pela 19ª Delegacia de Polícia (Ceilândia). Segundo o delegado à frente das investigações, Thiago Peralva, Jeferson apresenta um perfil “debochado e calculista”. Os investigadores ainda apuram a possibilidade de existir um possível coautor do crime.

Delegados Gustavo Araújo e Thiago Peralva Rafaela Felicciano/Metrópoles

Investigação foi conduzida pela 19ª DP Rafaela Felicciano/Metrópoles

Autor foi preso na Bahia Rafaela Felicciano/Metrópoles
A notícia da suposta amizade entre o acusado e o maníaco Lazáro Barbosa deixou a família de Shirlene e Tauane ainda mais indignada. “Isso revoltou a gente ainda mais. Ele se gabava de ser amigo de um monstro daquele, se gabava que se dava bem com as mulheres no córrego. Se for mesmo culpado, é um monstro também”, disparou a cabeleireira.
“Se ele se intitulava amigo de um monstro, que assuma o que fez. Que a Justiça seja feita e que ele pague por seus crimes”, destacou Shirlei. Mesmo com a prisão, a família segue despedaçada. “Eu estou procurando ajuda psicológica ainda. Estamos nos agarrando a Deus para seguir em frente”, pontuou.
Relembre
Shirlene e Tauane foram vistas pela última vez quando saíram para tomar banho em um córrego. Os corpos, em avançado estado de decomposição, foram encontrados 11 dias depois, escondidos em um matagal.
Em uma das hipóteses apuradas pela PCDF, Jeferson Barbosa supostamente teria tentado estuprar a adolescente. Shirlene Silva, que estava grávida de 4 meses, teria reagido e avançado no autor. A mãe tinha marcas que sugerem que ela tentou se defender.
Grávida morta ao lado da filha levou 37 facadas, aponta laudo do IML
O laudo feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) aponta que a gestante foi executada com 37 facadas. Um fato, entretanto, chamou a atenção dos investigadores: a única parte que não foi atingida pelos golpes foi o ventre da mulher.
A menina de 14 anos, que estava sem o short, foi esfaqueada e estrangulada. Há indícios de que ela tenha sido morta após a mãe ser assassinada, o que aponta para uma “queima de arquivo”. Exames indicam que as duas não foram abusadas sexualmente.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Shirlene Ferreira da Silva, de 38 anos, e a filha Tauane Rebeca da Silva, 14 anos, desapareceram no dia 9 de dezembro, após saírem para tomar banho em um córrego no Sol Nascente. Shirlene estava grávida de 4 meses Rafaela Felicciano/Metrópoles

A última pessoa a ter contato com as duas foi Lucas, 12 anos, filho caçula da mulher Gustavo Moreno/ Metrópoles

Assim que seu pai, Antônio Batista, chegou do trabalho, o menino o alertou sobre o sumiço das familiares. Segundo o relato do jovem, a mãe pegou mochila, toalha amarela listrada, guarda-chuva e biscoito, e saiu com a irmã dele para o córrego, mas as duas não retornaram Rafaela Felicciano/Metrópoles

Após contatar a família e não obter retorno quanto ao paradeiro da esposa e filha, Antônio Batista, marido de Shirlene, acionou os bombeiros. As buscas começaram no mesmo dia Gustavo Moreno/ Metrópoles

No entanto, somente em 11 de dezembro, terceiro dia de investigação, a primeira pista surgiu. Segundo os bombeiros, cães encontraram chinelo e um guarda-chuva que, de acordo com Antônio, pertenciam às vítimas CBMDF/Divulgação

O quarto dia de buscas foi marcado pela informação de que Shirlene e a filha estariam em uma igreja em Samambaia, o que chegou a interromper a procura. Como a informação não se confirmou, as buscas foram retomadas CBMDF/Divulgação

Devido ao clima chuvoso e ao difícil acesso ao local, as buscas precisaram ser interrompidas por diversas vezes Gustavo Moreno/ Metrópoles

Em 14 de dezembro, sexto dia de busca, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu nova linha de investigação e passou a trabalhar com a hipótese de as duas terem fugido para o Piauí, terra natal de Shirlene Igo Estrela/ Metrópoles

Após oito dias e sem qualquer pista sobre o paradeiro de mãe e filha, os bombeiros encerraram a procura e as investigações ficaram apenas com a Polícia Civil do DF Gustavo Moreno/ Metrópoles

Em 18 de dezembro, no entanto, uma testemunha ocular informou à polícia que viu Shirlene e a filha descendo para o córrego. Com isso, as buscas foram retomadas Gustavo Moreno/ Metrópoles

Em 20 de dezembro, 11 dias após o desaparecimento, a PCDF encontrou os corpos das vítimas, cobertos por folhas, às margens do córrego PCDF/ Divulgação

A região onde os corpos foram encontrados é a mesma onde Cleonice Marques de Andrade, uma das vítimas de Lázaro Barbosa, foi morta pelo maníaco que aterrorizou o DF e o Entorno, em junho Rafaela Felicciano/Metrópoles

À época, a PCDF cogitou a possibilidade de que Shirlene e a filha poderiam ter sido vítimas de latrocínio, já que a mochila que elas levavam não foi encontrada Gustavo Moreno/ Metrópoles

Perto dos corpos das vítimas foi encontrada uma camiseta cinza que não pertencia a elas. O objeto foi enviado para o Instituto de Criminalística da PCDF Hugo Barreto/Metrópoles

De acordo com a polícia, os cadáveres estavam em avançado estado de decomposição. A corporação realizou perícia nos corpos e na área Gustavo Moreno/ Metrópoles