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Túnel de Taguatinga começará a ser perfurado em junho

Cartorze anos após a contratação do primeiro projeto, a obra de 1 km que mergulha sob o centro de Taguatinga promete desafogar o trânsito

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Um mês depois da cerimônia de assinatura da Ordem de Serviço pelo governador Ibaneis Rocha, a atualização do contrato entre a Secretaria de Obras e Infraestrutura do DF (SODF) e o Consórcio Novo Túnel está publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). As empresas foram escolhidas em licitação há quatro anos para furar o túnel rodoviário sob o centro de Taguatinga.

O texto traz a data de entrega prevista para a obra: 30 de junho de 2021. Entretanto, o próprio GDF adianta que cronograma da obra é de dois anos, e mantém a inauguração para 2022.

Veja a publicação:

 

Diminuir o trânsito

Anunciada com prazo de 24 meses, a obra será iniciada logo após o período das chuvas. Objetivo é diminuir trânsito no centro da cidade para as cerca de 120 mil pessoas que passam pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG) diariamente rumo a Taguatinga.

Quando concluído, o túnel terá 1.010 metros de extensão, dos quais 830m serão cobertos. Contará com duas vias paralelas, cada uma com três pistas de rolagem em cada sentido. Ele fará uma ligação subterrânea para quem segue a Ceilândia, pela via Elmo Serejo, além de oferecer via alternativa pela superfície para o Centro de Taguatinga.

O túnel de Taguatinga faz parte do chamado Corredor Eixo Oeste, principal projeto viário para a região sul do Distrito Federal, e que incluiu o alargamento do viaduto da EPCT com a EPTG, a revitalização completa da avenida Hélio Prates e a construção do Viaduto da Estrada Parque Indústria Gráficas (EPIG), entre o Sudoeste e Parque da Cidade.

Na avaliação do secretário de Obras, Luciano Carvalho, trata-se de uma ação essencial e estratégica para a mobilidade urbana do DF. “Por muito tempo, as obras do projeto do Corredor Eixo Oeste ficaram engavetadas, reféns de decisões judiciais. Esta gestão aceitou os desafios, resolveu os problemas jurídicos, assegurou recursos orçamentários e, agora, vai começar efetivamente a obra do túnel de Taguatinga, talvez a obra mais simbólica desta gestão”, destacou Carvalho.

Transtornos

A circulação de carros e ônibus será afetada durante a execução da obra. Um trecho de quase 1,3 quilômetro, do viaduto da Elmo Serejo até o viaduto da EPTG com a EPCT, sentido Ceilândia-Plano Piloto, na Avenida Central de Taguatinga, por exemplo, será interditado.

Taguatinga terá sua região central inteiramente remodelada a partir da construção do túnel e do boulevard que vai cruzar a cidade, transferindo todo o trânsito de passagem para Ceilândia, Samambaia e Sol Nascente.

O chamado boulevard é a atual Avenida Central, que será arborizada para oferecer um visual inteiramente diferente à população, com foco nas pessoas e no comércio da região. Além do paisagismo, o GDF promete calçadas revitalizadas e estacionamentos ampliados. A pista continuará a existir, mas concentrará veículos do transporte público, como o BRT, e os motoristas interessados no comércio do centro.

Os técnicos da Secretaria de Mobilidade (Semob), Departamento de Trânsito (Detran/DF) e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF) estão se reunindo para buscar uma fórmula que diminua o impacto.

“Já estamos trabalhando para ajustar os desvios que precisarão ser feitos no trânsito durante a execução dos serviços. Além dos desvios, pequenas obras de tráfego serão realizadas, além da instalação de semáforos e sinalização. Tudo para minimizar os impactos”, pontua o subsecretário de Acompanhamento e Fiscalização de Obras do GDF, Ricardo Terenzi.

“No sentido Ceilândia/Plano Piloto, inicialmente pretendemos que a Avenida das Palmeiras tenha sentido único. Dessa forma, seriam quatro faixas de rolamento destinadas ao fluxo de veículos. Para garantir a fluidez, dos atuais três semáforos da via, apenas um continua em funcionamento”, detalha Rodrigo Magalhães, engenheiro do Consórcio Novo Túnel.

“No sentido Plano Piloto/Ceilândia, a princípio, manteremos três das quatro faixas de rolamento do centro de Taguatinga em funcionamento. Nossa meta é impactar minimamente o tráfego de veículos e pessoas”, complementa o engenheiro. Mas a definição das mudanças só será feita depois de analisadas todas as demais alternativas e da realização de testes organizados pelo Detran e pelo DER.

A história

Foi durante as obras do metrô, há cerca de 30 anos, que a construção de um túnel rodoviário em baixo do centro de Taguatinga foi evocada seriamente pela primeira vez.  O assunto, porém, só voltou ao noticiário nos primeiros dias do governo Arruda.

À época, foi assinado o contrato nº 003/2007 com a Empresa TC/BR – Tecnologia e Consultoria Brasileira para elaborar um “Projeto Básico do Túnel Rodoviário sob a Avenida Central em Taguatinga, ligando a EPTG à Avenida Elmo Serejo”, no valor de R$ 1.261.580,09. Em 2016, uma auditoria especial da Controladoria-Geral do DF não encontrou todas as notas fiscais do acerto.

Quatro anos mais tarde, em 2011, o então Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram) solicitou a confecção de Relatório de Impacto Ambiental Complementar (RIAC). O que foi feito pela empresa Greentec ao custo de R$ 200.846, em setembro de 2013.

No mesmo ano, a Secretaria de Obras voltou a consultar, por R$ 38.670,07, a TC/BR que elaborou o Orçamento e o Caderno de Encargos do Projeto Básico do Túnel Rodoviário sob a Avenida Central em Taguatinga.

Mas o verdadeiro pontapé aconteceu em 2016, na assinatura do contrato com um consórcio de empresas liderado pela Trier Engenharia, que participa também das obras do conjunto viário Joaquim Roriz na Saída Norte. Anunciado para o último ano do governo Rollemberg, o túnel “parou” na mesa do Tribunal de Contas do DF (TCDF).

Provocado por concorrentes que perderam a licitação de R$ 275 milhões, o órgão examinou a situação de uma das integrantes do grupo, a empresa WVG Construções e Infraestrutura Ltda., subsidiária integral da Construtora Beter S/A, que havia sido declarada inidônea para licitar e contratar com a Administração Pública.

A WVG acabou excluída e os conselheiros do TCDF entenderam que o questionamento feito na representação inicial perdeu a razão de existir. Assim, retomaram o julgamento do processo sobre a licitação e decidiram pela continuidade da execução em dezembro do ano passado.

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