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Arquiteto denuncia alterações em projeto original das placas de Brasília

Para autor das famosas sinalizações, que já foram expostas até no Museu de Arte Moderna de Nova York, “falta sensibilidade” com seu trabalho

atualizado

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Objetos de exposição em galerias de arte fora do país, as placas de sinalização do Distrito Federal foram modificadas pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER). As alterações desagradaram o ex-arquiteto do Governo do Distrito Federal (GDF), Danilo Barbosa, responsável pelo projeto original, em 1975. “A beleza das placas está em agregar sem competir com a cidade”, defende o urbanista.

Segundo Barbosa, não é a primeira vez que seu projeto é modificado. Em janeiro de 2017, por meio do Decreto nº 37.949, a responsabilidade de manutenção e instalação das placas passou ao DER. “Essas distorções não vêm de hoje”, comenta o arquiteto. “Há 10 anos eu já havia mandado um relatório à Secretaria de [Mobilidade] e Transportes com as mudanças feitas no projeto original”, reclama.

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Segundo o idealizador, a resposta do órgão foi de que as modificações vão ser revertidas e que ainda não ocorreram por falta de pessoal. “O problema é que colocaram pessoas não qualificadas para cuidar desse projeto”, desabafa Danilo.

As placas, de cor verde com letras brancas, foram expostas no famoso Museu de Arte Moderna de Nova York, e fazem parte do acervo permanente da instituição desde 2012. “Falta sensibilidade aos administradores em colocarem as pessoas adequadas para cuidar das peças”, critica o designer, que insiste na importância de manter o formato original.

Ao Metrópoles, o DER informou que vai revisar e corrigir as placas em questão. Entretanto, o departamento alega não ter havido alteração na tipologia, mas equívoco na colocação das películas com os caracteres.

No comparativo, feito pelo próprio autor do projeto, as setas sinalizadoras foram colocadas de forma diferente. Bem como o tamanho da fonte que indica as quadras comerciais e residenciais das asas Sul e Norte. Os números, que antes eram centralizados, passaram a ser alinhados à direita.

Impressão digital da cidade

Para Danilo, formado desde 1973 pela Universidade de Brasília, seu maior êxito profissional foi ter desenvolvido a sinalização “integrada com o urbanismo e a arquitetura” candanga.

Natural de São José do Rio Preto, mudou-se para Brasília aos 19 anos para nunca mais sair. Segundo o arquiteto, a valorização de sua obra pelos  brasilienses é um dos motivos da sua permanência na capital. Hoje, vê suas peças como “impressão digital” da cidade.

Apesar de ter sido convidado pelo DER para discutir as distorções em seu projeto e outros temas, o rio-pretense não pôde aceitar o convite de imediato. Agora, aos 71 anos e aposentado, Danilo está no grupo de risco para o novo coronavírus e está em quarentena, em respeito ao isolamento social, indicado pela Organização Mundial de Saúde. Porém, não desiste da reparação. “Estou na expectativa. Só esperando essa fase passar para regularizar essa e mais algumas situações”, aponta.

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