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“Teve negligência”, diz filha de mulher que morreu após queda em UPA do DF

Para família de Cidalva Prates Guedes, houve omissão e negligência durante tratamento da paciente, que sofreu traumatismo craniano após cair

atualizado

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Paciente - Metrópoles
1 de 1 Paciente - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

A família de Cidalva Prates Guedes (foto em destaque), paciente que morreu, aos 53 anos, após cair da janela da unidade de pronto-atendimento (UPA) de Ceilândia, relatou como foram os últimos momentos ao lado da mulher. A tragédia ocorreu nessa terça-feira (14/3), quando a mulher despencou de 2 metros de altura e sofreu um traumatismo craniano.

Cidalva estava internada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), unidade para a qual foi transferida após sofrer a queda. Durante a última visita à mulher, os familiares foram informados pelo médico que ela teve múltipla falência dos órgãos, em decorrência do traumatismo severo.

“O médico nos chamou em uma sala e detalhou que, devido ao traumatismo craniano gravíssimo, ela tinha perdido os últimos reflexos. A parte cerebral já estava sem vida, não havia mais atividade”, lamenta Andressa Guedes Araújo, 33, filha de Cidalva.

De acordo com ela, o médico disse que desligaria o aparelho que mantinha o coração da mulher pulsando, para que deixasse de bater no tempo dele. “Às 19h30, aproximadamente, vimos o coração da minha bater pelos últimos segundos. Vimos nossa mãe perder a vida”, chorou.

A família reafirma a hipótese de negligência e omissão contra o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde (IgesDF) e a Secretaria de Saúde.

“Estamos revoltados, pois o único órgão público que nos acolheu foi a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Os demais nunca nos ligaram ou deram qualquer tipo de apoio. A gente reafirma que teve negligência e pede justiça”, ressalta Andressa.

A família apresentou queixa na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). Inicialmente, o IgesDF, responsável pela gestão das UPAs e do Hospital de Base, negou ter havido qualquer falha no atendimento no caso de Cidalva.

“A gente não quer que isso ocorra de novo com nenhuma pessoa. Um ser humano que entra com vida no hospital precisa de ajuda e atendimento médico adequado. Que os órgãos públicos atendam com mais cuidado e atenção, que tenham mais humanidade”, pede a filha da paciente.

O caso

Segundo a família da vítima, em 24 de fevereiro, Cidalva não se sentia bem e foi para a unidade básica de saúde (UBS) de Samambaia, onde foi diagnosticada com dengue. No entanto, não foi internada e recebeu orientação para seguir o tratamento em casa. O quadro não melhorou, a paciente passou a reclamar de dores abdominais e apresentou sangramento pelo nariz.

Em 3 de março, Cidalva foi levada pela família para a UPA de Ceilândia. A família queria acompanhar a paciente, mas não foi autorizada.

De acordo com os parentes da mulher, a equipe de tratamento informou que Cidalva estava com dengue hepática hemorrágica. Debilitada, a paciente tinha dificuldade para caminhar e se alimentar. Por isso, os familiares receberam a autorização para ficar na unidade.

Na manhã do dia seguinte, Andressa deu banho na mãe e ficou assustada com a fragilidade dela. A família, então, pediu a transferência para um leito de hospital. Parentes conseguiram um vaga no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte. No entanto, de acordo com Andressa, a equipe da UPA informou que ela ficaria na unidade, mas na ala vermelha, recebendo o tratamento adequado.

“A gente deixou nossa mãe lá, bem, para se curar de uma dengue. E ela saiu com traumatismo craniano, porque não cuidaram dela. Não cuidaram dela. Deixaram ela pular, segundo eles, por um delírio. Mas, se uma pessoa está com delírio, porque não amarra, não contém, não ficam olhando?”, desabafou Andressa, em entrevista ao Metrópoles, quando a família denunciou o caso.

De acordo com a família, a paciente foi transferida apenas à 0h50 de 10 de março ao Hospital de Base. Chegou ao local por volta das 2h. Na ocasião, os médicos falaram que o estado da paciente era gravíssimo e que ela deveria ter sido intubada logo após a queda.

Cidalva sofreu uma hemorragia cerebral gravíssima, que comprimiu o cérebro dela, segundo exames recebidos por Andressa.

Velório

Cidalva será enterrada nesta quinta-feira (16/3), no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul.

O velório será das 8h30 às 10h30, na Capela 2, e o sepultamento, às 11h.

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