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Terracap gasta reserva financeira para evitar empréstimo bancário

Agência de Desenvolvimento do DF teve despesas de R$ 219 milhões e receita de R$ 74 milhões no primeiro semestre de 2017

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Michael Melo/Metrópoles
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Recuperar a saúde financeira tem sido uma tarefa exaustiva para a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). O resultado do primeiro semestre de 2017, o último disponível, confirma as dificuldades da empresa, que gastou R$ 219 milhões no período, mas teve receita de apenas R$ 74 milhões. O “buraco” de R$ 145 milhões foi preenchido com reservas próprias.

Colocar a mão na poupança evitou uma medida drástica: contrair empréstimo para bancar as próprias despesas. Mas, se a estatal não conseguir reverter o quadro nos próximos meses, terá de recorrer a instituições financeiras, pois o caixa secou.

Segundo fontes da própria Terracap, a empresa chegou a procurar bancos para pedir um crédito de R$ 80 milhões. O valor, no entanto, não teria sido aprovado. Dessa forma, foi preciso recorrer à reserva. A empresa admite os problemas, mas projeta recuperação em 2018.

Não chegamos a pegar empréstimos, mas estudamos a medida. Só não a levamos adiante por acreditar que o ano da virada, do ponto de vista financeiro, será 2018

Luiz Cláudio de Freitas, controlador interno da agência

O otimismo é partilhado pelo presidente da Terracap, Júlio César de Azevedo Reis: “Estamos nos recuperando”.

Balanço Terracap – 1º semestre de 2017 by Metropoles on Scribd

 

Plano de recuperação
A empresa criou um plano de recuperação de suas finanças. Para conter as despesas, trabalhou basicamente com seis itens: redução de 25% nos contratos administrativos; diminuição de sete para quatro diretorias; corte nos cargos comissionados; redução no valor da gratificação dos comissionados, de 80% para 60%; Programa de Demissão Incentivada (PDI); e reestruturação do Fundo de Previdência.

A questão dos servidores é crucial para a Terracap, uma vez que corresponde à maior parte das despesas. No balanço do primeiro semestre de 2017, o gasto com pessoal foi o que mais cresceu entre as despesas da agência. O dispêndio saltou 29,77%, passando de R$ 137.614.526 milhões para R$ 176.578.441 milhões.

Segundo a estatal, a situação se deu principalmente em razão do pagamento de benefícios do PDI, que pretende desligar 199 funcionários até o fim do ano – essa é uma das medidas previstas para reequilibrar as contas.

Equacionar as finanças é uma ação que corre em paralelo a outro eixo crucial: a tentativa de incrementar a receita. Para isso, a Terracap pensou em sete pontos principais: renegociação de dívidas com inadimplentes; conciliação de débitos de carta administrativa; retomada de imóveis (alienação fiduciária); venda direta de imóveis; adensamento da Etapa I, Trecho II, do Taquari; empreendimentos como o Parque Tecnológico Digital do DF (Biotic) e a ArenaPlex; e editais extraordinários.

É a reavaliação dos ativos. Fizemos isso com o estádio [Mané Garrincha] e estamos fazendo com todos os ativos de investimento. Isso é uma obrigação das empresas que tem sido muito recomendada e cobrada no mercado

Júlio César de Azevedo Reis, presidente da Terracap

Alerta dos especialistas
Apesar das medidas anunciadas pela presidência da Terracap, economistas veem com ressalvas o otimismo dos gestores. “A empresa está gastando mais do que arrecada. Vai ter um reflexo lá na frente. Quem assumir o governo [após as eleições de 2018] vai ver que os números não são consistentes”, diz José Simões, professor de administração e políticas públicas do Ibmec-DF.

O docente questiona um ponto apresentado no balanço da Terracap: a inclusão de propriedades da empresa na parte que discrimina os investimentos. A agência computou R$ 217.759.207 milhões em ativos, o que levou a um saldo final positivo de R$ 128.763.265 milhões.

Entre essas propriedades estão os grupos Edifício Residencial Granja do Torto, Prédios (Edifícios Comerciais), as Glebas 3, 5 a 7 e 9 do Setor Habitacional Jóquei e a parte da Fazenda Papuda I. Embora contabilizados como investimento, esses imóveis não geram fluxo de caixa.

Estão em dificuldade e trabalham com a chamada contabilidade criativa. Utilizam as regras para mascarar a realidade do balanço

José Simões, professor de administração e políticas públicas do Ibmec-DF

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