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Teatro Nacional completa cinco anos fechado e está em situação crítica

Problemas se agravaram desde a última inspeção do Tribunal de Contas: há até fezes no local. GDF estuda concessão à iniciativa privada

atualizado

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Julia Bandeira / Especial para o Metrópoles
Prédio público
1 de 1 Prédio público - Foto: Julia Bandeira / Especial para o Metrópoles

No mês em que completa cinco anos fechado, o Teatro Nacional Claudio Santoro se assemelha a um cenário de horror. Tem como cartão de visitas rampas quebradas, mofo, vigas rachadas, infiltrações, cheiro forte de urina e fezes humanas ao longo da área externa. O total descaso com o prédio concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo, é percebido de longe: há usuários de drogas ao redor e quem passa à noite pelas calçadas teme pela própria segurança.

Nem o foyer da Sala Villa-Lobos, reaberto em janeiro de 2018, escapa dos problemas. Parte do teto de gesso cedeu, os banheiros estão mofados, tomadas têm fios soltos, a iluminação é ruim, há infiltrações e paredes rachadas. A previsão inicial do governo anterior era de que seriam necessários R$ 220 milhões para a reforma e restauro completo.

Auditoria do Tribunal de Contas do DF (TCDF) realizada em junho de 2018 e publicada em primeira mão pelo Metrópoles aponta a necessidade de reforma imediata. Durante a vistoria, os auditores relataram ter encontrado “graves falhas no sistema de manutenção, necessitando de reparos urgentes”.

Segundo a Corte, “as portas de acesso à Sala Martins Penna e ao Espaço Dercy Gonçalves estavam quebradas; as vigas estruturais apresentavam rachaduras; havia sinais de infiltração no telhado e nas paredes externas, além de mofo no carpete da Sala Villa-Lobos; os elevadores estavam fora de serviço; e o sistema de ar-condicionado causava insalubridade (soltando lã de vidro)”.

Além disso, os cubos decorativos das paredes externas não tinham a devida impermeabilização, apesar de terem sido recentemente trocados. Constatou-se ainda a precariedade do espaço reservado para o restaurante, no topo do edifício, e dos camarins, que estão em péssimo estado de conservação.

Na sexta-feira (11), a reportagem do Metrópoles foi até o local e verificou que a situação se agravou desde a última inspeção do TCDF: até fezes compõem o cenário do teatro declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1987.

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Da reforma à PPP
Ciente da situação, a Secretaria de Cultura do governo de Ibaneis Rocha (MDB) estuda fatiar a reforma e entregar a primeira parte em 21 de abril de 2020. Existe um projeto desenvolvido pelo arquiteto Ismael Solé, especializado nesse tipo de ação, que prevê a intervenção por etapas.

A primeira fase, que contempla a Sala Martins Penna – com capacidade para 400 lugares – e toda a parte elétrica da edificação, está orçada em R$ 43 milhões. Essa etapa da obra já obteve autorização para captar recursos utilizando a Lei Rouanet.

O governador Ibaneis e o secretário de Cultura, Adão Cândido, têm feito esforços para garantir a captação desse montante junto a patrocinadores a fim de entregar a obra no prazo que estipularam. Até o momento, o GDF angariou R$ 12 milhões.

Em novembro, logo após ser eleito governador do DF, com 69,79% dos votos, Ibaneis Rocha se reuniu com o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Sousa, e conseguiu R$ 12 milhões pela Lei Rouanet. “A reforma do Teatro Nacional é prioridade do Governo do Distrito Federal no que diz respeito à gestão de patrimônio”, informou a Secretaria de Cultura.

PPP
Por outro lado, mesmo com as expectativas de recuperação do espaço com recursos públicos, as equipes da Secretaria de Cultura analisam a possibilidade de incluir o Teatro Nacional no plano de concessões por meio de parcerias público-privadas (PPPs) lançado pelo novo governo. A ideia é viabilizar a segunda fase da obra, estimada em R$ 150 milhões.

Veja fotos de como está o Teatro Nacional por dentro:

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Interdição
Em janeiro de 2014, o Teatro Nacional foi fechado por recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público por não atender a normas de acessibilidade e segurança vigentes. No mesmo ano, a Secretaria de Cultura realizou licitação e posterior contratação do projeto executivo de reforma.

Nos anos seguintes, a crise econômica do país e, em especial, a constatação de uma delicada situação financeira do Distrito Federal, tornaram inviável a realização da obra como um empreendimento único que demandaria a execução do valor integral previsto no projeto.

Nesse contexto, avaliou-se que a melhor alternativa seria a adequação do projeto executivo de forma a permitir a realização da obra em etapas, gradualmente, de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros.

Tal encaminhamento permitiria que, em uma primeira etapa, fosse reaberta a Sala Martins Penna e, em fase posterior, as salas Alberto Nepomuceno e Villa-Lobos e o Espaço Dercy Gonçalves. Mas a obra não se concretizou.

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