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Sindicato dos professores protesta contra volta das aulas presenciais

Sem professores, estudantes ficaram do lado de fora dos colégios, nesta quarta-feira, 1º dia de retorno de aulas 100% presenciais no DF

atualizado

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Rafaela Felicciano/ Metrópoles
Manifestação dos professores contra o retorno das aulas 100% presenciais no DF
1 de 1 Manifestação dos professores contra o retorno das aulas 100% presenciais no DF - Foto: Rafaela Felicciano/ Metrópoles

No 1º dia de retorno 100% presencial das aulas em escolas públicas do DF, professores se reúnem em protesto em frente à sede da Secretaria de Educação, na Asa Norte. O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) chamou a categoria a cruzar os braços no retorno às atividades in loco, após 18 meses de ensino remoto. De outro lado, o governo promete cortar o ponto de quem não comparecer às salas de aula.

De acordo com o sindicato, pelo menos 14 das 686 escolas públicas do DF não abriram as portas nesta quarta por falta de professores. A Secretaria de Educação não confirma esta informação.

A lista inclui, ainda de acordo com o sindicato, a Escola Classe 604 Samambaia; a EC 318 Samambaia; a EC 831 de Samambaia; EC 43 Ceilândia; o Centro de Ensino Fundamental 33 de Ceilândia; o CEF 27, também em Ceilândia; a EC 108 sul, o Caic Unesco em São Sebastião; a EC Vila do Boa São Sebastião, o CEF Chicão, em São Sebastião; o CEF Jataí de São Sebastião; o CEF Bosque, também em São Sebastião; o CEF 8 Sobradinho e o Centro de Ensino Médico Urso Branco, no Núcleo Bandeirante.

A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, acompanhou retorno no Jardim de Infância 4, no Gama. Segundo ela, as aulas presenciais são fundamentais para os estudantes recuperarem a rotina escolar. “Para nós, a volta das aulas 100% presenciais é um sonho”, pontuou.

“O que os alunos estavam vivendo até agora não é a rotina. A rotina é frequentar de segunda à sexta-feira e folgar no final de semana. Então agora vamos fazer o diagnóstico com todos alunos em turma. Inclusive vamos levantar a questão da abstenção, da evasão escolar, do abandono. Nós temos que ir em busca desses estudantes. Não podemos deixar eles para trás”, disse Paranaguá.

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No Centro Ensino Médio 2, no Gama, 20 dos 28 profissionais de educação não compareceram às salas de aula, no turno matutino. No local, que conta com mil estudantes pela manhã, grande parte dos alunos voltou para casa. Poucas turmas tiveram aulas normais. “Não tinha professor. É decepcionante. Nessa pandemia já está difícil demais para aprender as coisas”, comentou um estudante.

Parte dos alunos vive a expectativa pelas provas do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sem aulas, estes alunos temem não conseguir boas notas no ingresso ao ensino superior.

Alguns estudantes ficaram em frente ao CEM 2. “Olha, eu até entendo a paralisação. Mas é a gente que sai prejudicado”, disse um aluno. “A direção não falou nada. Só mandaram a gente ir embora porque não ia ter nenhuma aula”, contou outro estudante. Diante da situação, as turmas pedem mais condições de segurança sanitária e a reposição das aulas perdidas.

O principal motivo de 20 dos 28 professores da escola terem parado é o tamanho das salas de aula do CEM, que não possuem dimensões para manter o distanciamento preconizado caso todos os alunos compareçam. “As salas são apertadas. Temos em média 43 e 45 estudantes, por turma. Não tem como manter o distanciamento, se todos os alunos vierem”, explicou o supervisor pedagógico Camilo Evangelista. Além disso, nem todos os estudantes voltaram para escola nesta quarta-feira.

Demandas

O Sinpro-DF corrobora com o argumento de Camilo Evangélista, do CEM 2 do Gama, e diz que grande parte das salas de aula no DF não tem espaço físico para manter o distanciamento social, com todos os estudantes presentes.

Por volta das 11h30, membros da diretoria do Sinpro e a cúpula da Secretaria de Educação começaram uma reunião na sede da pasta. A categoria defende a volta do modelo híbrido. Por outro lado, o governo diz não haver motivo para a volta do ensino remoto.

A categoria também cobra a aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 na categoria. Para o sindicato, a Secretaria de Educação tomou a decisão de forma unilateral e a medida coloca as vidas da comunidade escolar em risco.

Durante o ato, os sindicalistas também cobraram a testagem preventiva nas escolas em casos de diagnósticos de Covid-19. Para o sindicato, grande parte dos estudantes ainda não recebeu a vacinação completa.

Pelas contas oficiais do governo, foram registrados neste ano, até o momento, 1.756 casos de Covid-19. Deste total, 790 foram estudantes, 453 professores e 513 demais profissionais de educação.

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Pais reprovam

A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) reprovou a paralisação dos educadores. Para os responsáveis pelos estudantes, a interrupção das aulas só prejudica os alunos.

“Todos os alunos têm direito à educação. Ninguém pode negar a eles uma educação pública de qualidade. Por isso, somos favoráveis que a Educação seja considerada essencial, para que situações dessas não ocorram a revelia da comunidade de alunos”, comentou o presidente da Aspa, Alexandre Veloso.

Para a entidade, os professores têm o direito de buscar o diálogo com a Secretaria de Educação, mas não ao custo das aulas. “Agora é o momento de nos unirmos para resgatar os inúmeros alunos que abandonaram as escolas, e que certamente estão em um ambiente sem qualquer segurança sanitária. As escolas são locais de aprendizagem e de trocas sociais”, argumentou.

A Aspa defende que a paralisação registrada nesta quarta reforça a necessidade da aprovação de uma lei distrital ou federal para definir a Educação como atividade essencial.

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