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Servidores e militares das Forças Armadas são maioria entre as 106 vítimas do “casal ostentação”

A associação criminosa, que teria provocado um prejuízo de R$ 90 milhões, ludibriava consumidores com promessa de dinheiro fácil

atualizado

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Reprodução
casal em Paris
1 de 1 casal em Paris - Foto: Reprodução

A onda de golpes aplicada pelo “Casal 20” do estelionato – preso no âmbito da Operação Shark –  deixou um rastro de prejuízos no Distrito Federal. Investigadores da Polícia Civil (PCDF) identificaram, até o momento, 106 vítimas da organização criminosa desarticulada após a ação da Coordenação de Repressão às Fraudes (Corf). A maioria dos alvos era militares das Forças Armadas, pensionistas de militares e servidores públicos em geral.

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Quando a operação foi desencadeada, em  5 de agosto, havia 73 vítimas no DF, mas outras 33 pessoas foram localizadas. Todas perderam grandes quantias em dinheiro após cair no golpe do empréstimo consignado. No final da última semana, a Justiça converteu em preventiva a prisão dos dois casais líderes dos esquema, que estão no Centro de Detenção Provisória (CDP), na Papuda.

O Metrópoles teve acesso a detalhes sobre como os suspeitos torravam a grana amealhada pelas empresas com o que denominavam “consultoria financeira”. A associação criminosa, que teria provocado um prejuízo de R$ 90 milhões, ludibriava consumidores com a falsa promessa de vantagens, oferecendo empréstimos consignados e renegociação de dívidas adquiridas pelas vítimas.

 

Golpe de R$ 60 mil

A reportagem conversou com um dos servidores públicos do DF enganados pelo bando. O auditor fiscal aposentado contou ter assinado três contratos sempre com a garantia que os criminosos teriam, em tese, o fundo garantidor de crédito e que seriam parceiros de uma grande instituição bancária. “Assim que você fazia o empréstimo consignado, ocorria o repasse para a empresa e ficava com até 10% na sua conta com a promessa que eles pagariam o empréstimo. Só que eles pagavam umas seis parcelas e depois paravam”, contou.

O servidor aposentado desconfiou quando viu pela televisão que os escritórios dos golpistas tinham sido alvo de busca e apreensão. Ao todo, a vítima amargou um prejuízo de R$ 60 mil. “Vendi o meu carro para ajudar a pagar o empréstimo que tinha a prestação de maior valor. No entanto, ainda existem outros para serem quitados. Eu fiz esses empréstimos para custear um tratamento de saúde”, lamentou.

A vítima entrou na Justiça e conseguiu uma decisão em que um magistrado bloqueou parte dos recursos que estavam na conta dos criminosos. “Estou na esperança de saldar boa parte do prejuízo. Tenho dois empréstimos que estou pagando e estou rezando para o juiz liberar o dinheiro bloqueado para minha conta”, disse.

Líderes do esquema

O casal líder do esquema, Deia Campos Mesquita, 38 anos, e Wilber Mesquita Campos, 40, deixou o bairro humilde da Taquara, na zona oeste do Rio, para pagar R$ 12,5 mil mensais pelo aluguel de uma mansão em um dos condomínios mais exclusivos da Barra da Tijuca, bairro nobre da capital fluminense. A mansão avaliada em R$ 6 milhões era apenas um dos mimos dos dois.

O dinheiro fácil fez com que o “Casal 20” dos golpes investisse pesado numa transformação estética. Fotos de Deia e Weber publicadas nas redes sociais de ambos quando ainda moravam em uma casa humilde no subúrbio são completamente diferentes de outras, postadas durante viagens pela Europa e pelo Caribe.

Tratamentos capilares, banhos de loja, cirurgias plásticas e harmonização facial ajudaram a deixar para trás a antiga imagem, sem tanto glamour. Nas fotos e nos vídeos, o casal faz questão de ostentar viagens para cidades como Paris ou passeios por ilhas no Caribe. Roupas de grife, relógios de marcas sofisticas e carros importados também passaram a figurar no álbum de fotografias de Weber e Deia.

O outro casal que integrava a cúpula da empresa golpista, Thaísa Assis dos Santos, 26 anos, e Ygor Campos Rodrigues, 31, seguiam a mesma rotina de ostentação da dupla comparsa. Ambos também gostavam de desfilar com roupas de grife, cuidar da estética e morar em mansões alugadas em bairros nobres da cidade.

A operação

Segundo a delegada Isabel de Moraes, os principais integrantes da associação criminosa elevavam o patamar da qualidade de vida conforme os golpes aumentavam. “Era grande a sensação de impunidade que os autores nutriam, pois não faziam a menor questão de esconder a ascensão financeira conquistada à custa de golpes milionários aplicados nas vítimas”, explicou.

No último dia 5, a operação foi deflagrada contra a organização criminosa que atuava no DF, Rio de Janeiro, em São Paulo e Pernambuco. Um grupo de empresas que se dizia de “consultoria financeira” enganava consumidores com a falsa promessa de vantagens. As investigações começaram em 2020, quando foi detectada a movimentação de cerca de R$ 90 milhões no decorrer de um ano.

A Corf já identificou cerca de 70 vítimas, havendo várias reclamações em sites especializados. Os prejudicados até criaram páginas nas redes sociais para denunciar os golpes. Os policiais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão temporária na região central de Brasília (SRTVS e SCN), na cidade do Rio de Janeiro (Centro, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Taquara, Engenho Novo, Guadalupe) e em Nova Iguaçu (RJ).

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