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Seguro pré-pago para automóveis é novidade de startup brasiliense

Sistema usa inteligência artificial para oferecer propostas sob demanda. A expectativa é de economia de 80% em relação ao seguro tradicional

atualizado

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Walterson Rosa/ Especial para o Metrópoles
Seguro online
1 de 1 Seguro online - Foto: Walterson Rosa/ Especial para o Metrópoles

A insatisfação com o valor dos seguros tradicionais motivou motoristas brasilienses a escolher um novo tipo de serviço pré-pago. Com a ponta dos dedos, qualquer pessoa pode “ligar e desligar” a proteção veicular pelo Facebook e pagar apenas pelo tempo utilizado. Com a ajuda da tecnologia, a opção tornou-se mais econômica para os usuários. 

O sistema de inteligência artificial foi criado pela startup brasiliense Onsurance. O atendimento é feito por um robô virtual, no Facebook Messenger. Se faltar internet, o cliente pode ligar para o 0800 da empresa.

A ferramenta na rede social oferece um botão “proteção on”, que pode ser acionado pelo contratante. Também é possível programar o horário de funcionamento. O próprio smartphone do motorista é utilizado para garantir à empresa que ele estava com o serviço ativado na hora de um acidente, por exemplo.

“A gente consegue saber tudo sobre um acidente com o hardware do celular. Dependendo do sinistro, o guincho é acionado automaticamente e o cliente é avisado por mensagem de texto”, contou o fundador e CEO da empresa, Ricardo Bernardes, de 42 anos.

Investimentos
O valor mínimo de ativação é de R$ 999 na primeira carga, para veículos que valem até R$ 40 mil, e os descontos são feitos por minuto. Para automóveis mais caros, o crédito inicial é equivalente a 2,5% do preço do modelo na Tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A compra de créditos está disponível nas plataformas on-line, com possibilidade de pagamento no cartão de crédito e no débito. Para um carro de R$ 30 mil, são descontados R$ 0,004 (quatro milésimos de real) por minuto, por exemplo. As franquias são semelhantes às praticadas por seguradoras convencionais.

O empreendedor Ricardo Timóteo sempre teve seguro automotivo tradicional. Dono de um Ford Ka, não gostava do valor anual, de R$ 2.200. Com um mês usando a novidade, o cliente utilizou R$ 64 de crédito para proteger o carro durante aproximadamente oito horas por dia. Se esse padrão continuar, a economia pode ser superior a 65% por ano, cerca de R$ 1.432 a menos.

“Eu sempre tive o seguro tradicional. Como ficou muito caro, eu optei pelo seguro on-demand. A ideia é bem bacana, mas só vou ver se vai funcionar mesmo quando houver uma batida”, afirmou.

Walterson Rosa/ Especial para o Metrópoles

Economia
Usuária do serviço desde o início do ano, a bióloga Karenina Borba liga a proteção quando vai para o trabalho, no Setor de Indústrias Gráficas, onde não há estacionamento, e desliga quando chega ao prédio onde mora, na Asa Norte. Proprietária de um Renault Sandero, ela escolheu não contratar o seguro anual, de R$ 1.200. Considerando o tempo que ela vai deixar o serviço desligado, vai haver economia anual superior a 20%.

Estou gostando bastante, porque está sendo bem prático. A probabilidade de entrarem no prédio onde moro é muito baixa, então o valor compensa. Para o meu carro, o crédito inicial vai durar mais de um ano

Karenina Borba, bióloga

jornalista Flávia Pires, dona de um Chevrolet Agile, ficou insatisfeita com o atendimento da antiga seguradora. Cliente há anos, não foi avisada sobre a data de vencimento do contrato. O valor anual da cobertura para 2018 seria de R$ 2.500. “Eu achei a ideia genial. É uma possibilidade para repensar o consumo. É justo você pagar só quando usa. Onde eu me sinto segura, desligo.”

Criação e expansão
Ricardo Bernardes é empreendedor desde os 17 anos. A partir de uma necessidade própria, ele convidou o sócio, Adilair Silva, para iniciar o negócio. “Eu precisava de algo sob demanda para uma outra startup e não encontrei como queria. Aí constatei que era uma dor comum das pessoas”, contou.

A Onsurance funciona, desde novembro de 2017, no IESB Lab, em Brasília. Menos de um ano depois da criação, a empresa tem mais de 1 mil usuários em todo o Brasil, segundo o CEO. 

No final de agosto, ela ficou entre os 12 destaques do InovAtiva Brasil, um programa de aceleração de startups promovido pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com execução da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI).

Divulgação / Onsurance

Segundo Bernardes, o negócio funciona com base na economia colaborativa. Quanto maior for a base de clientes, maior a garantia de proteção. “Do total de cada carga, 55% do dinheiro vão para um colchão de proteção”, garantiu. Em agosto, os sócios criaram uma empresa nos Estados Unidos e passaram a oferecer títulos aos investidores. “O que nos dá garantia em caso de sinistros maiores”, completou o empreendedor.

Mais tecnologia
Um dispositivo que está em teste por alguns usuários pode tornar o sistema mais inteligente. O aparelho é plugado numa porta do carro e monitora o comportamento do motorista no trânsito. O objetivo é oferecer um preço mais baixo por minuto para quem tiver mais prudência na direção. 

“Ele promove a telemetria completa do veículo. Dá para saber como o motorista faz frenagem, se faz curvas fechadas ou se dirige acima da velocidade”, afirmou Bernardes. De acordo com o fundador, o dispositivo também vai ajudar a localizar os veículos em casos de furto ou roubo. Outra possibilidade é ativar o seguro assim que o carro for ligado, se for opção do cliente.

Mercado formal
O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro do Distrito Federal (Sincor-DF), Dorival Alves de Souza, disse que não considera as opções alternativas uma concorrência, mas sim a busca de modernização do produto. “É uma operação que não está ainda regulamentada, então pode induzir o usuário ao erro. A figura do corretor de seguros traz uma tranquilidade maior.”

Na opinião do presidente, as empresas tradicionais ainda não estão preparadas para ofertar um serviço baseado em tecnologia. “Tudo caminha para que seja mais fácil, simples e dinâmica a distribuição do produto no mercado, mas ainda estamos patinando”, admitiu.

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