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PM quer viaturas seguras e prevê mudanças em futuras licitações

Subcomandante da corporação ressalta que os últimos processos de aquisição de veículos não exigiam as condições ideais de segurança para os militares

atualizado

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Polícia Militar/Divulgação
Viatura da PM
1 de 1 Viatura da PM - Foto: Polícia Militar/Divulgação

Os recorrentes acidentes com viaturas da Polícia Militar — que culminaram em uma fatalidade em fevereiro — estão entre as preocupações do órgão no processo de elaboração da nova licitação para a compra de veículos. E também trouxeram à tona uma realidade dentro da corporação: até hoje, a segurança dos policiais não foi levada em conta na hora de adquirir viaturas. O tema foi discutido em uma audiência pública na Câmara Legislativa nesta quarta-feira (30/3).

Segundo especialistas da própria PM, os atuais veículos, adaptados para o serviço, não atendem exigências de segurança e ergonomia, causando acidentes e problemas de saúde aos servidores. O comando da instituição assumiu que não houve regras rígidas nas últimas licitações e, agora, busca uma parceria internacional para sanar o problema.

Um dos convidados ao palanque foi o instrutor de pilotagem da PM, major Iranildo Claudino, que afirmou não haver veículos adequados no mercado nacional. “Atualmente, só contamos com carros adaptados, que não oferecem resistência para o uso severo ou condições de conforto, espaço e segurança para os servidores”, explicou o militar, formado instrutor em uma escola para policiais do estado de Michigan, nos Estados Unidos.

A médica da corporação major Clênia Farias corroborou a afirmação. A especialista mostrou estudos realizados com policiais mostrando que os veículos usados não oferecem ergonomia adequada, gerando consequência na saúde dos policiais. “Eles ficam até 12 horas no carro. Sem boas condições, passam a ter problemas na coluna e nos joelhos, levando ao alto número de atestados médicos”, analisou.

Exemplo para o futuro
Além dos problemas nas viaturas atuais, algumas soluções foram apresentadas na reunião. O coronel Rômulo Pires, do Corpo de Bombeiros do DF, mostrou que é possível estabelecer normas mais rígidas na compra de equipamentos. O caminho, segundo ele, é buscar alternativas que atendam às necessidades, mesmo que estejam em outros países. Em 2011, os bombeiros adquiriram 30 caminhões americanos para o combate a incêndios. “É preciso ir atrás de veículos concebidos para a atividade e que sigam normas nacionais e internacionais”, explicou.

O subcomandante da Polícia Militar do DF, coronel José Leandro Sant’Anna, reforçou que são necessárias mudanças no processo licitatório. “Até agora, aspectos burocráticos, de orçamento e mesmo de cultura fizeram com que as licitações não incluíssem pontos importantes para a segurança e a saúde dos policiais. Mas não dá para fazer um serviço de qualidade com equipamentos mais ou menos. A população espera que estejamos bem aparatados”, afirmou.

O próprio Sant’Anna esteve em Michigan, referência na formação de condutores policiais, segundo o representante da PM, em maio do ano passado. Na visita, ele teve contato com centros de pilotagem e de teste das viaturas. “Lá, eles testam o carro por um mês. Se não atender às necessidades, não compram”, conta.

Parceria
Segundo o subcomandante, a intenção é fazer nova viagem ao local ainda neste ano, desta vez, para firmar uma parceria de cooperação e adquirir conhecimentos para fundamentar as exigências técnicas nas próximas licitações. Por enquanto, não há previsão certa de novas compras, mas um estudo de registro de preços deve ser apresentado na próxima semana para a cúpula da PMDF.

A discussão sobre a importância de veículos específicos para a polícia ganhou força com os últimos acidentes envolvendo carros da corporação. O mais emblemático foi o do cabo Renato Fernandes da Silva, que morreu no dia 5 de fevereiro durante uma perseguição na BR-070, perto de Águas Lindas (GO), após a viatura em que ele estava capotar.

Parte dos policiais apontaram a instabilidade do carro, um utilitário da Mitsubishi, como fator preponderante no capotamento. A PMDF conta com 378 unidades do modelo, sendo que 34 apresentaram problemas ou sofreram acidente, conforme afirmou o subcomandante da instituição, coronel José Leonardo Sant’anna.

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