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Polícia Militar do DF suspende folga e licença da tropa nas Olimpíadas

A associação da categoria se posicionou contra medida e promete entrar na Justiça para derrubar a determinação, que considera abusiva. Proibição vale para o período de 20 de julho a 20 de agosto. DF vai receber 10 jogos de futebol

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
PM polícia militar
1 de 1 PM polícia militar - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Uma circular publicada pelo comando da Polícia Militar determina que os PMs tenham folgas e licenças suspensas no período de 20 de julho a 20 de agosto, durante as Olimpíadas. A determinação, emitida pelo subcomandante geral, Leonardo Sant’anna, foi publicada nessa terça-feira (28/6) no mesmo dia em que o áudio do deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) vazou. Na gravação, o parlamentar propõe que os policiais façam greve durante os jogos olímpicos. Na competição, Brasília vai receber 10 jogos de futebol no Mané Garrincha, com previsão de 300 mil turistas na cidade. Dados não oficiais revelam que há um déficit de quase 7 mil PMs no DF.

A Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal (Aspra) se posicionou contra. O presidente da entidade, João de Deus, afirmou ao Metrópoles que vai recorrer à Justiça contra a determinação, que considera abusiva. “Esse ato é uma medida arbitrária, não estamos em período de escravidão”, defendeu.

Para João de Deus, o policial que trabalha nessas condições cria um quadro psicológico delicado. “O Estado lhe tira o direito de amparar a sua família. Muitos precisam cuidar de filhos e esposas que estão enfermos. Isso é um tamanho absurdo. Repudiamos veementemente essa circular”, concluiu.

A Polícia Militar justifica a necessidade do efetivo em virtude dos diversos eventos que ocorrerão na capital do país. Na circular destaca, ainda, que os planejamentos operacionais estão sendo feitos levando em consideração o número máximo de militares disponíveis. Medidas semelhantes foram adotadas durante a Copa do Mundo, em 2014, e também geraram descontentamento.

De acordo com os documentos, foram suspensas as licenças especiais, para tratamento de interesse particular, reprogramação de férias, marcação de abono de ponto anual, bem como outras dispensas do serviço. As únicas exceções são para aqueles que já agendaram folgas.

 

Reivindicações
A circular é mais um ingrediente na conturbada relação entre os policiais militares e o Palácio do Buriti. A categoria quer reajuste salarial de 27,9% e também já se manifestou contra o comando da Secretaria de Segurança, cuja titular da pasta é a psicóloga Márcia de Alencar. Os PMs reclamam, também, das condições de trabalho. Alegam que vão para as ruas com coletes balísticos vencidos e viaturas sem condição de rodar.

Além disso, enfrentam problemas com o plano de saúde, já que apenas dois hospitais da cidade atendem os cerca de 80 mil policiais militares e seus dependentes.

Um policial ouvido pela reportagem falou sobre a insatisfação dos praças e oficiais da PM. “Cresce a cada dia a desmotivação que vai desembocar em uma nova operação, semelhante à de 2012”, referindo-se à Operação Tartaruga. O PM pediu para não ser identificado.

Reajuste
Apesar do descontentamento, a Aspra se posicionou de forma contrária à proposta do deputado Fraga de a categoria cruzar os braços durante as Olimpíadas. “Faltar ao trabalho não vai resolver nada. É preciso ampliar o debate entre o governo e os representantes da classe. De fato, o governador está demorando demais para resolver este assunto, mas temos outras formas de pressionar. Infelizmente, isso só deixa a segurança pública ainda mais fragilizada”, explicou João de Deus. A Polícia Militar ainda não se posicionou oficialmente sobre o áudio.

No vídeo de pouco mais de 30 minutos, Fraga diz que, para os militares conseguirem o reajuste de 27,9% e melhorias no plano de saúde, é necessário fazer uma paralisação e que os Jogos Olímpicos são uma boa oportunidade.

Ao Metrópoles, o deputado afirmou estar indignado com as condições que têm sido dadas aos policiais, com a mortes que vêm ocorrendo frequentemente e a falta de atitude, especialmente do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), por não ter mandado ao governo federal a proposta de reajuste.

“Se até o dia 4 de julho não tiver, por parte do governador, o encaminhamento ao governo federal de reajuste salarial para os policiais ao governo, eles não podem, mas vou encabeçar um movimento de paralisação no período das Olimpíadas”, afirma Alberto Fraga, que critica: “Quando há greve de outras categorias ninguém se importa, mas quando é a Polícia Militar todo mundo condena”.

 

 

 

 

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