Exclusivo. Exército cerca Presídio Federal de Brasília após plano de fuga de Marcola

As informações sobre o plano de resgate do líder do Primeiro da Comanda da Capital (PCC) partiram de São Paulo

Mirelle Pinheiro
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Um plano de resgate do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, no Presídio Federal de Brasília, fez com que os ministérios da Justiça e da Defesa fechassem um acordo para intensificar a segurança do complexo, localizado em São Sebastião. Militares do Exército Brasileiro foram direcionados para a penitenciária de segurança máxima, onde estão de prontidão, com carros blindados, desde as primeiras horas dessa quinta-feira (19/12/2019).

Fontes do Ministério da Justiça ouvidas pelo Metrópoles afirmam que se trata de uma medida preventiva para mostrar a força do Estado, e que não há motivo para alarde. As informações sobre o plano de resgate partiram de São Paulo. O estado é berço da facção criminosa. Marcola foi transferido para capital federal em março sob forte aparato policial.

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Marcola cumpre pena no Presídio Federal de Brasília
Servidores do Depen vão operar os blindados
Andre Borges/Esp. Metrópoles Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram. Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente. Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre o Distrito Federal por meio do WhatsApp do […]
Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes
Os blindados serão usados para manter a segurança no perímetro do presídio federal
O presídio mantém encarcerados alguns dos presos mais perigosos do país
Os criminosos estariam aguardando o aval de Fuminho para colocar o plano em prática
Marcola e outros presos foram trazidos em avião da FAB para Brasília em março de 2019
Comboio para levar Marcola ao Presídio Federal de Brasília em fevereiro de 2019
Esquema especial de segurança foi montado para receber a liderança do PCC
Na época, ruas foram fechadas para passagem do comboio

Há indícios de que o suposto resgate já estaria pago e seria feito pelo traficante internacional Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho. Ele é um dos principais nomes do PCC que está solto e atua nas ruas.

De acordo com informações, os criminosos estariam aguardando o aval de Fuminho para colocar o plano em prática. O PCC teria reunido um verdadeiro exército de alto nível e com criminosos que possuem conhecimento militar e de armamentos. A facção já teria mapeado os arredores do complexo penitenciário em Brasília com o uso de drones.

O Ministério da Justiça foi procurado, mas informou que, inicialmente, não vai se manifestar sobre o caso. Todas as informações da reportagem foram apuradas pelo Metrópoles com fontes envolvidas na operação. Em nota, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) negou que haja plano de fuga e informou que a movimentação de tropas do Exército na área do presídio federal é decorrência de obras de fortificação que estão sendo realizadas na unidade prisional.

Líder
Marcola foi preso pela primeira vez pela polícia paulista no final da década de 1990, por roubos a carros-fortes e bancos. Já na prisão, também foi condenado por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio.

Recentemente, a Justiça o condenou a 30 anos de prisão no processo da Operação Ethos, que investigou o setor jurídico da organização criminosa. Com essa decisão, o total das penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.

Para justificar a transferência de Marcola do presídio de Presidente Venceslau para Brasília, promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que o PCC planejava resgatá-lo. De acordo com eles, foram gastas dezenas de milhões de dólares no plano, investindo em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal.

Desconforto 
A chegada dele ao Presídio Federal de Brasília, em março deste ano, causou mal-estar entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governador Ibaneis Rocha (MDB), contrário à permanência de lideranças de facções no Distrito Federal. À época, o emedebista mostrou-se preocupado com a segurança da capital da República, já que familiares e integrantes dos grupos criminosos se instalariam na cidade para ficarem mais perto de seus comandos.

O líder da organização criminosa paulista foi trazido de Rondônia com outros três presos para o presídio do DF no mesmo dia que a Polícia Civil deflagrou uma operação e prendeu oito pessoas acusadas de fazerem parte do PCC na capital.

Presídio novo
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. O presídio conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.

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O presídio federal foi inaugurado no DF em outubro de 2019
A unidade prisional, gerida pelo Depen, abriga três integrantes da cúpula do PCC
Na cadeia federal, os presos cumprem o chamado regime disciplinar diferenciado (RDD)
Durante o banho de sol, toda a movimentação é acompanhada também por videomonitoramento
Os presos federais recebem apenas a visita de seus advogados
Criminosos perigosos estão no DF
A cúpula da Segurança Pública do DF quer evitar a vinda de líderes de facções criminosas

Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes. Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), o sistema conta com equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

Cada preso fica em uma cela individual de 6 m² e tem direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos podem visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares têm acesso ao pátio. É proibida a entrada de televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.

Os presídios federais cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP) e começaram a ser construídos em 2006. As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios, de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

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