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Em nota, delegados do DF voltam a acusar PMs de usurpação de função

Desta vez, Adepol-DF e Sindepol-DF criticaram o comportamento da corporação irmã após confusão na última sexta (7/4)

atualizado

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confusão PMDF PCDF
1 de 1 confusão PMDF PCDF - Foto: Reprodução1

A constante troca de farpas entre as polícias civil e militar do DF parece não chegar ao fim. Agora, são os delegados da PCDF que criticam a corporação vizinha, ainda em relação à confusão que ocorreu na última sexta-feira (7/4), no Recanto das Emas, e acabou com agentes e militares trocando acusações na 27ª Delegacia de Polícia. Na ocasião, PMs foram acusados de invadir uma residência e fazer apreensões sem autorização.

Em nota conjunta divulgada nesta quarta (12), a Associação dos Delegados de Polícia do DF (Adepol-DF) e o Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepol-DF) voltam a reforçar o argumento de que a PMDF tem usurpado as funções da Polícia Civil.

“O que observamos é o comando da PMDF desviar grande parte dos seus recursos da atividade fim (patrulhamento) para um ‘serviço velado’ que, sob o argumento de auxiliar o patrulhamento, vem exercendo ilegalmente atividades de investigação, próprias da Polícia Civil, com graves prejuízos às investigações legítimas, levadas a efeito pelo órgão competente (PCDF)”, diz a nota.

O ponto de partida para a declaração das entidades foi uma nota divulgada pela Associação dos Oficiais da Polícia Militar (Asof) no último domingo (9), que defendia a atuação da equipe da corporação no caso. O texto dos militares, nomeado “Fratricídio” — matança entre dois povos da mesma raça –, afirma: “Impulsionados pelo desespero, elegendo o inimigo errado, alguns policiais civis tem promovido uma infeliz e infundada guerra contra policiais militares, encampando ataques sistemáticos que beiram a esquizofrenia”.

“Fracasso”
Ainda na nota, os militares classificam como “fracasso” a atual repressão da PCDF à criminalidade e afirmam que a situação é causada por problemas como “movimentos grevistas sem apelo popular e judicialmente rechaçados, índices pífios de resolução de crime, um diretor de comunicação verborrágico, alguns delegados precisando de tratamento nos dizeres da própria direção geral, irresponsabilidade reiterada de determinados dirigentes sindicais”.

Na resposta divulgada hoje, a Adepol e o Sindepol criticam o posicionamento da Asof: “Ressaltamos que a incoerência da nota vergastada não é só jurídica, mas também lógica, pois, para quem (ASOF) acusa Delegados de Polícia e representantes sindicais da PCDF por ‘manifestações apressadas, desconectadas da realidade e desprovidas de respeito’, as afirmações contidas na nota de repúdio em referência nos parecem padecer dessas mesmas características”.

As entidades também culpam a PMDF pelos atuais atritos entre as corporações: “O manifesto anseio da Polícia Militar de avançar sobre as competências da Polícia Civil é, na realidade, a força motriz dos recentes atritos entre os seus integrantes e não contém qualquer face fraterna, como pretende fazer subentender a ASOF. Pelo contrário, o comando da PMDF vem flagrantemente se aproveitando de momentos de fragilidade da coirmã, como o atual movimento de reivindicação, para incrementar as ações de avanço sobre as competências da PCDF”.

Confira abaixo a nota na íntegra:

Nota da Adepol-DF e do Sindepol-DF critica PM by Metropoles on Scribd

Entenda o caso
As tensões entre as polícias civil e militar vêm se acirrando já há algum tempo e, na última sexta-feira (7), tiveram uma nova erupção. Tudo teve início depois que três PMs entraram em uma casa no Recanto das Emas a procura de armas. Segundo a corporação, uma equipe de inteligência foi acionada para monitorar o local após receber denúncia. A PMDF alega ainda que os policiais só entraram no local após ouvirem disparos de arma de fogo.

A versão contada pela Polícia Civil é diferente. Segundo a corporação, agentes da 27ª DP já monitoravam a casa e presenciaram o momento em que os PMs adentraram o local sem autorização. A versão é corroborada por uma testemunha que foi ouvida na delegacia.

Um vídeo divulgado pela PMDF, no entanto, mostra um policial pedindo permissão para entrar na casa. Após a confusão, todos foram levados à 27ª DP, mas os militares saíram antes de prestarem depoimento e passaram a ser procurados.

No sábado (8), o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) determinou o relaxamento das prisões dos três e o encaminhamento do caso à Corregedoria da PMDF. Na decisão, o juiz responsável pelo processo afirma: “É sabido que a polícia, seja militar ou civil, age às vezes por meio de comunicação de populares e, portanto, havendo notícia de prática de crime, a PMDF nada mais fez do que cumprir a sua missão constitucional de averiguar a existência ou não de flagrante por parte de civil”.

 

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