metropoles.com

Falta de limpeza compromete atendimento nos centros de saúde do DF

Com nova distribuição de equipes, Saúde deve poupar R$ 10 milhões, mas, sem a devida higienização, há procedimentos que não podem ser feitos

atualizado

Compartilhar notícia

JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles
Brasília (DF), 20/06/2018  – Evento: Lançamento da obra da Unidade Básica de Saúde  –  Local planaltina, Taguatinga e Estrutural  Foto: JP Rodrigues/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 20/06/2018 – Evento: Lançamento da obra da Unidade Básica de Saúde – Local planaltina, Taguatinga e Estrutural Foto: JP Rodrigues/Metrópoles - Foto: JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles

As unidades básicas de saúde (UBSs) do DF estão com equipes de limpeza reduzidas desde essa segunda-feira (18/6). A medida, segundo a Secretaria de Saúde local, atende recomendação do governo federal e vai gerar economia de R$ 10 milhões, a cada semestre, aos cofres públicos. No entanto, a falta da devida higienização nesses locais já compromete o atendimento prestado à população: alguns procedimentos foram interrompidos e profissionais do setor temem a proliferação de bactérias e infecções nos estabelecimentos. Sindicatos da área prometem recorrer ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para regularizar a limpeza das UBSs.

A mudança teve impacto significativo em algumas unidades. No Centro de Saúde nº 7, de Taguatinga Norte, a equipe de limpeza foi desmontada. Três dos quatro funcionários do setor acabaram dispensados. “Como vou dar conta de limpar tudo sozinha?”, questionou a funcionária que sobrou.

Segundo servidores de outros departamentos que pediram para ter os nomes mantidos em sigilo por temerem represálias, a mudança na área de limpeza prejudicou alguns atendimentos. Curativos e prevenção ginecológica já foram suspensos por causa da sujeira nas dependências da unidade. A Secretaria de Saúde, no entanto, diz não ter sido informada sobre nenhuma suspensão de segunda-feira para cá.

No Centro de Saúde nº 1 da Estrutural, a equipe de limpeza sofreu redução semelhante, passando de cinco para apenas dois funcionários. Em outras duas unidades, que funcionam em um mesmo prédio no Guará, o deficit foi ainda maior. Antes, tais grupos de trabalhadores contavam com 10 pessoas. Agora, há apenas duas.

Já no Recanto das Emas, segundo denúncias recebidas pelo Metrópoles, por causa da mudança dos prestadores de serviço, os materiais de limpeza pertencentes à empresa anterior foram recolhidos, e a nova responsável ainda não efetuou a reposição. De acordo com a Secretaria de Saúde, essa situação é pontual e deverá ser normalizada até esta quinta-feira (21).

Confira imagens da sujeira acumulada nas UBSs: 

0

 

Trabalhadores em alerta
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a mudança ocorreu por força de instrução normativa federal que alterou a forma de contratação dos prestadores de serviço. A partir de agora, as empresas que participam do processo licitatório com os Executivos locais realizam uma espécie de avaliação da área física e de quantos funcionários seriam necessários para realizar a limpeza de cada local.

Apesar de dizer que a ordem veio “de cima”, do governo federal, a Secretaria de Saúde do DF comemora economia de R$ 10 milhões por semestre no orçamento previsto para custear o serviço de limpeza das unidades públicas locais. Com a medida, a cada seis meses, as três empresas escolhidas receberão R$ 69 milhões do Governo do Distrito Federal (GDF): antes, o gasto por igual período era de R$ 79 milhões.

“É um absurdo deixar as condições de trabalho dessa forma. Diminuir as equipes de limpeza, causando risco de infecção e desassistência”, avalia o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (Sindmédico/DF), Carlos Fernando da Silva. Segundo ele, a entidade deve protocolar denúncia no MPDFT com o objetivo de o GDF ser obrigado a reconstituir tais grupos de trabalhadores.

O Sindicato dos Servidores da Saúde do Distrito Federal (SindSaúde/DF) também protestou contra a alteração do serviço. “O estado de caos instalado na saúde do DF é resultado de uma política nociva e retrógrada. É propagada uma falsa ideia de economia, mas os contratos estão cada vez mais onerosos”, afirma a presidente da entidade, Marli Rodrigues. “A diminuição dos postos de trabalho é uma cortina de fumaça lançada pelo governo para encobrir a real intenção dessa precarização, que é a terceirização”, acusou.

Nova obra em Planaltina
Apesar de o serviço prestado nos mais de 300 postos de saúde do DF estar comprometido por falta de higienização dos ambientes, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), lançou na manhã desta quarta-feira (20/6) a obra de uma nova unidade, no Setor Norte de Planaltina. A construção está orçada em pouco mais de R$ 2,5 milhões e deve ser concluída ainda neste ano, segundo o GDF.

Moradores, contudo, reclamaram da demora para o governo atender a comunidade. “Aqui, em Planaltina, o governo faz festa para inaugurar obra, quebra-molas, calçada. Foram quatro anos no poder, mas só se lembraram da gente agora”, desabafou a secretária Yasmin Luara, 21 anos, moradora da região.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?