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Liminar da Justiça suspende escolha das comissões zonais do PSDB-DF

A 19ª Vara Cível entendeu que o estatuto da legenda foi desrespeitado pelo partido que tem como presidente o deputado federal Izalci Lucas

atualizado

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A Justiça do Distrito Federal tornou sem efeito as decisões tomadas na reunião do PSDB-DF que escolheu as comissões provisórias das zonais da legenda. A medida, porém, não tira o deputado federal Izalci Lucas do comando do partido. Isso porque a Executiva Nacional da sigla renovou por mais 120 dias, prorrogáveis por igual período, a gestão do tucano como interventor, ato que não foi questionado na ação analisada pelo juiz Renato Castro Teixeira Martins, da 19ª Vara Cível.

“O que se vê a partir da ata da reunião, ao menos em cognição superficial, é que a principal finalidade do ato era a ‘recomposição do partido relativo aos diretórios zonais, nomeando-se comissões provisórias de 19 zonais, por um prazo de 120 dias, prorrogável por igual período’, destacou o magistrado ao suspender, em caráter liminar, as deliberações tomadas.

O revés ocorreu no dia em que Izalci reuniu correligionários e aliados em um almoço (foto abaixo) para demonstrar que tem apoio de políticos como o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) e o postulante ao GDF em 2018 Alírio Neto (PTB).

A medida judicial decorre de uma briga interna entre os tucanos da capital federal. Adversários como o autor da ação, o distrital Robério Negreiros, acusam Izalci de manobrar para se manter no comando do partido.

Em 26 de setembro, o deputado federal promoveu reunião extraordinária da Comissão Executiva Regional Provisória do PSDB-DF. Na ocasião, foram escolhidos os integrantes das zonais.

Almoço nesta segunda (9/10) reuniu Izalci, Fraga, Filippelli e Alírio, entre outros aliados

 

Segundo o advogado Felipe Aires Coelho, que representa Robério Negreiros, Izalci convocou o encontro por meio de e-mail institucional enviado depois das 21h do dia 25, avisando da reunião na manhã do dia seguinte. Na avaliação de rivais, a medida tinha o objetivo de evitar que opositores de Izalci participassem da votação que escolheria o comando provisório do PSDB-DF até que as eleições definitivas — que ainda não têm data — fossem realizadas.

“Há meses o diretório nacional fixou um calendário eleitoral, mas o deputado Izalci tem dificultado o pleito para os demais postulantes à presidência. Ele vem se negando a divulgar o cadastro dos filiados, apesar de já haver uma decisão judicial em relação a isso. O que ele quer é se manter no poder sem disputar a eleição”, criticou o advogado Felipe Aires Coelho.

O defensor ainda acusou o deputado federal de ter colocado oito servidores do gabinete dele entre os 15 membros que foram eleitos.

Decisão PSDB-DF by Metropoles on Scribd

 

Outro lado
Procurado pelo Metrópoles, Izalci nega que esteja prejudicando os opositores. Segundo ele, a convocação depois das 21h ocorreu por conta de uma viagem. “Estava no Rio de Janeiro, em uma feira de tecnologia. Ia chegar em Brasília lá pela 0h e, antes de pegar o voo, determinei que fosse convocada a reunião. Prova disso é que Virgílio (Neto) foi e os outros também. Só o Robério não apareceu”, disse.

Para Izalci, a medida judicial que anula as deliberações da reunião do dia 26 não tem efeito prático, uma vez que uma decisão da Executiva Nacional, capitaneada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o manteve no comando da sigla no DF.

Reprodução

 

O deputado se vê alvo de ações que teriam inclusive a participação do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Nas últimas eleições, sempre ‘entregavam’ o PSDB para alguém de última hora. Tem gente dentro do partido com negócios com o governo, contratos milionários. O governador quer conquistar o PSDB de qualquer jeito e tem gente que quer se aliar porque vai se beneficiar disso, mas desta vez seremos protagonistas nas eleições de 2018.”

Parentes na folha do partido
As desavenças no PSDB passam até mesmo pela estrutura de empregos na sigla. Conforme o Metrópoles noticiou, o parlamentar emprega parentes e contrata empresas de familiares para prestar serviços ao partido.

Embora a prática não seja ilegal, uma vez que as legendas são entidades de natureza privada, as benesses aos aliados de Izalci inflamaram ainda mais os ânimos dentro do PSDB-DF.

 

(*) Essa matéria foi atualizada às 12h50 por ter sido publicada anteriormente com erro. Ao contrário do divulgado, a decisão da Justiça não atinge a gestão de Izalci Lucas à frente da presidência do partido no DF, uma vez que a sua permanência é decisão da Executiva Nacional da legenda, tomada no dia 4/10.

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