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Perigo à mesa: 30% da carne consumida no Brasil é clandestina

Dados da Organização Não-Governamental Amigos da Terra. O preço, que chega a ser 40% mais em conta, garante o sucesso do negócio. Mas o consumo do produto impróprio pode até matar. No DF, este ano, 3,4 toneladas foram apreendidas

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
carne clandestina
1 de 1 carne clandestina - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O brasiliense precisa ter atenção redobrada com o que come. Dados da Organização Não-Governamental Amigos da Terra revelam que 30% da carne brasileira vem de abate clandestino. No DF, são consumidas pelo menos duas mil toneladas do produto por semana. Isso significa que cerca de 650 toneladas sem garantia de qualidade podem estar sendo comercializadas na capital do país, principalmente em feiras, bares e restaurantes. O preço, que chega a ser 40% mais em conta, garante o sucesso do negócio. Barato, entretanto, que sai caro, já que o produto é impróprio para o consumo e pode até matar.

Como não pagam impostos e não precisam se atentar às normas de segurança para abate e manuseio da carne, as empresas clandestinas conseguem oferecer o produto a um valor mais atrativo. E, levando em consideração os dados da pesquisa, a fiscalização consegue evitar que muito pouco dessa carga chegue efetivamente ao consumidor final. Este ano, por exemplo, a Secretaria de Agricultura recolheu 3,4 toneladas do produto sem procedência garantida nas rodovias e estabelecimentos do DF.

“As pessoas não se importam. Há muito restaurantes que nem perguntam a procedência da carne, desde que seja mais barata”, alerta Múcio Moreira, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas, Gêneros Alimentícios, Frutas, Verduras, Flores e Plantas do DF (Sindigêneros-DF). Segundo Raimundo Figueiredo, que também integra os quadros da entidade, quando a carne é vendida pronta, como em bares, restaurantes e feiras, é mais difícil para o consumidor identifica se há problemas.

Nos açougues e supermercados, é possível ver o produto antes do preparo, ver a sua cor, a sua consistência, sentir o cheiro. No prato, ela pode vir mascarada por temperos e outros sabores.

Raimundo Nonato, Sindigêneros

A estatística das apreensões foi reforçada com duas toneladas de carne clandestina apreendidas em menos de uma semana pela Polícia Civil no DF. No dia 2/6, cerca de 1,4 tonelada do produto irregular acabou recolhido de uma casa no Areal, em Águas Claras, que – de acordo com as investigações – revendia para bares, restaurantes e hotéis do DF. O distribuidor foi preso. Já na quarta (8), mais 640 quilos foram apreendidos em Ceilândia e Núcleo Bandeirante.

Renato Araújo/Agência Brasília

 

Na carga clandestina, o risco de contaminação é muito grande, já que não há verificação do processo pelo qual a carne passa. Segundo o diretor de Inspeção de Produtos Animais e Vegetais (Dipova), Athaualpa Costa, as infecções podem causar problemas simples, como uma infecção intestinal, até casos mais graves, como aborto e morte. “Não há como garantir a segurança do consumidor”, alerta.

Para assegurar a procedência do alimento consumido, Costa recomenda muita atenção: “O mais importante é sempre procurar o selo de inspeção e ler as informações presentes no rótulo. Se houver alguma inconsistência nesses dados, o comprador deve desconfiar”. Em açougues, o diretor aconselha consumidores a procurar o selo da vigilância sanitária no estabelecimento, que faz inspeções periódicas para avaliar a qualidade dos produtos.

Reprodução/Agência Brasília

Fiscalização
Com o objetivo de coibir a proliferação de produtos clandestinos no DF, a Secretaria de Agricultura realiza rondas e blitzen periódicas em rodovias e estabelecimentos da capital. No ano passado, essas ações resultaram na apreensão de 43,5 toneladas de carne sem origem conhecida.

De acordo com Athaualpa Costa, o trabalho é intensificado em algumas épocas do ano devido ao aumento da ação dos comerciantes clandestinos. “Em meses de fim e de início de ano, essa movimentação é bem maior devido a festas como Natal, Ano Novo e Semana Santa”.

Representantes do sindicato, no entanto, consideram as ações ainda insuficientes. “A única forma de diminuir esse comércio é com fiscalização rigorosa. Sei que já existem medidas e acho que o nível de carne clandestina está diminuindo, mas precisa diminuir ainda mais”, afirma Múcio Moreira.

 

Larvas
Um dos problemas mais comuns ao consumir a carne sem os devidos cuidados é a toxinfecção alimentar, infecção adquirida por meio do consumo de alimentos contaminados por bactérias ou toxinas. A teníase é outro risco resultante das más condições sanitárias. A doença, causada por parasitas, geralmente é transmitida pelo consumo de carne contaminada com cisticercos (larvas do verme). Quando mal cozida ou assada, pode causar sérios riscos ao organismo, entre eles problemas nervosos e cegueira.

Tem mais. Os produtos obtidos a partir do abate clandestino podem ser também vetores das doenças transmitidas pelos animais, como a tuberculose e brucelose. Os abates clandestinos são efetuados em locais impróprios, sem estrutura adequada e sem higiene. Há riscos de contaminação ambiental, propagação de vetores transmissores de doenças e prejuízo à saúde publica.

Alguns problemas que a carne contaminada pode causar:

Salmonela – Conhecida vulgarmente como salmonela, trata-se de um reino de bactérias que causa infecção. Sintomas podem variar de dor de cabeça à forte diarreia. A desidratação pode levar à morte.

Escherichia Coli – É uma bactéria presente no intestino dos humanos e alguns animais. Existem vários tipos desta bactéria e, se ingerido outro tipo deste micro-organismo a saúde pode ser afetada negativamente. Podem aparecer sintomas como dor de estômago, vômito e até diarreia com presença de sangue.

Teníase – É uma doença causada por parasitas que habitam o estômago de animais. Quando contaminada a carne – e consumida mal passada ou crua – pode ser repassado para o ser humano. O parasita pode passar do intestino para a corrente sanguínea e se alojar no cérebro, olhos, pele ou músculos – inclusive do coração – podendo conferir ao portador quadro de cegueira definitiva, convulsão ou, até mesmo, óbito.

Dicas valiosas para a hora de comprar carne (fonte Bolsa de Mulher):

Carne bovina:

  • – Deve ser vermelha, sem manchas ou pontos escuros, e com consistência firme.
  • – Se estiver congelada e soltando água ou um pouco mole, não compre.
  • – A carne deve ser moída na presença do comprador. Se for moída previamente, deve estar embalada com rótulo e carimbo de inspeção federal ou estadual. Se estiver sem registro, há o risco de ser uma mistura de sebo, pelancas e aditivos químicos que garantem a cor.
  • – Observe sempre os dois lados da carne, pois pode estar bonita por cima e ruim do outro lado.
  • – Preste atenção nas condições de limpeza da superfície onde a carne é cortada, pois o líquido que fica de um pedaço pode contaminar outro.
  • – Nunca compre carne bovina em feiras-livres, pois geralmente são de procedência clandestina e podem transmitir doenças.

Carne suína:

  • – Nunca compre se estiver com bolinhas brancas, popularmente chamadas de ‘canjiquinha’, pois isso indica que o animal estava infestado por cistos de Tênia, que podem contaminar o consumidor.
  • – A carne deve estar com consistência firme, não amolecida e nem pegajosa.
  • – Assim como a carne bovina, não deve ser adquirida em feiras-livres.

Carne de aves:

  • – Deve estar bem aderia aos ossos, com cor amarela pálida, um pouco rosada, e com consistência firme.
  • – Só compre miúdos (fígado, coração, moelas) se estiverem conservados com sistema de refrigeração, pois, caso contrário, podem entrar em decomposição facilmente.
  • – Não compre carne de aves congelada que apresente embalagem danificada e com água ou sangue.

Embutidos e frios:

  • – Os produtos à base de carne, como salsichas, presunto, linguiças, mortadelas, e outros, são altamente perecíveis e devem ser mantidos sob refrigeração constante.
  • – Nunca compre se estiverem amolecidos, soltando algum líquido, com superfície úmida ou qualquer tipo de mancha.
  • – Os produtos enlatados, depois de abertos, devem ser guardados em outro recipiente; a lata deve ser jogada fora.
  • – Quanto vendidos já fatiados, as embalagens devem constar informações sobre o fabricante, o estabelecimento onde foram fatiados, bem como data do fatiamento e prazo de validade.

 

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