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Ocorrências policiais relatam agressões de Luiz Águila contra mulheres

O cardiologista não costuma ser machista só nas redes sociais e responde por ameaças registradas na Delegacia da Mulher

atualizado

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1 de 1 aguila1 - Foto: Reprodução do Facebook

Cinco linhas de um post no Facebook foram suficientes para causar uma profunda indignação em mulheres de todo o país. O cardiologista do DF Luiz Antônio Rodrigues Águila, 63 anos, escreveu:

“Sabe porque (sic) tantas mulheres apanham? Porque desrespeitam seus companheiros. Respeitem e serão respeitadas. Nossas avós não apanhavam porque respeitavam. Respeito é fundamental”, dizia a postagem.

Reprodução do Facebook

O texto de conteúdo machista foi apagado duas horas depois de ser publicado, mas os prints se espalharam pela internet. Em menos de 24 horas, a matéria do Metrópoles relatando o episódio foi compartilhada mais de 20 mil vezes, gerando milhares de comentários críticos ao médico.

As palavras publicadas pelo Dr. Águila no Facebook condizem com o histórico de comportamento do médico fora das redes. O nome do cardiologista está nos registros da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil. Duas ocorrências foram registradas contra ele. A mais recente foi feita por uma arquiteta que acusou Águila de injúria. O boletim é da última terça-feira (27/12).

De acordo com o depoimento da vítima, o médico usou, indevidamente, uma foto dela no Facebook com uma legenda ofensiva. O texto dizia: “Como reconhecer que uma mulher tem mais de 40 anos? Observe que qdo (sic) ela manda beijo e o lábio superior fica enrugado como código de barras.”

A arquiteta contou à polícia ter conhecido o médico em 2015, quando ele a procurou pedindo um projeto de reforma e urbanização na quadra onde ele mora, na Octogonal. Durante as tratativas e apresentação de orçamentos, a profissional relatou que recebeu vários “convites sexuais” do cardiologista, mas que todos foram recusados por ela.

A outra ocorrência na qual Luiz Águila figura como autor ocorreu em 2006 e envolve, supostamente, uma ex-namorada dele. A mulher acusou o cardiologista de perturbação da tranquilidade, difamação, injúria e ameaça. De acordo com o registro na polícia, a vítima namorou o médico por um período de três anos e sete meses. A relação teria se desgastado pelo ciúme excessivo de Águila, segundo contou a denunciante.

A vítima diz que Águila não teria aceitado o fim do relacionamento, começou a ligar para a ex-namorada e a enviar e-mail para os familiares dela reclamando de traição. Em julho de 2006, o médico teria partido para uma série de ofensas à mulher.

“Você está muito rodada e não tem caráter e sua irmã também não tem caráter e eu vou prejudicar a vida dela porque ela não gosta de mim”, teria ameaçado Águila, de acordo com o texto da ocorrência.

O texto machista divulgado na rede social é um novo capítulo de uma conturbada relação com o sexo oposto. A nora do médico, a servidora pública Luciana Chaves, acusa Luiz Águila de ter feito a publicação para defender o filho. No dia 27 de novembro, ela entrou na Justiça pedindo uma medida protetiva contra o marido, o bombeiro Luiz Roberto Águila, a quem denunciou por espancá-la grávida de 4 meses.

Luciana afirma que, em 26 de novembro, pediu ao marido que saísse definitivamente de casa, após cinco anos de uma relação conturbada. “No dia 27 de novembro ocorreu a agressão. Ele me chutou, me agrediu na barriga e na nuca. Quase perdi o meu filho. Estou em cima de uma cama pelos próximos 30 dias para tentar salvar o meu bebê”, relatou Luciana, em entrevista ao Metrópoles.

O pai dele (o médico Luiz Águila) estava tentando justificar a agressão do filho. O pai dele batia na minha sogra. O filho reproduz o que aprendeu em casa

acusa Luciana Chaves

“Estamos pleiteando o enquadramento do crime como feminicídio tentado e também aborto tentado. São dois crimes contra a vida. O agressor tinha ciência de que a mulher passava por uma gravidez de risco e chutou a barriga dela. Nossa tese é que ele agiu com dolo”, informou o advogado de Luciana Chaves, Hailton Cunha.

Luiz Roberto Águila, o filho do Dr. Águila, não admite ter sido violento com a mulher. “Só posso falar depois da audiência, em 25 de janeiro. Eu nego as agressões. Inclusive ela (Luciana) forjou várias agressões. Ela mesma se bateu, deve ter se batido para forjar uma situação. Sobre o meu pai, você pergunta a ele. Eu não respondo pelo que ele faz”, afirmou Luiz Roberto.

A reportagem ligou diversas vezes para o celular do cardiologista Luiz Antônio Águila, mas não teve retorno. Além de manter um consultório no Liberty Mall, ele tentou se aventurar na carreira política. Em 2014, foi candidato a deputado distrital pelo PSDB, na coligação “Por um futuro melhor”.

Na urna, aparecia como Dr. Águila. Teve modestos 241 votos. Mesmo assim, tem demonstrado interesse em continuar na política. Recentemente, procurou a direção do PSDB no DF para saber como andavam as reuniões do partido.

Reprodução do TRE

 

Leia o depoimento completo de Luciana Chaves ao Metrópoles:

“No dia 26 de novembro eu pedi divórcio depois de um relacionamento muito abusivo de 5 anos. Depois desse período, eu já não aguentava mais. Estou na segunda gestação de risco. Nós temos um filho de 1 ano e 5 meses que viu tudo.

Quando eu pedi pra ele sair de casa, começaram as brigas. No dia 27, ocorreu a agressão. Estou de 4 meses, ele me agrediu e eu quase perdi o meu filho. Estou em cima de uma cama pelos próximos 30 dias, fiquei internada. Tive suspeita de aborto no primeiro dia, tenho laudo do obstetra atestando deslocamento de placenta.

O filho dele (do médico Luiz Águila) me agrediu, me bateu na nuca, na cabeça. Eu fui acudida pelas vizinhas que sabiam que eu estava pedindo pra ele sair de casa. Elas correram. Ele foi preso em flagrante e pagou fiança.

Quando escreveu no Facebook, o pai dele estava tentando justificar a agressão do filho. O pai dele batia na minha sogra. O filho reproduz o que aprendeu com o pai. Hoje não posso pegar meu filho no colo. Meu filho de 8 anos, do primeiro casamento, foi para casa do pai para ficar longe disso. Fui parar num hospital psiquiátrico, entrei em trabalho de parto.

Recebi várias ligações de uma moça me relatando coisas sobre o pai dele. Agora eu luto por justiça, por mudança na legislação. Hoje conversei com uma deputada. A mulher é sempre vista como louca e agressiva. Ele diz que reagiu, mas eu sou contra qualquer tipo de violência. Ele (Luiz Roberto) já agrediu pai, mãe e irmão. Ele está vivendo a vida dele e eu estou em cima de uma cama”.

Luciana Chaves, 34 anos, moradora de Águas Claras e servidora pública.

A reportagem entrou em contato com a ex-mulher de Luiz Antônio Águila, a sogra de Luciana, que não quis se manifestar. A secretária do médico afirmou à reportagem que ele está de férias e não tem data para voltar a atender em seu consultório, no Liberty Mall.

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