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No DF, 3,3 mil diabéticos têm dificuldades para pegar insulina na rede

Hormônio é essencial para o equilíbrio da glicose no sangue. Sem ele, os pacientes podem sofrer diversas complicações e até mesmo morrer

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1 de 1 Paciente diabética - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

A falta de insulina atormenta, ao menos, 3,3 mil pacientes que vivem com diabetes no Distrito Federal e dependem do insumo oferecido pela rede pública de saúde.

A quantidade diz respeito às pessoas que fazem uso de quatro tipos de insulina e estão cadastradas no sistema da Secretaria de Saúde (SES-DF). A maior parte deles depende de mais de um tipo do medicamento.

Tipos de insulina disponíveis e total de pacientes em uso:

  • Glargina – 287
  • Rápida – 276
  • Análoga de ação rápida (Grupo 1A) – 3.373
  • Glargina elenco estadual – 3.068

A base de dados da SES-DF inclui pacientes cadastrados para receber os insumos em policlínicas e nas farmácias de alto custo. Mesmo assim, muitos diabéticos têm enfrentado dificuldades para consegui-los.

Sem acesso ao tratamento com o hormônio na rede pública, crianças, adolescentes e adultos correm o risco de terem a doença agravada – ou até morrerem.

Segundo a Associação de Diabetes de Brasília (ADB), 8% da população do DF convive com a doença. Desse total, aproximadamente 16 mil são crianças e adolescentes. Para estes pacientes, a insulina é vital.

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Dona Marilza é uma das pacientes diabéticas sem acesso à insulina nos postos de saúde
Para Marilza, desabastecimento de insulina é revoltante e assustador
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Falta de insulina na rede pública do DF coloca em risco o tratamento de pacientes diabéticos

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Dona Marilza é uma das pacientes diabéticas sem acesso à insulina nos postos de saúde

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Para Marilza, desabastecimento de insulina é revoltante e assustador

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Marilza Luciano (foto em destaque), 63 anos, vive o drama diariamente na pele. Professora aposentada, ela é diabética, hipertensa e sobreviveu a um acidente vascular cerebral (AVC). “Não está tendo insulina. O diabético está sem insulina”, alerta.

Segundo dona Marilza, pacientes precisam peregrinar de posto de saúde em posto de saúde em busca dos lotes colocados à disposição pela Secretaria de Saúde do DF. Ou seja, mesmo após o calvário, muitos voltam para a casa sem as ampolas de insulina.

Por causa das sequelas deixadas pelo AVC, Marilza enfrenta dificuldade para se locomover. Na última saga em busca do medicamento, teve de andar de ônibus e não conseguiu a insulina. “Cheguei no posto e não tinha. Acabou”, lamenta.

Dona Marilza se desdobra com os poucas ampolas que ainda tem em casa. Mas relembra que já chegou a ficar dois dias sem insulina, e teme que a escassez volte à bater em sua porta.

Corredor de hospital?

“A glicose subiu. E fiquei cansada e sonolenta”, lembrou. Dona Mariliza precisou correr a uma farmácia popular para conseguir doses de insulina.

“Ganho pouco. Eu pago imposto de renda. Não sou isenta. E na hora que preciso da Saúde Pública, não tem ajuda, não tem socorro. Se eu parar em um hospital público? Vou ficar no corredor esperando uma vaga”, desabafou.

Nas farmácias, os preços das doses de insulina rápida, variam entre R$ 38 e R$ 45. A unidade basal, com durabilidade da ação de 24h, custa R$ 70, em média. A quantidade mensal de doses varia conforme prescrição médica.

Do ponto de vista do presidente da ADB, Alex Alves, o desabastecimento de insulina poderia ser evitado, se a Saúde tivesse feito o planejamento correto de compras.

“Não adianta. Nós avisamos. Mas não fizeram as compras no tempo hábil. E a gente não tem sossego. Quando não falta insulina, falta fita para glicemia, profissional no posto de saúde ou outros insumos”, afirmou.

Alerta: bomba de insulina

Segundo o presidente da ADB, em breve, a rede poderá sofrer com a falta de outro insumo: a bomba de aplicação da insulina.

“O fabricante avisou que vai parar a fabricação do modelo atual. E a Secretaria de Saúde ainda não se mobilizou para providenciar o equipamento substituto”, explicou.

“A diabetes é a quarta doença que mais mata no mundo”, resumiu. Alves ressaltou que o desabastecimento da rede pública coloca em risco principalmente famílias em situação de vulnerabilidade social.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o componente especializado da Assistência Farmacêutica (Alto Custo) tem 6.641 pacientes cadastrados para o recebimento de insulina. Já nas policlínicas da rede, são 567 cadastrados.

A Secretaria de Saúde informou que entre junho e julho de 2023 o mercado passou por um desabastecimento da matéria prima, comprometendo o processo de fabricação da insulina.

“Visando a continuidade do tratamento dos pacientes atendidos pelos protocolos do Ministério da Saúde e da SES, houve o aporte dos estoques adquiridos pelo Distrito Federal para uso ao longo do semestre”, disse a pasta.

Segundo a Saúde do DF, atualmente está ocorrendo uma força tarefa para que todo estoque seja distribuído com criticidade entre os locais de maior necessidade.

Compra em andamento

A pasta garantiu que está com o processo de compra em homologação para que o estoque de insulina seja normalizado.

“Caso haja desabastecimento local, as Regiões de Saúde podem realizar a aquisição da insulina via Programa de Descentralização Progressiva de Ações de Saúde (PDPAS) para a manutenção dos seus estoques”, completou.

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