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PCDF: apresentadora de TV que chamou colega de “carvão” é indiciada

Jornalista Lívia Braz foi demitida da Record por justa causa após ser denunciada por constantes ofensas no ambiente de trabalho

atualizado

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Jornalista Lívia Braz
1 de 1 Jornalista Lívia Braz - Foto: Reprodução / YouTube

A jornalista Lívia Braz, que integrava a bancada do DF Record, jornal diário da emissora no Distrito Federal, foi indiciada pela Polícia Civil (PCDF) por injúria racial contra uma colega de trabalho entre os anos de 2019 e 2020. Após a denúncia, a apresentadora foi desligada da rede de televisão por justa causa.

De acordo com o inquérito o qual o Metrópoles teve acesso, a ex-apresentadora costumava chamar uma profissional negra da emissora de “Patolina”, comparando-a ao desenho animado da Disney de um pato que tem a cor preta. Ela também chegou a mencionar em grupo de WhatsApp que a colega parecia um “carvão” numa foto.

Na sua justificativa, a delegada Scheyla Cristina Costa Santos, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) e responsável por conduzir a investigação, reproduz depoimentos de que Lívia Braz teria comportamento “muito indigno” no ambiente de trabalho.

“Costumava dizer que não gostava de pobre, chegando a dizer que tinha horror a Águas Claras, pois lá só tinha pobre. Em outra oportunidade a declarante testemunhou Lívia maltratando uma estagiária, que chegou a chorar. Diante disso, apesar de Lívia nunca ter se referido diretamente a declarante com esse conteúdo que corria pelo WhatsApp. Diz que Lívia costumava falar também mal de pessoas gordas e das roupas das outras pessoas. Atitudes sempre reprováveis de convívio”, registra trecho do documento.

O inquérito, agora, segue para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que analisará se o caso será denunciado ou não para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

“Haja vista os elementos de autoria e materialidade colhidos, consideramos encerradas as diligências na esfera policial, razão pela qual encaminhamos o presente feito a Vossas Excelências, para análise, colocando-nos à disposição para outras diligências que porventura o Poder Judiciário ou o Ministério Público julgarem necessárias”, registrou.

Injúria racial é o ato de ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. O Código Penal prevê como pena a reclusão de 1 a 6 meses ou multa, a depender das partes.

O outro lado

A coluna Na Mira acionou a jornalista Lívia Braz, que afirmou não ter tomado conhecimento do indiciamento recente e indicou o advogado para se manifestar em nome dela.

Segundo o advogado de Lívia, Marcus Gusmão, trata-se de uma “história mal contada”. “O que acontece é que essas mensagens foram trocadas dentro de um determinado grupo, grupo esse que ela nunca fez parte. Essas mensagens foram trocadas dentro desse contexto em que foram outras pessoas que falaram”, diz ele.

Marcus defende que, inclusive, Lívia não teria sido demitida da Record por conta do escândalo de injúria racial. “Foi uma decisão da emissora, que não tinha mais interesse na questão do trabalho dela. Ao contrário das outras pessoas, que a motivação dada foi essa.”

Em relação aos xingamentos que ela teria proferido fora do WhatsApp, a defesa também negou tais ações. “Essa não era uma conduta da Lívia. O trabalho dela sempre foi pautado pela ética”, afirma.

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