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Mulher recorreu à PM um dia antes de ser morta por sargento em chacina

Militar cometeu suicídio após matar a família e incendiar a casa, na quinta-feira (10/2), em Planaltina. Corporação a orientou a interná-lo

atualizado

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Gustavo Moreno/Metrópoles
policiais e viaturas
1 de 1 policiais e viaturas - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

Um dia antes de ser assassinada pelo marido ao lado dos dois filhos, Maria de Lourdes Furtado, 50 anos, pediu ajuda ao Centro de Assistência Psicológica e Social (CAPS), unidade que presta atendimento em saúde mental para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Chorando muito, a mulher pediu socorro, alegando que estava com medo do companheiro, o sargento Nilson Cosme Batista dos Santos.

O militar cometeu suicídio após matar a família e incendiar a casa. A tragédia ocorreu na quinta-feira (10/2), em Planaltina.

Na ocasião, Maria de Lourdes foi orientada a internar o marido compulsoriamente. “Na última quarta (9/2), ela falou com a equipe da Subseção de Bem-Estar Social (Sbes) ligada ao CAPS. Estava chorando sem parar e dizia que sentia medo, pediu socorro. Pediu, ‘pelo amor de Deus’, para alguém ajudar a família. Contou que tinha receio de interná-lo, pois não sabia o que ele poderia fazer contra ela”, revelou uma fonte à coluna.

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Essa não foi a primeira ligação da vítima ao CAPS. Em janeiro deste ano, Maria de Lourdes havia procurado orientação. À época, também solicitou que os policiais conversassem com o marido e o aconselhasse a procurar tratamento médico.

Às 15h do dia 20 de janeiro, uma equipe da PMDF procurou o sargento. O grupo seguiu para a sala do subcomandante do 14º Batalhão da PM, em Planaltina, onde a conversa ocorreu. Para preservar a identidade de Maria de Lourdes, os militares disseram a Nilson que amigos de trabalho perceberam que ele estava com comportamento diferente.

Nilson dos Santos ficou alterado e passou a questionar quem o denunciou. A coluna apurou que o PM entrou em contradição durante todo o diálogo. Dizia que não tinha depressão, mas que estava com problemas com um vizinho, dono de um lava a jato. Revelou que sofreu muito quando criança, era vítima de bullying e foi abandonado pelo pai.

“Vou matar todo mundo”

Conforme a coluna revelou, antes de matar a mulher e os dois filhos, e de cometer suicídio, o sargento ligou para o 14º Batalhão da PM, em Planaltina, para avisar sobre a chacina. O policial estava muito nervoso e disse que mataria todos. Ainda durante a ligação, os militares chegaram a ouvir diversos tiros.

Cerca de cinco minutos após o chamado, uma equipe foi até a residência, localizada na Quadra 161, no Setor Tradicional, em Planaltina. Os PMs tentaram contato com a família, mas ninguém respondeu.

Os policiais militares perceberam sinais de fumaça no imóvel, arrombaram o portão e acionaram o Corpo de Bombeiros. Durante todo o tempo, os PMs chamavam por Cosme e tentavam contato com os moradores.

Portas e janelas da casa estavam totalmente trancadas. Ao forçar a entrada, a guarnição viu um corpo ao chão, em um dos quartos. Dois policiais ainda tentaram arrastar o corpo para tirá-lo das chamas. Contudo, devido à fumaça, não conseguiram. Um galão vazio cheirando a álcool também foi encontrado no local.

O incêndio foi contido pelo Corpo de Bombeiros, que também fez a retirada de quatro corpos. Perto de um dos mortos foi encontrada uma pistola CZ .9mm, da PMDF.

Saiba quem são as vítimas:

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Casal tranquilo

Conforme conta a vizinha da família, Lucileide Maria Lucas, 33 anos, a família não parecia ter problemas. “Sempre foram um casal tranquilo, iam à igreja, ela era católica. Iam em São Sebastião, ela falava que ia na missa das 17h. Os dois sempre me tratavam bem, os meninos brincavam, jogavam videogame. Sei que o mais velho passou na UnB”, diz.

Ainda de acordo com a moradora da região, ela era bem próxima de Maria de Lourdes, e chegou a conversar com a vítima ainda no dia do crime. “Dia 2 ela mandou áudio dizendo que estava com Covid. Dia 8 perguntei se estava tudo bem, ela disse que sim. Hoje eu mandei áudio e ela visualizou às 17h50”, revelou.

Amigo de infância dos dois jovens assassinados, João Vitor Gonçalves, 20 anos, contou emocionado à reportagem que ambos eram muito estudiosos. “Eles nunca foram de sair, de farra, [ficavam] só estudando. Mas jogavam muito videogame. O Isaac passou pra engenharia química na UnB. Eu não consigo nem falar o que eu estou sentindo, só quem perdeu sabe”, lamentou.

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