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Mulher denuncia agressão de vigilante em UPA: “Iria me matar”

O caso ocorreu em 14 de novembro na UPA de Sobradinho 2. De acordo com Anne Karolline, 24, o guarda impediu que ela entrasse no local

atualizado

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Mulher UPA
1 de 1 Mulher UPA - Foto: Reprodução

Uma mulher de 24 anos denuncia ter sido agredida por um vigilante da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho 2. “Ele dizia que iria me matar”, relembrou a jovem. O caso ocorreu em 14 de novembro, data da morte da sogra da vítima.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, ela mostra machucados na boca, cervical, no pescoço, na clavícula e hematomas nas pernas.

Veja o vídeo:

Anne Karoline conta que, na noite anterior às agressões, a sogra apresentou quadro convulsivo, e ela e o esposo levaram a senhora para ser atendida na UPA. A família acionou o serviço do Samu, mas o atendimento demorou a chegar. 

O casal chegou nervoso à unidade, preocupado com o estado de saúde da idosa. Segundo Anne Karoline, a equipe médica tratou a situação com descaso. “Eu ouvi uma enfermeira dizendo: ‘Nossa, é só isso? Achei que era tiro’. Resolvi indagar se eles estavam debochando da situação. Como eles queriam que a gente tivesse chegado no hospital? ”, questionou. 

A sogra de Anne foi internada em estado gravíssimo e precisou ser intubada. Durante a madrugada, a equipe médica comunicou que o quadro dela era bastante delicado e que eles deveriam ir pra casa. Cerca de 20 minutos depois de retornarem à residência, funcionários da UPA ligaram pedindo que a família entregasse um comprovante de residência e documentos da paciente.

Quando voltaram ao local, a assistente administrativa permaneceu no carro, enquanto o marido entrou na UPA. Por causa da demora dele, a jovem decidiu entrar, e ouviu o esposo gritando e se debatendo. “Eu fui ao encontro do vigilante, que estava na recepção, para saber o que estava acontecendo e pedi para ele me deixar acessar o local que o Allison [marido] se encontrava”, contou. 

De acordo com a mulher, o guarda informou que ela não tinha autorização para entrar naquela ala e que deveria aguardar na recepção. “Ele disse que eu não ia entrar e fechou o portão no meu pé. Eu perguntei: ‘Moço, por que você tá fazendo isso?’. Até então, eu ainda não sabia sobre o óbito da minha sogra”, relatou. 

Anne Karoline pediu várias vezes para o homem deixá-la entrar no local ou que ele chamasse algum médico para conversar com ela, mas ele continuou afirmando que ela não entraria.

“Eu disse que ele não tinha preparo para estar trabalhando ali, e ele falou: ‘Você quer abrir uma reclamação? Toma aqui o celular, e o número da minha matrícula. Liga aí agora’. Como se estivesse me provocando, sabe?”, lamentou a jovem ao Metrópoles

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Em seguida, ela tentou empurrar a grade para entrar no local, e o vigilante a confrontou. “Eu questionei se ele ia me bater e pedi para quem estivesse lá perto que filmasse a cena. Quando eu tentei forçar o portão novamente, ele me puxou pelo cabelo para me afastar”, detalhou. 

Ao ouvir os gritos da mulher, o marido foi até a entrada para saber o que estava acontecendo. Anne conta que o guarda tentou empurrá-la e viu o homem tirando o cassetete da calça para atingi-la.

 Medo e pânico

O vigilante Edivaldo Gomes, que também trabalha como segurança na UPA de Sobradinho 2, disse ter testemunhado a situação e alega que a mulher ficou nervosa por não poder entrar na unidade. Ela teria tentado forçar o portão e agredido o outro guarda de plantão na UPA com socos e murros. De acordo com o homem, em um momento da discussão, Anne pegou o cassetete do vigia que a barrou e precisou ser contida por outro trabalhador para que o bastão fosse recuperado.

Edivaldo acrescentou que o marido apareceu no local ao ouvir gritos e tomou o objeto da mão da esposa. Segundo o guarda, a situação só foi controlada quando conseguiram pegar o cassetete e Allison conduziu a companheira para fora da UPA.

O vigilante nega a agressão e afirma que a mulher se machucou no momento que o marido tentou tirá-la da unidade. “Ela estava descontrolada. Tentou tirar as portas dos trilhos e os corrimões. O marido a levou à força para o veículo do casal”, alegou.

A assistente administrativa relata ter entrado em estado de choque depois do episódio. “Não estou conseguindo dormir, tenho crises de pânico. A qualquer momento, acho que a cena vai acontecer de novo. Estou com muito medo”, desabafou. 

Anne disse que o vigilante estava transtornado e repetia constantemente que “iria matá-la” e que ele chegou até a pegar um revólver no cofre, caso eles aparecessem novamente na UPA. Segundo a moça, Edivaldo não testemunhou a cena.

A ocorrência foi registrada na 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho 2) pelos vigilantes envolvidos e, posteriormente, pela jovem. Todos realizaram exame no Instituto Médico Legal (IML).

O que diz o Iges-DF

Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges), responsável pela administração do local, esclareceu que, no sábado (14/11), “um dos vigilantes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho precisou conter a esposa do filho de uma paciente, após ela tentar agredi-lo fisicamente e verbalmente e também ser agressiva com uma enfermeira”.

O órgão lamentou o ocorrido e alega que “o fato ocorreu depois de a equipe de saúde solicitar que o filho da paciente entrasse em uma sala reservada para que fosse comunicado do óbito da mãe, que não resistiu, apesar de ser imediatamente atendida ao chegar à UPA e receber total assistência na Sala Vermelha, onde casos mais graves recebem os cuidados”.

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