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Motorista da Caixa é detido por embriaguez e morre na delegacia

Após ser levado à 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), Luís Cláudio Rodrigues foi encontrado enforcado na carceragem

atualizado

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Arquivo pessoal
Luiz Claúdio
1 de 1 Luiz Claúdio - Foto: Arquivo pessoal

O motorista da Caixa Econômica Federal (CEF) Luís Cláudio Rodrigues, 48 anos, foi encontrado morto nesta sexta-feira (14/7) dentro da carceragem da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), após ser detido acusado de dirigir sob efeito de álcool.

O carro que ele dirigia envolveu-se em acidente com o de um policial militar, por volta das 15h. Luís Cláudio foi levado à delegacia após ter sido submetido a um teste de bafômetro, que, segundo a polícia, indicou que ele havia feito uso de bebida alcoólica.

O motorista foi deixado na carceragem e, depois que o delegado plantonista da unidade arbitrou o pagamento da fiança para a família, um dos agentes da corporação foi até a cela e o encontrou sem vida. A Corregedoria Geral da Polícia Civil informou que foi instaurado procedimento para apurar as circunstâncias da morte.

De acordo com o delegado plantonista da 13ª DP neste sábado, Paulo Pereira, a morte ocorreu por volta das 19h. “Tudo indica que o homem se enforcou com a própria roupa. Não havia outra pessoa na cela com ele. Ao chegar à delegacia, não foi constatado nenhum comportamento violento por parte do preso. Uma perícia minuciosa foi realizada pelo estudo de criminalística da PCDF e todos os esclarecimentos foram prestados à família”, afirmou o delegado.

Familiares querem explicações
Ao Metrópoles, o primo de Luís, o advogado Eduardo Feitoza, 38, disse que a família foi chamada na delegacia e depois de pagar uma fiança de R$1,2 mil pela liberdade do motorista, soube que ele estava morto. “Estamos sem acreditar nisso. O meu irmão que também é advogado fez um requerimento formal para acompanhar a perícia, mas foi negado. A delegacia não nos deu muitos esclarecimentos e disseram apenas que ele mesmo se enforcou com a própria camisa”, contou.

Ainda segundo Eduardo, Luís Cláudio não tinha nenhum histórico de depressão e completaria 49 anos de idade neste sábado. “Essa história não está fazendo sentido. Nós queremos saber de fato o que aconteceu. Meu primo era uma ótima pessoa. Estamos muito abalados e pretendemos mover uma ação contra o Estado, por negligência”, acrescentou Eduardo.

Nota
O Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), divulgou uma nota lamentando o que ocorreu e informou que reafirma alerta de que mais mortes poderão ocorrer em delegaciais.

“O suicídio do servidor público Luís Cláudio Rodrigues em uma cela da 13ª DP é mais uma tragédia anunciada. Como temos denunciado, a delegacia, que é uma central de flagrantes, trabalha com apenas cinco agentes quando, na avaliação do sindicato, deveria contar com no mínimo oito agentes” explica o texto.

Ainda de acordo com o Sinpol, apesar de ser uma central de flagrantes, Sobradinho é a única unidade que ainda conta com escala de plantão de 24 horas, ao contrário das demais, cujas equipes trabalham em escalas de 12 horas. A Organização Mundial de Saúde e a Secretaria Nacional de Segurança Pública já condenaram esse excesso de horas trabalhadas, entretanto, apesar dos apelos do sindicato para alterar a escala de serviço, a direção geral da PCDF mantém os servidores em escala “estafante”.

“Com isso, mais uma família brasiliense sofre com a omissão estatal. Lamentamos profundamente a morte de Luis Cláudio Rodrigues e nos solidarizamos com sua família e amigos. E esperamos que mais casos como este não mais aconteçam.”

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