DF: o que se sabe e o que falta explicar sobre morte de Emily Fabrini
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) tipifica o caso como feminicídio seguido de ocultação de cadáver
atualizado
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A morte da adolescente Emily Fabrini de Araújo, aos 14 anos, chocou o Distrito Federal. O corpo da vítima foi encontrado no sábado (10/9), em uma área na Floresta Nacional, próximo a Taguatinga. O suspeito, identificado como Vandir Correia Silva, 21 anos, entregou-se à polícia após o crime, foi preso, mas, nessa segunda-feira (12/9), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) mandou soltá-lo, após audiência de custódia.
Suspeito de matar adolescente de 14 anos no DF é solto após audiência
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) tipifica o caso como feminicídio seguido de ocultação de cadáver. De acordo com o delegado Mauro Aguiar, da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), responsável pela investigação, o laudo completo da morte da jovem sairá em 30 dias. Mas, segundo peritos do IML, a garota morreu asfixiada. Por enquanto, o investigador disse que está ouvindo algumas testemunhas.
Em depoimento à polícia, Vandir informou que, enquanto supostamente tinha relações sexuais com a vítima, sofreu um apagão. Quando acordou, teria encontrado a jovem morta ao lado dele e decidido esconder o corpo. Devido ao frio que fazia no momento, o homem teria resolvido fazer uma fogueira, momento em que “vacilou e deixou o fogo queimar uma das pernas da adolescente”, segundo disse à polícia.
Veja quem é Vandir Correia:
No local indicado pelo suspeito, a Polícia Civil encontrou a vítima deitada de barriga para cima, sem roupas e com a perna direita queimada. Questionado sobre a ausência das vestes no corpo da jovem, Vandir disse que “possivelmente teria utilizado (as roupas) na fogueira”, como consta no depoimento.
Ainda não se sabe se a menina acompanhou o suspeito por livre e espontânea vontade até o local onde foi encontrada ou se foi coagida pelo homem a segui-lo. Em um vídeo ao qual o Metrópoles teve acesso, imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento em que Emily caminha ao lado de Vandir pouco antes de ser morta. Porém, o contexto da ida dos dois até o matagal ainda é um ponto a ser esclarecido pela PCDF.
Confira os últimos minutos de Emily viva:
Queria jogar futebol
A adolescente teve o sonho de se tornar jogadora profissional de futebol ceifado. Segundo a mãe da jovem, Rosemeire Araújo, a garota repetia constantemente que desejava proporcionar um futuro melhor para a família, seguindo a carreira de atleta.
“A senhora ainda vai me ver na televisão jogando bola. Eu vou ajudar a pagar o aluguel”, relembra Rosemeire, sobre a fala da filha. Elas deixaram o Piauí em busca de condições melhores de trabalho e vida no Distrito Federal.
Mãe de outras duas crianças, Rosimeire, que trabalha como empregada doméstica, conta que a ficha ainda não caiu. “Para mim, a qualquer momento ela pode abrir o portão e voltar”, declara. “Estou me sentindo sem força, um vazio”.
Além da dor pela perda, o clamor por justiça também é intenso na família da adolescente. “Um homem que eu nem conheço estragou minha vida”, lamenta a mãe.
“Ela só tinha 14 anos, era uma criança. Tinha um futuro todo pela frente, ele foi lá e interrompeu o futuro da minha filha. Foi uma barbaridade o que fizeram com ela”, completa. “Uma menina de coração bom, não tinha maldade, acreditava em todo mundo”, descreve Rosimeire.
Falta de pedido de prisão
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) mandou soltar o suspeito de assassinar Emily Fabrini, mesmo após ele confessar à polícia que matou a garota. Vandir passou por audiência de custódia no Fórum Desembargador Antônio Martins, em Taguatinga, às 9h dessa segunda (12/9).
A juíza que expediu o alvará de soltura determinou que o jovem use tornozeleira eletrônica enquanto responde ao processo. “Fica o autuado advertido de que o descumprimento das medidas acima poderá acarretar a decretação de sua prisão preventiva”, anotou.
Ainda segundo a decisão, nem o Ministério Público, nem a polícia pediram pela manutenção da prisão preventiva de Vandir, de modo que a legislação “não permite a decretação de prisão preventiva de ofício pelo Juiz e impõe a concessão de liberdade provisória”.
“Confiro, ainda, a esta decisão, força de alvará de soltura, para que o autuado seja posto em liberdade tão logo a tornozeleria eletrônica, seja instalada”, afirma outro trecho.