Morador de rua que cuida de 19 cães sonha em reencontrar irmã gêmea
Cláudio procura Joana D’arc Gomes da Costa, separada do irmão ainda bebê. A última informação é que mulher mora em Alagoas
atualizado
Compartilhar notícia
Cláudio de Souza, 48 anos, vive nas ruas há quase 30. Ainda criança, foi separado da família no Paraná e levado por um casal para Poá (SP). Segundo ele, a mãe distribuiu os filhos a pedido do pai, quando ele premeditava matar um adolescente de 14 anos. Muitos anos se passaram e, hoje, Cláudio mora no Riacho Fundo I. Cuida de 19 cães abandonados e acalenta um sonho: reencontrar sua irmã gêmea, Joana D’arc Gomes da Costa.
Cláudio nasceu em Santa Mariana, no Paraná, mas foi adotado aos 7 anos. Ele conta que o pai biológico era um homem difícil. “Brigava com todos. Cortou a mão de uma pessoa, a orelha de outra, planejou e matou um menor, de 14 anos, porque ele brigava com meus irmãos e jogava pedras no telhado”, afirma. Ficou preso por alguns anos, e o filho só o reencontrou aos 13.
Já na família adotada, o menino, que nasceu João Bosco Gomes da Costa, foi registrado novamente, como Cláudio de Souza. Segundo ele, a relação com os pais adotivos também não foi fácil. O pai era carinhoso, mas a mãe o maltratava, conta.Aos 14 anos, Cláudio pegou uma quantia de dinheiro dos pais adotivos, uma caixa de papelão com roupas, e voltou para o Paraná. Sua segunda mãe foi buscá-lo uma semana depois, mas a relação já não era mais a mesma. O adolescente começou a viver nas ruas e a furtar objetos para vender, até que saiu de casa aos 19 anos. Nunca mais retornou.
As drogas
O envolvimento com drogas veio bem antes. Aos 12 anos, Cláudio comprava álcool de farmácia para beber. Depois, já nas ruas, passou para a cocaína. Anos mais tarde, o crack entrou na vida do paranaense.
“Quando saí da casa dos meus pais, procurei trabalho. Mexia com construção, mas eu gastava com droga o que recebia durante a semana. Em pouco tempo, perdi tudo”, conta. Cláudio assegura que conseguiu se livrar do vício há três anos.
O grande sonho
Hoje, além de cuidar dos cachorros abandonados, procura a irmã gêmea. Segundo ele, há indícios de que a mulher vive em Alagoas. “Ela foi dada para um casal idoso no Paraná. Fomos separados quando éramos bebês. Um rapaz pesquisou para mim, e a última votação dela foi em Alagoas. Ela se declarou analfabeta e gêmea”, afirma.
O problema é que as datas de nascimento dos dois não batem. A Joana D’arc de Alagoas nasceu em 25/5/1969, e Cláudio foi registrado como nascido um mês antes. “Eu tenho dois registros”, justifica.
“Meu maior sonho é conhecer a minha irmã e ter um cantinho para morar. Quero muito ficar perto, conviver com ela. Saber como vive. Acho que, se nós vivêssemos juntos, ia mudar muita coisa, sabe?”, diz, emocionado.
O amor pelos cães
Cláudio vive em um barraco de madeira e lona no Riacho Fundo I. Dentro da casa improvisada, ele montou uma cama e tem duas estantes pequenas, com livros, DVDs e as roupas que recebe de doações. Mas, quando chove, a água sempre entra e molha todas as coisas dele.
Mesmo com as condições insalubres, o morador de rua abriga e se dedica a cuidar de 19 cães abandonados. Com o pouco que tem, já conseguiu castrar parte dos animais, comprar medicamentos e ração. Além disso, recebe ajuda de moradores da região e organizações de proteção ambiental. “Eu já fui abandonado e sei bem como é. Por isso, cuido de todos eles”, afirma.
Rede de apoio
A dona de casa Raquel Regis o conhece há quase dois anos. Comovida com a história de Cláudio, Raquel e algumas amigas criaram uma campanha para ajudá-lo. Ele precisa de roupas, alimentos e assistência odontológica, pois perdeu os dentes de cima. Para os cães: medicamentos, castração, adoção e, ainda, um veterinário que possa ir até o local e examinar os bichos.
Para mais informações, entre em contato com Raquel, pelo telefone (61) 98322-3833, ou pelo Facebook Raquel Regis.