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Embargada obra para transformar Touring em templo religioso

Depois da denúncia de que o prédio projetado por Oscar Niemeyer foi desfigurado para receber igreja evangélica, Iphan decide intervir, agência de fiscalização suspende a reforma e MPDFT apura o caso. Ativistas anunciam protesto para quarta-feira (28/10)

atualizado

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Gabriel Ramos/Metrópoles
Touring-4
1 de 1 Touring-4 - Foto: Gabriel Ramos/Metrópoles

A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) vistoriou o Touring na tarde desta segunda-feira (27/10) e, ao comprovar que a obra não possuía autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nem da Secretaria da Gestão do Território e Habitação (Segeth), embargou a reforma até que sejam apresentados o alvará de construção e a licença de funcionamento. Caso haja o descumprimento do embargo, o responsável será multado.

Mais cedo, o Iphan já havia informado que a obra no Touring seria embargada. A decisão foi anunciada depois das denúncias de que o espaço, tombado patrimônio local e federal, está sendo totalmente alterado para receber um templo. Ativistas marcaram uma manifestação para as 12h30 desta quarta-feira (28/10).

Em nota, o Iphan explica que, “em princípio, o uso religioso que ora se propõe não é compatível com as características históricas, arquitetônicas e a destinação original do imóvel, que faz parte do Setor Cultural Sul.”

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também apura o andamento da obra. A assessoria do órgão confirma que já foi expedido ofício ao Iphan e à Central de Aprovação de Projetos — área da Segeth que centraliza a análise, a aprovação e o licenciamento de obras no DF —, requerendo informações sobre o projeto.

Ainda que seja de propriedade particular, toda e qualquer intervenção no imóvel tem que ter autorização dos responsáveis pelo tombamento. A assessoria do Iphan afirma que o Instituto já tratou do assunto com a Secretaria de Gestão do Território e Habitação e com a Secretaria de Cultura, ambas do DF.

Projetado por Oscar Niemeyer e idealizado por Lucio Costa, o prédio seria, segundo o Relatório do Plano Piloto, um pavilhão “de pouca altura debruçado sobre os jardins do setor cultural e destinado a restaurante, bar e casa de chá”. O edifício foi tombado em 2012 pelo Iphan, por ocasião do aniversário de 100 anos de Niemeyer. Quem visita o local, agora, se depara com as paredes derrubadas.

Uma onda de indignação ganhou as redes sociais. Moradores de Brasília, arquitetos e pioneiros usaram as páginas da internet para exigir do Governo do DF uma posição. Pessoas ilustres da cidade como o arquiteto Carlos Magalhães, o ex-secretário de Cultura Silvestre Gorgulho e a filha de Lucio Costa, Maria Elisa Costa, engrossaram a lista dos descontentes com o destino do Touring.

Divulgação/Metrópoles

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