Inep autoriza jovem com deficiência a refazer prova do Enem no DF

Edson Gabriel Dornelas, 18 anos, tem deficiência múltipla e alega não ter tido o atendimento especializado adequado durante o exame

atualizado 16/11/2022 19:58

Imagem cedida ao Metrópoles

O estudante com deficiência que denunciou a falta de atendimento especializado adequado durante a aplicação da primeira fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, no último domingo (13/11), terá o direito a participar da reaplicação da prova. A informação foi divulgada, nesta quarta-feira (16/11), pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo a autarquia, houve falha da aplicadora contratada na condução do atendimento especializado ao candidato.

“A autarquia tomou conhecimento sobre as questões alusivas à execução da aplicação e apurou que houve falha da aplicadora contratada na condução do atendimento especializado. Em função disso, todas as medidas necessárias para resguardar os direitos do participante foram tomadas”, informou o Inep.

Edson Gabriel Dornelas, 18 anos, tem baixa visão, deficiência intelectual e comprometimento motor fino. Por conta da condição, ele solicitou o acompanhamento durante a aplicação da prova, no Centro de Ensino Médio Setor Oeste.

“Foi assegurado para ele auxílio de leitura, auxílio de transcrição e prova com horário ampliado. Tudo estava escrito no cartão de confirmação dele”, detalhou ao Metrópoles Kleyne Cristina Dornelas, 47 anos, mãe do aluno.

Porém, mesmo com o direito de receber esse tipo de atendimento, Gabriel, que sonha em cursar gestão do agronegócio, alegou ter passado por uma situação de constrangimento durante a realização do Enem. A profissional que o acompanhou não leu a prova de língua estrangeira e não lhe deu suporte para escrever o rascunho da redação.

De acordo com Kleyne, a falta de um atendimento adequado demandou do filho dela bastante tempo devido ao comprometimento visual e motor fino.

“Ele foi prejudicado nessa prova. O tempo que ele perdeu lendo a prova de espanhol e escrevendo a redação foi enorme, não teve o direito dele garantindo. O atendimento especializado existe para diminuir a distância dele dos outros candidatos, mas nem isso foi assegurado”, lamenta a professora.

A mãe de Gabriel levou a denúncia para a ouvidoria do Inep e ao Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), na expectativa que ele possa refazer a primeira etapa do Enem.

Nesta quarta-feira, a autarquia informou que o adolescente vai participar da reaplicação da prova, prevista para o dia 10 de janeiro de 2023.

“Ademais, o Instituto informa que implementou os ajustes necessários à solicitação de atendimento especializado do participante de forma a garantir que, no próximo domingo, 20 de novembro, o estudante receba todo o suporte que necessite para efetuar as provas do segundo dia do exame”, ponderou o Inep, por meio de nota.

Feliz com a oportunidade de refazer a primeira fase do exame, Gabriel comemorou a notícia. “Essa vitória não é só minha, mas de todas as pessoas com deficiência. Vibramos muito e tivemos a certeza de que a coletividade é essencial para garantia de direitos”, contou.

Atendimento especializado

Os atendimentos especializados fazem parte da Política de Acessibilidade e Inclusão do Inep, instituída em 2000, com a operacionalização para participantes com deficiência. Desde então, foram implementados diversos recursos e instrumentos para inclusão de participantes com deficiência, inclusive prova ampliada, auxílio para leitura e transcrição.

No Enem 2022, o Inep aprovou 6.765 pedidos de auxílio para leitura, 5.755 de auxílio para transcrição e 4.313 de prova ampliada.

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