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IML conclui que paciente morreu por traumatismo craniano após cair da janela de UPA

Cidalva Prates Guedes, 53 anos, estava internada na UPA de Ceilândia, quando acabou caindo da janela do lugar. Ela morreu em 14 de março

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles
Janela de UPA - Metrópoles
1 de 1 Janela de UPA - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte de Cidalva Prates Guedes, aos 53 anos, foi “traumatismo craniano por ação compatível a queda”. A paciente estava internada na unidade de pronto atendimento (UPA) de Ceilândia, quando acabou caindo da janela do posto de saúde. Ela morreu em 14 de março.

O documento também indica que havia alterações compatíveis com hepatopatia crônica, fígado com aspecto cirrótico. A condição não foi causa direta da morte, mas, segundo o documento, contribuiu para a o piora do quadro de saúde da mulher como um todo.

Segundo Guilherme Augusto, advogado da família, os parentes pretendem entrar com uma ação judicial contra o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) e o Governo do Distrito Federal (GDF).

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“Vai ter uma ação judicial, uma ação de reparação por danos morais em razão do acontecido e por danos materiais pelos custos que a família teve, por exemplo, com o sepultamento, mas a intenção é um processo contra o GDF e o Iges”, disse Augusto.

Família acredita em negligência

“É com muita dor que informo que minha mãe acaba de falecer”, disse Andressa Guedes Araújo, 33, filha de Cidalva, no dia do óbito da mulher. A paciente estava internada no Hospital de Base, unidade para a qual foi transferida após a queda. Segundo os familiares, os médicos consideravam o quadro dela irreversível.

Veja o ponto da queda:

O caso

“A gente deixou a nossa mãe lá bem, para se curar de uma dengue. E minha mãe saiu de lá com traumatismo craniano, porque não cuidaram dela. Não cuidaram dela! Deixaram ela pular. Segundo eles, por um delírio. Mas, se uma pessoa está com delírio, porque não amarra, não contém, não ficam olhando?”, desabafou Andressa, em entrevista ao Metrópoles, no dia 12 de março, quando a família denunciou o caso à imprensa.

Inicialmente, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), responsável pela gestão das UPAs do DF e do Hospital de Base, negou que tenha havido omissão e negligência no caso de Cidalva. O órgão prometeu, ainda, apurar o episódio e adotar providências para evitar situações semelhantes.

O quadro

Segundo a família, em 24 de fevereiro último, Cidalva não se sentia bem e buscou atendimento na unidade básica de saúde (UBS) de Samambaia, onde foi diagnosticada com dengue. No entanto, não foi internada e recebeu orientação para seguir o tratamento em casa. O quadro não melhorou, a paciente passou a reclamar de dores abdominais e teve sangramento pelo nariz.

Em 3 de março, Cidalva foi levada pela família para a UPA de Ceilândia. A família queria acompanhar a paciente, mas não foi autorizada. Ao chegar em casa, parentes souberam que Cidalva teria desmaiado, voltaram para a unidade. Após exames e a prescrição de analgésicos, a paciente voltou novamente para casa.

Na madrugada de 4 março, Cidalva buscou novamente socorro na UPA, pois as dores no abdômen pioraram. Foi quando acabou internada na sala verde. “Ela ficou em uma poltrona, sentada, sem direito a acompanhante. Eu perguntei se podia ficar, mas disseram que não podia e que devia ir para casa”, contou Andressa.

Segundo a filha, Cidalva ficou na poltrona até o dia 8 de março. Por telefone, a paciente teria informado para a família que seguia sentindo dores e que estava recebendo poucos remédios. “Eu disse: ‘Mãe, grita. Pede para eles darem os remédios’. Ela estava consciente”, relatou.

Dengue hemorrágica

De acordo com a família, a equipe de tratamento informou que Cidalva estava com dengue hepática hemorrágica. Debilitada, a paciente tinha dificuldade para caminhar e se alimentar. Por isso, os familiares receberam a autorização para ficar na unidade.

Na manhã do dia seguinte, Andressa deu banho na mãe e ficou assustada com a fragilidade dela. A família, então, pediu a transferência para um leito de hospital. Parentes conseguiram um vaga no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte. No entanto, de acordo com Andressa, a equipe da UPA informou que ela ficaria na unidade, mas na ala vermelha, recebendo o tratamento adequado.

Choro

Ao chegar na nova ala, Cidalva ficou assustada ao ver um paciente intubado. Chorou e pediu para voltar para casa. “Eu falei: ‘Não, mãe. Aqui você vai ter mais pessoas acompanhando a senhora. Aqui você vai ter mais pessoas te cuidando’. Os enfermeiros falaram que haveria um médico 24 horas”, lembrou Andressa. “Ela falou: ‘Está melhor aqui, não é, minha filha? Aqui pelo menos tem uma cama’.” Na ocasião, uma enfermeira afirmou a  Andressa que cuidaria de Cidalva.

No mesmo dia, a família foi visitar a paciente e ficou feliz. “Minha mãe estava ótima. Riu, tomou um suco. Estava deitada na cama bem. Isso às 17h. A gente saiu feliz. Poxa, minha mãe estava bem, estava ótima. Deixei ela boazinha lá, claro com os problemas da dengue”, relatou.

Queda

Mas, por volta das 20h, a família voltou à UPA para ter notícias e foi surpreendida com a informação de que Cidalva teria pulado de cabeça de uma das janelas da unidade de saúde. A queda teria sido de aproximadamente 2 metros de altura. “Só fomos avisadas porque fomos lá. Ninguém ligou para gente. Não tem uma ligação”, criticou.

Segundo Andressa, a equipe da UPA disse que a paciente teria tido um surto, um delírio, e pulado da janela, e que teria sofrido apenas um “cortezinho na cabeça”, e que seria necessária só uma tomografia. “Poxa, deixaram minha mãe pular. A gente nunca ia imaginar uma situação tão grave”, desabafou.

Gravíssimo

De acordo com a família, a paciente foi transferida apenas à 0h50 de 10 de março ao Hospital de Base. Chegou ao local por volta das 2h. Mas o diagnóstico recebido no hospital foi bem diferente do da UPA. Segundo a família, os médicos falaram que o estado da paciente era gravíssimo, e que ela deveria ter sido intubada logo após a queda.

Andressa contou que, segundo os exames, a mãe sofreu uma hemorragia cerebral gravíssima, que comprimiu o cérebro. A família apresentou queixa na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso.

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