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Grupo de extermínio: PMs presos movimentaram R$ 11 milhões em 4 anos

Informação consta na decisão que ordenou a prisão dos PMs de Goiás e chama a atenção pelas quantias por serem “vultosas e incompatíveis”

atualizado

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles
Policiais militares de Goiás (PMGO) queima de arquivo
1 de 1 Policiais militares de Goiás (PMGO) queima de arquivo - Foto: Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Suspeitos de envolvimento no assassinato de oito pessoas, os policiais militares de Goiás Marcos Jesus Rodrigues e Almir Tomas de Aquino Moura movimentaram, juntos, mais de R$ 11 milhões nos últimos quatro anos. A informação consta na decisão judicial que ordenou a prisão dos PMs e chama a atenção dos investigadores por serem “vultosas e incompatíveis com os rendimentos” da profissão.

Marcos Jesus Rodrigues movimentou cerca de R$ 6 milhões durante o período de quatro anos, enquanto Almir Tomas de Aquino Moura fez transações de R$ 5,8 milhões, com dois picos significativos no fim do ano de 2020 e início dos anos de 2021 e 2022. Junto com outros oito policiais, os homens são suspeitos de participarem da “Confraria da Morte”, grupo de militares presos, na terça-feira (19/9), por suposto assassinato de testemunhas durante operações em cidades goianas.

Execuções

O empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante foi alvo de uma emboscada e morto a tiros nas ruas de Anápolis, Goiás. O assassinato teria desencadeado pelo menos outras sete mortes em uma longa queima de arquivo nas ruas goianas.

Em 2019, o empresário fez uma série de vídeos e publicações dizendo que estava assustado com as ameaças recebidas depois de fazer denúncias. As promessas contra a vida de Fábio viriam, inclusive, de pessoas ligadas à Polícia Militar de Goiás (PMGO).

Dois anos depois, em 23 de junho de 2021, o homem foi assassinado por disparos de arma de fogo. Segundo documentos aos quais o Metrópoles teve acesso, a vítima foi atraída para uma emboscada por indivíduos que, se passando por compradores de um imóvel, marcaram encontro utilizando um celular.

Foi esse celular que, segundo os policiais, acabou gerando, indiretamente, a morte das outras pessoas. Os investigadores apuraram que, meses antes da morte de Fábio, o objeto estava em posse de Bruna Vitória Rabelo Tavares. A mulher é esposa de um suposto traficante, que teria conseguido o telefone como pagamento por uma venda de crack.

Bruna e o companheiro estavam em um motel quando foram abordados e agredidos por policiais militares, que levaram o telefone. Posteriormente, o dono do aparelho reconheceu os PMs envolvidos, incluindo o cabo Glauko Olívio de Oliveira.

Meses depois, Bruna – que estava grávida de 7 meses – foi vítima de homicídio, com tiros disparados por dois homens em uma motocicleta. O esposo dela, novamente, reconheceu Glauko Olívio como sendo um dos atiradores.

Infográfico colorido com informações de vítimas da "Confraria da morte"
Supostas vítimas da confraria da morte

No mesmo dia do assassinato da jovem, procurando justificar a execução, um grupo de policiais militares se envolveu em suposto confronto com disparos de arma de fogo, ocasionando a morte de Gabriel Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria. Todos eram amigos de Bruna e o esposo.

Segundo a decisão que ordenou as prisões da “Confraria da morte”, os policiais envolvidos no assassinato dos três homens são: Glauko Olivio de Oliveira, Thiago Marcelino Machado, Adriano Azevedo Souza, Wembleyson de Azevedo Lopes, Jhonatan Ribeiro de Araújo e Rodrigo Moraes Leal.

Procurando pelo suposto traficante, única testemunha que teria visto os policiais nos crimes, os militares Glauko, Thiago e Wembleyson foram acusados de torturar e matar Bruno Chendes, Edivaldo Alves da Luz Junior e Daniel Douglas de Oliveira Alves.

Eles também eram amigos da testemunha e, conforme inquérito policial, foram torturados até a morte, para que fornecessem informações sobre o paradeiro do homem.

Uso do celular

Antes do assassinato do empresário Fábio, segundo as investigações, o policial Marcos Jesus Rodrigues consultou o CPF da vítima no sistema da Secretaria de Segurança Pública, mas os dados de IP da consulta estavam registrados em nome do major da PMGO Almir Tomás de Aquino Moura.

Dias depois, Glauko Olivio de Oliveira realizou a conexão de internet na casa do também policial militar Erick Pereira da Silva e, utilizando-se do número de CPF de Fábio Alves, cadastrou o chip no celular roubado.

Além disso, conforme consta nas investigações, nos três dias em que a linha telefônica ficou ativa, o celular estava nas imediações do endereço residencial do PM Welton da Silva Vieiga, que morreu em dezembro de 2022.

Welton atuava no mesmo batalhão da Polícia Militar em que estão lotados Marcos Jesus Rodrigues e Almir Tomas de Aquino Moura, ambos investigados no inquérito policial que envolve o homicídio do empresário goiano.

Operação Tesarac

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) cumpriu 10 mandados de prisão temporária contra policiais militares de Goiás. O grupo, conhecido como “Confraria da morte”, é suspeito de planejar vários assassinatos durante operações policiais nas cidades de Anápolis e Terezópolis.

Os PMs presos são:

  • Almir Tomás de Aquino Moura – major
  • Marcos Jesus Rodrigues – subtenente
  • Marco Aurélio Silva Santos – 1º sargento
  • Erick Pereira da Silva – 3º sargento
  • Glauko Olivio de Oliveira – cabo
  • Thiago Marcelino Machado – cabo
  • Rodrigo Moraes Leal – soldado
  • Adriano Azevedo de Sousa – 2º tenente
  • Wembleyson de Azevedo Lopes – soldado
  • Johnathan Ribeiro de Araújo – cabo

Além disso, a Operação Tesarac, responsável por investigar os crimes, cumpriu 18 mandados de busca e apreensão em Anápolis, Caldas Novas, Nerópolis, Nova Veneza, Goiânia e Brasília.

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás confirmou a prisão de policiais militares do estado e acrescentou que “o Comando de Correições e Disciplina da PMGO acompanhou o cumprimento de mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis”.

Os policiais militares foram recolhidos ao presídio militar, onde permanecem à disposição da Justiça.

A Corregedoria da PMGO instaurou os procedimentos legais cabíveis. “A SSP-GO, juntamente com todas as Forças de Segurança, reitera que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta”, informou o órgão por meio de nota.

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