Grávida é chamada de gorda no metrô e tem assento preferencial negado
Uma mulher duvidou que Tainá Morais estivesse grávida e disse que, na verdade, ela estava gorda
atualizado
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A jornalista Tainá Morais, 22 anos, ainda está tentando entender por que foi vítima de um ataque de raiva no metrô nessa sexta-feira (16/12). Grávida de quatro meses, ela voltava do trabalho, mas não estava se sentindo bem. No vagão, pediu para que uma mulher desocupasse o banco preferencial para que ela pudesse sentar e descansar. A reação, no entanto, surpreendeu. Tainá foi chamada de mentirosa e obesa.
“Todo mundo aqui sabe que você não está grávida. Fique em pé como todos. Você está gorda, está cansada, o problema é seu”, atacou a mulher que foi identificada nas redes sociais. No entanto, após ser criticada nos comentários, cancelou sua conta no Facebook.“Eu pedi para sentar porque estava passando muito mal. Estava com enjoo e pressão baixa. Eu não faço questão de ir sentada em metrô ou ônibus. Mas como ela trata a gente assim?”, desabafou Tainá. Revoltada, a jornalista gravou as agressões verbais e postou na rede social. O vídeo já tem mais de 93 mil visualizações.
Veja abaixo:
Eu me senti super humilhada na frente de todos. O que mais me doeu foi ter diversas pessoas presenciando a situação e ninguém fez absolutamente nada. Sei que não é responsabilidade de ninguém. Mas, de verdade? Me senti um lixo
Tainá Morais, jornalista
Na manhã deste sábado (17), Tainá registrou boletim de ocorrência contra a mulher na 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Sul. “Ontem (16), me segurei para não fazer nada. Eu iria perder a razão e pensei também muito na minha filha, o mal que poderia fazer a nós. Mas é impossível não saber que estou grávida. Procurei a delegacia porque não posso deixar essa história impune”, desabafou.
Demais problemas
Como mostrou o Metrópoles na última quinta-feira (15), proporcionalmente, o sistema da capital federal é um dos menos utilizados pela população em comparação a outras cidades. Apenas 4,9% da população do DF é usuária do metrô, ante os 28,2% de São Paulo, os 12,2% do Rio de Janeiro e os 8% de Belo Horizonte. Os dados são da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, especialista em transporte público, duas principais questões afastam o brasiliense da utilização desse meio de transporte: a lotação e a falta de integração. “Apesar de não ter muita adesão, o metrô fica muito cheio durante o horário de pico. Isso ocorre porque os carros são muito pequenos e os intervalos ainda são longos em comparação a padrões internacionais. Por isso, as pessoas não gostam de usar“, completou.