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Governo oferece tratamento gratuito a dependentes químicos

Cinco casas terapêuticas conveniadas acolhem pessoas envolvidas com entorpecentes, como o técnico de informática Leandro Carvalho

atualizado

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Andre Borges/Agência Brasília
Bruno Carvalho hoje é voluntário e ensina informática na Salve a Si.
1 de 1 Bruno Carvalho hoje é voluntário e ensina informática na Salve a Si. - Foto: Andre Borges/Agência Brasília

O talento de Leandro Bruno Carvalho para a informática sempre lhe rendeu bons empregos. Ainda jovem, montou o próprio negócio, morou em bairros nobres e teve regalias de um típico morador de classe média alta. Mas o uso de cocaína, merla e crack causou efeito devastador. Ele perdeu não só o controle para gerenciar a empresa, mas também encerrou um casamento sólido e passou a viver de pequenos furtos em supermercados para sustentar a dependência.

Após perder 25 quilos, ficar com os dentes apodrecidos e praticamente sem abrigo, decidiu aceitar ajuda, aos 32 anos. Por meio do Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAP-AD) do Guará, foi encaminhado para uma casa terapêutica conveniada com o governo de Brasília, em outubro de 2014. O tratamento durou nove meses. Sóbrio, ele se dedica a ensinar informática na própria casa de recuperação — a Salve a Si, na Cidade Ocidental (GO).

A história de Leandro serve de inspiração para familiares de usuários de entorpecentes em busca de ajuda. O governo de Brasília oferece tratamento gratuito em cinco casas de recuperação conveniadas com capacidade total de 152 pacientes. O dependente de álcool ou outra droga pode ser encaminhado para as instituições por meio de algum dos nove CAP-AD espalhados pelo DF.

O tratamento é voluntário. Nas casas, o paciente recebe cinco refeições diárias, acompanhamento psicológico, psiquiátrico e assistência social, além da oportunidade de aprender algum ofício, como carpintaria, serralheria e informática. No ano passado, 1.678 homens e mulheres foram atendidos nessas comunidades graças ao convênio.

Redução de danos
Em 2015, o Executivo destinou R$ 1,8 milhão para a ressocialização de homens e mulheres dependentes de crack, de cocaína, de maconha, de álcool e de outros entorpecentes.

De acordo com Joana Mello, subsecretária para Políticas de Justiça e Cidadania e Prevenção ao Uso de Drogas, da Secretaria de Justiça e Cidadania, o envolvimento do poder público contribui para redução de gastos em áreas como a Saúde e a Segurança, pois haverá dispêndio menor com medicamentos e internações.

Tratar a dependência química também ajuda na diminuição de furtos e roubos, uma vez que muitos usuários passam a cometer delitos para sustentar a doença. “Investir nas parcerias com essas comunidades terapêuticas é uma forma de reduzir danos, pois elas desenvolvem um trabalho importante de reinserção do paciente à sociedade”, destacou Joana, também presidente do Conselho de Políticas sobre Drogas do DF (Conen).

Para Henrique França — conselheiro deliberativo da Federação Brasileira das Casas Terapêuticas e fundador da Salve a Si, na Cidade Ocidental — mais do que inserir o dependente químico num processo de desintoxicação, é preciso fazer com que o paciente se sinta útil para trabalhar quando voltar ao convívio social: “Por isso, temos cursos de panificação, informática, serralheria, mestre de obras, para que ele possa ter condições de transformar a vida e trabalhar com dignidade”.

Fiscalização
Desde os primeiros meses do governo, Rodrigo Rollemberg demonstrou que o tratamento a usuários de substâncias ilícitas e de álcool seria prioridade. Em fevereiro de 2015, quitou três mensalidades atrasadas deixadas pela gestão anterior.

Para melhorar a qualidade do atendimento aos dependentes químicos, a Secretaria de Justiça e Cidadania intensificou as inspeções às casas. “É importante destacar o compromisso dos responsáveis por essas entidades, pois sempre que identificamos algum problema, eles se empenham em resolvê-los imediatamente”, afirmou Joana.

O telefone do Conen está disponível para quem quiser tirar dúvidas e receber orientações: 2104-1830 e 2104-1831.

Casas terapêuticas

Ceilândia
Renovando a Vida
Núcleo Rural Alexandre Gusmão, Gleba 3, Ceilândia (DF)

Ceilândia Norte
ABBA PAI
CNR1, Conjunto 1, Núcleo Rural Monjolinho, Ceilândia Norte (DF)

Cidade Ocidental (GO)
Salve a Si
Fazenda Lages, Estrada do Córrego Lages, Sítio Gleba nº 9, Cidade Ocidental (GO)

Planaltina (GO)
Associação Beneficente Caverna de Adulão
Núcleo Rural Córrego do Atoleiro, Chácara 11, Planaltina (GO)

Vicente Pires
Instituto Crescer, Nova Vida
Rua 10, Chácara 118, Vicente Pires (DF)

Relação dos CAP-AD

CAP-AD Rodoviária
Antigo Prédio do Touring. Setor Cultural Sul, Zona Cívico-Administrativa-

CAP-AD Guará
QE 23 Área Especial s/n, subsolo do Centro de Saúde nº 2, Guará II

CAP-AD Ceilândia
QNN 1, Conjunto A, Lotes 45/47, Avenida Leste

CAP-AD Santa Maria
QR 312, Conjunto H, Casa 12

CAP-AD Sobradinho
AR 17, Chácara 14, Sobradinho II

CAP-AD Samambaia
QS 107, Conjunto 8 Lotes 3, 4 e 5, Samambaia DF

CAP-AD Itapuã
Complexo Administrativo do Itapuã, Quadra 378, Conjunto A, Área Especial 4

CAP-AD Taguatinga
QNF Área Especial 24, Setor F, Norte

CAP-AD Brasília
Quadra 714/715 Norte, Bloco C, Lojas 1, 2 e 3, Asa Norte

Mais informações:
Conselho de Políticas sobre Drogas do DF (Conen): 2104-1830 e 2104-1831

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