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Engenheiro que projetou viaduto chora: “É triste ver uma coisa dessa”

Bruno Contarini, 84 anos, foi o responsável pelo projeto na época da construção de Brasília. Ele disse que faltou manutenção

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
choro, brun contrini
1 de 1 choro, brun contrini - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

“É triste ver uma coisa, que deveria estar inteira, arrebentada pela corrosão. Isso não precisava ter acontecido”, lamentou o engenheiro civil calculista Bruno Contarini, 84 anos, responsável pela projeção da obra do viaduto na Galeria dos Estados, nesta quarta-feira (7/2). Ele não conteve a voz embargada ao visitar os destroços da imponente estrutura, décadas depois de projetá-la e perceber o quanto ela foi maltratada. “Estamos há 50 anos sem manutenção. O que ocorreu foi a oxidação de uma armação principal e ela falhou, provocando isso”, diagnosticou.

Contarini veio a Brasília a convite do GDF, após o desabamento do viaduto que quase provocou uma tragédia sem precedentes na capital do país. A expectativa é de que o engenheiro ajude a definir se a estrutura pode ser recuperada ou se deverá ser demolida.

De acordo com o profissional, a água penetrou em uma fissura e atingiu o aço de proteção, que foi corroído com o tempo até arrebentar. Agora, sugeriu, deve ser feita uma perícia dos cabos e da laje a fim de saber se é possível aproveitar o que restou da estrutura ou se será preciso demolir tudo para reconstruir.

Contarini é um dos mais importantes engenheiros estruturais do Brasil. Ele participou efetivamente de vários projetos na época da construção da cidade, como o Palácio da Alvorada e o Minhocão da Universidade de Brasília (UnB).

De acordo com o diretor do DER, Henrique Luduvice, o engenheiro foi contactado na noite de terça (6): “Trouxemos Contarini para ele nos passar tudo o que conhece da obra e nos orientar naquilo que precisamos recuperar”. Como há riscos de novos desabamentos, toda a área do viaduto permanecerá isolada até o dia 19.

Representantes do Crea-DF e do Sindicato dos Engenheiros da Construção Civil (Sinduscon) defenderam que a estrutura do viaduto do Eixão Sul seja completamente demolida. “O risco de escorar é imenso e ameaça a vida de trabalhadores. A melhor solução é demolir tudo”, defendeu Fátima Có, presidente do conselho.

O desabamento
O acidente que assustou a população da capital do país ocorreu por volta das 11h50 de terça (6). Dezenas de carros no Eixão Sul tiveram de retornar no meio da via, que foi interditada, após duas faixas do asfalto cederem.

Segundo o Corpo de Bombeiros, não houve feridos. Cães farejadores percorreram a região em busca de vítimas. Logo após a estrutura despencar, fotos e vídeos inundaram as redes sociais. As pessoas não acreditavam no que viam: o asfalto desmoronado em plena área central de Brasília.

Veja fotos:

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Tragédia anunciada
A deterioração das estruturas já foi alvo de relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas, além das pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectados desde ferros expostos e infiltrações até descolamento do concreto e fendas abertas.

Após ficar oito anos sem manutenção, a Ponte JK recebeu a atenção do Governo do Distrito Federal em 2011, quando uma das peças de apoio da estrutura teria se desgastado. Devido a isso, a pista oscilava com a passagem dos veículos, abrindo uma fissura que ultrapassou 4cm de largura.

Reforçada duas vezes, a Ponte do Bragueto é outra estrutura que pede socorro. É possível ver trincas na laje inferior e ondulações na parte superior.

O acidente dessa terça (6) ocorreu dois dias após o desabamento da laje de uma garagem na 210 Norte. No domingo (4), o piso despencou sobre 23 carros.

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