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Em menos de 24 horas, gasolina fica até R$ 1,05 mais cara no DF

A diferença representa um impacto de R$ 52,50 no bolso dos consumidores que abasteceram 50 litros

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 combustível - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Quem não conseguiu encher o tanque no início da semana, quando o litro da gasolina estava sendo comercializado por R$ 2,94 no Distrito Federal, dançou. Um dia depois de o governo federal anunciar o aumento das alíquotas de PIS e Cofins dos combustíveis, os postos brasilienses aumentaram o preço da gasolina em até R$ 1,05. A reportagem encontrou valor máximo de R$ 3,99. A diferença, em menos de 24 horas, representa um impacto de R$ 52,50 no bolso dos consumidores que abasteceram 50 litros.

Nesta sexta (21/7), a cena mais comum que se viu foram filas em postos que ainda não reajustaram os valores. Naqueles que aumentaram, carros entravam e saíam sem parar nas bombas. “Nossa alegria durou pouco. Consegui abastecer por menos de R$ 3 nas últimas duas semanas. Agora, os preços saltaram”, lamentou o servidor público Antônio Albuquerque, 53 anos.

Surpresa desagradável também para a arquivista Ana Magda Lira, 41 anos. Na semana passada, ela encheu o tanque no Lago Sul pagando R$ 3,21. Hoje, ao parar para abastecer, ficou decepcionada com o preço cobrado: R$ 3,87.

A alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrará, passando dos atuais R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por litro. A estimativa de arrecadação com o aumento é de R$ 5,191 bilhões até o fim do ano. Já a alíquota para o diesel subirá de R$ 0,2480 por litro para R$ 0,4615 por litro do combustível, com reforço de receitas de R$ 3,962 bilhões ao Tesouro até o fim do ano.

O aumento do PIS/Cofins para os produtores de etanol será menor, passando de R$ 0,1200 por litro para R$ 0,1309 por litro, com impacto de R$ 114,90 milhões na arrecadação. Na distribuição do etanol, o PIS/Confis estava zerado, mas voltará a ser cobrado em R$ 0,1964 por litro, com uma receita esperada de R$ 1,152 bilhão ainda este ano.

As medidas anunciadas pretendem ajudar o governo a reduzir um rombo de R$ 139 bilhões na meta fiscal deste ano.

Reprodução/Ministério da Fazenda

 

O aumento do tributo frustrou os brasilienses, que comemoravam o fim do cartel e a queda drástica dos preços na bomba nos últimos meses. A capital federal, que já teve o valor mais caro para o litro da gasolina, estava entre as três mais baratas do país.

A redução do peso do combustível no orçamento dos moradores do DF ocorreu em função de mudanças frequentes nos preços praticados pela Petrobras nas refinarias. Até o mês de junho, a revisão dos valores ocorria, geralmente, uma vez por mês. Com a nova política, no entanto, essas mudanças passaram a ser feitas quase diariamente.

Desde o início do mês, os preços de venda adotados pela estatal passaram por 13 alterações, entre aumentos e reduções. No balanço, a gasolina ficou 12,3% mais barata do que no mês passado.

Cartel de combustíveis
Os preços mais favoráveis ao consumidor também são reflexo do fim do cartel formado por postos de combustíveis do DF e Entorno, desmontado em operação da Polícia Federal, em dezembro de 2015. À época, donos e funcionários das principais redes atuantes na região foram detidos.

Segundo as investigações, o grupo se organizava para elevar o valor da gasolina em 20% para os consumidores. Além disso, aumentava o preço do álcool para inviabilizar o consumo do combustível nos postos da capital.

Após a operação, a Cascol, responsável por mais de um quarto dos postos de combustíveis do DF, ficou sob intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) durante um ano. Em abril, a empresa assinou acordo no qual se comprometia a pagar multa de R$ 148,7 milhões por cartel e a cessar a prática anticompetitiva.

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