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Alunos da Uniplan denunciam misterioso desaparecimento de provas e trabalhos

Apesar de fazerem as avaliações, estudantes não têm notas lançadas no diário escolar. O erro faz com que eles sejam obrigados a repetir o semestre e desembolsar mais dinheiro com mensalidades antes de se formar

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O famigerado trote aplicado por universitários nos calouros parece ter ganhado novos contornos no Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan), em Águas Claras, afetando os alunos mais antigos. Mas, em vez de os jovens serem os responsáveis pelas brincadeiras de mau gosto, quem anda aprontando por lá é a própria faculdade.

Um caso inusitado tem mobilizado alunos dos cursos de arquitetura e engenharia civil. Eles denunciam o misterioso desaparecimento de provas e trabalhos. Os episódios são frequentes, afirmam eles. Os estudantes acusam a reitoria da faculdade de omitir o problema.

Mas basta um passeio pelas dependências da Uniplan para constatar vários exemplos de universitários que repetiram disciplinas devido ao sumiço das avaliações e à consequente falta de notas. Matriculado no 8º semestre de Engenharia Civil, João Vinícius de Moraes Nascimento (foto), 30 anos, terá de voltar para o 5º período devido ao não lançamento de 19 notas.

Ele afirma que não tem recebido amparo da faculdade. Por isso, vai procurar a Justiça e denunciar o caso. “O diretor, Geraldo Magela, disse que sou um aluno que quer ganhar nota no grito”, reclama.

Arte Metrópoles

Procon
O colega de semestre Caio Vieira, 23, conta que também passa pelo mesmo problema. O aluno não tem nota em 13 matérias, mas afirma que tem como provar que fez as avaliações. “Os colegas de grupos de trabalho confirmaram que eu havia feito a tarefa. Mesmo assim, não adiantou”, desabafa. “Já procurei o Procon”, emenda.

O sumiço atinge universitários de outras graduações. Matriculada no curso de arquitetura, Francisca Antônia de Lima, 30, conta que fez o 3º semestre duas vezes porque, segundo afirma, a faculdade desapareceu com as avaliações. “Sumiram com todas as minhas notas. Reclamei, mas fui voz vencida”, relata a aluna do quarto semestre.

Ao ameaçar denunciar o problema ao Ministério da Educação, Alessandra Bittencourt (foto), 23, diz que a faculdade lhe deu nota 8 na disciplina desenho técnico. “Não sei de onde eles tiraram a nota, mas ficaram com medo do MEC”, diz.

Tive problemas no 2º semestre com a matéria estudos disciplinares. A faculdade perdeu a ata em que constava a minha presença e a entrega do trabalho. Por isso, estou fazendo essa disciplina novamente

Gabriel Rodrigues, 27 anos, estudante do 7º semestre de arquitetura

Pior ocorreu com a ex-aluna do 7º semestre de arquitetura Gabriela Lins (foto), 22. Ela teve de retornar para o 6º semestre porque as notas dela não foram lançadas. “Minha professora ainda virou para mim, na ocasião, e disse por que eu não fazia o remanejamento para o semestre anterior. Foi horrível. Acabei fazendo o que ela me mandou”, desabafa.

Duana Gomes, 22, está perto de formar. A proximidade com o fim dos estudos tem um efeito contrário nela: em vez de felicidade, está apreensiva. “Desse jeito, vou fazer a minha faculdade em 10 anos”, diz a aluna do 8º período de arquitetura.

Procurado pela reportagem, o diretor da unidade de Águas Claras, professor Noguchi, se limitou a dizer que não daria nenhuma declaração sobre o problema.

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