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DF tem 83,3 mil pessoas esperando por atendimento socioassistencial

Em março, eram 63,7 mil demandas aguardando retorno na Sedes. Isso significa que a fila cresceu em mais 19,6 mil solicitações em 2 meses

atualizado

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JP Rodrigues/Especial Metrópoles
Vasilha com arroz
1 de 1 Vasilha com arroz - Foto: JP Rodrigues/Especial Metrópoles

O Distrito Federal tem 83.382 solicitações aguardando por um atendimento socioassistencial na Secretaria de Desenvolvimento Social neste mês de maio. Os pedidos de atendimento são feitos pelo cidadão através do site da pasta ou por telefone, no 156.

O dado está em documento obtido pelo Metrópoles que mostra resposta da Sedes a um pedido de informações feito por cidadão. Confira:

Na página da Sedes, é possível fazer o registro da necessidade de atendimento junto ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). A pessoa deve escolher entre o atendimento socioassistencial, para demandas como solicitações de benefícios sociais; e atendimento para o Cadastro Único, como, por exemplo, questões que envolvem o Bolsa Família. O agendamento ocorre conforme a disponibilidade de agenda do CRAS.

Conforme o Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do DF (Sindsasc-DF), até o dia 25 de março, eram 63.703 demandas ainda sem atendimento. Isso significa que a fila cresceu em mais 19,6 mil solicitações em apenas dois meses.

Baixa renda

Uma moradora da região do Pôr do Sol, de 38 anos, que pediu para não ser identificada, relatou à reportagem que está desde o início deste ano esperando uma resposta do GDF em relação a um pedido de benefício financeiro.

Ela e o marido sustentam duas filhas, mas estão sem emprego fixo atualmente. “Eu sou cabelereira. Antes da pandemia, tinha um salão de beleza, mas tive que fechar com a crise e agora atendo em domicílio, mas não é todo mundo que quer receber outra pessoa em casa nesse momento. Meu marido está fazendo bicos e eu atendo uma cliente ou outra, e assim vamos sobrevivendo”, narra.

“Nós tínhamos o Bolsa Família há muito tempo, mas abrimos mão em 2015, porque estávamos empregados e não havia mais necessidade. Então, atualizamos o cadastro e cancelamos. Mas, em 2018, meu marido perdeu o emprego e a situação ficou difícil aí tentamos duas vezes ir no CRAS e não resolveu”, relata a moradora do DF.

Já no início deste ano, a mulher relata que tentou contato com a Sedes pelo telefone 156, mas que ainda não teve a demanda solucionada. “Precisamos agora desse benefício e solicitamos por telefone. Eles disseram que iriam retornar para marcar agendamento, mas nunca ligaram de novo. Já não sabemos o que fazer”, lamenta.

Mais pessoas nas ruas

Rogerio Barba, ativista político na área que coordena uma rede com mais de 30 instituições voltadas para população de baixa renda, avalia que dificuldades com o recebimento de benefícios sociais têm levado a um aumento de pessoas vivendo nas ruas da capital.

“Há benefícios que não têm chegado nas casas das pessoas e acaba que não resta outra alternativa a não ser elas irem para as ruas buscar doações. Muitas vezes a população de rua não está ali por falta de moradia, mas por falta de benefícios sociais. Se o governo não chega até elas, elas precisam buscar ajuda na sociedade”, analisa.

“Vejo gente reclamando que uma pessoa recebeu doação na rua depois saiu e foi para casa. Mas queria que ela levasse para onde? A pessoa muitas vezes não está na rua porque quer, porque não tem casa, mas porque não tem aquele alimento para a família, não tem um auxílio financeiro do governo. Aí vai para a rua para buscar alguma doação e depois leva para casa, para ter o que comer”, completa Barba.

O que diz a Sedes

Em nota, a Sedes disse que “os atendimentos socioassistenciais, prestados nas 67 unidades públicas do Sistema Único de Assistência Social (Suas), requerem uma atenção ao cidadão com escuta qualificada, por parte dos profissionais”.

“Os servidores precisam ouvir e orientar o cidadão da melhor forma, o que pode levar um tempo maior em determinados casos, chegando até 2h, uma vez que as unidades estão operando por teleatendimento em razão da pandemia. Mas todos os serviços da Rede Suas no DF estão sendo ofertados regularmente, desde a acolhida até o atendimento particularizado com equipe multiprofissional.”

Conforme explicou a pasta, “por meio de contato telefônico, as famílias podem acessar os Programas Prato Cheio, Bolsa Família (PBF), DF Sem Miséria – DFSM, Bolsa Alfa, Caminhos da Cidadania e Criança Feliz Brasiliense, assim como todos os demais benefícios e serviços ofertados pela rede Suas”.

“Ao todo, o DF dispõe de 27 unidades CRAS, 11 Centros de Referência Especializados de Assistência Social – CREAS, dois Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro Pop) para além de Centros de Convivência e Unidades de Acolhimento. Todas unidades permanecem em pleno funcionamento”, diz a nota.

Segundo a secretaria, “é importante destacar que, a Sedes, com o objetivo de fortalecer o atendimento à população brasiliense, firmou parceria com a Sejus para a implantação do serviço de preenchimento e atualização do Cadastro Único nos postos Na Hora. Além disso, 370 novos servidores foram nomeados neste último ano para reforçar ainda mais o atendimento ao cidadão”, concluiu a secretaria.

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