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DF tem 427 pacientes na luta contra a hanseníase. Saiba onde tratar

A campanha nacional Janeiro Roxo orienta a população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoce da hanseníase

atualizado

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Tomaz Silva/Agência Brasil
Pessoa em cadeira sem a perna, dentro de quarto
1 de 1 Pessoa em cadeira sem a perna, dentro de quarto - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A campanha nacional Janeiro Roxo orienta a população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoce da hanseníase. Cercada por mitos e preconceitos, a doença, antigamente conhecida como lepra, tem cura, mas pode causar incapacidades físicas se a identificação dela for tardia ou o tratamento for inadequado.

No Distrito Federal, atualmente, existem 427 pacientes em tratamento. Em 2020, houve 219 casos novos da doença identificados na capital. Já em 2021, o número de casos novos foi 125, reflexo do cenário da pandemia de Covid-19, que comprometeu a quantidade de diagnósticos. Os dados são do Ministério da Saúde.

De acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), em 2020, 16 pessoas foram internadas na rede de saúde local com hanseníase. Em 2021, foram 21 internações. Ainda não há dados disponíveis do ano de 2022.

A SES-DF ressalta que oferece tratamento e medicamentos na rede pública a pacientes com hanseníase. A pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência para acesso ao tratamento e orientações.

Preconceito em torno da doença

Uma das moradoras do DF que recebeu o diagnóstico de hanseníase em 2021 foi Ana Emília Souto de Oliveira, de 53 anos. Ela, que vive em área rural de Planaltina, soube que tinha a doença em julho do ano passado, após apresentar sintomas como manchas na pele e febre.

“Eu fiquei toda empolada, cheia de manchas, e procurei o hospital de Planaltina de Goiás. De lá, fui encaminhada para o hospital de Planaltina-DF. Uma dermatologista me passou uma pomada e eu vim para casa, mas fiquei ainda pior, senti que estava queimando minha pele”, conta.

Ana Emília, então, voltou à unidade de saúde, onde chegou a ficar internada, com febre, bolhas no corpo e pés inchados. “Fiz teste de Covid e não era. Fiquei lá tomando remédios e depois fiz o teste para hanseníase, que deu positivo”, relata.

Ela conta que logo após receber o diagnóstico iniciou tratamento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Também levei meu filho e meu esposo para serem examinados lá e, graças a Deus, eles não contraíram a doença.”

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Ana trabalhava como diarista antes de manifestar os sintomas. Agora, está afastada do trabalho.

De acordo com o Ministério da Saúde, a hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. “A médica não sabe desde quando eu tenho. No decorrer do tratamento, as manchas devem ir reduzindo, mas ainda tenho na pele”, comenta.

Para Ana, é importante desmistificar a questão da transmissão da doença. “Já fui em locais que falei que tenho hanseníase e as pessoas começaram a passar álcool em tudo, sendo que eu não transmito, pois faço tratamento. Uma assistente social uma vez disse que eu não devia nem estar saindo de casa, e não é assim. Existe um preconceito”, lamenta a moradora de Planaltina.

Como é transmitida?

A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen. A transmissão da hanseníase acontece por tosse ou espirro de uma pessoa doente, que esteja sem tratamento, para outra – após “contato prolongado e contínuo”, segundo o Ministério da Saúde.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia no Distrito Federal (SBD-DF), umas das organizadoras da campanha Janeiro Roxo, muitos desconhecem que é possível a cura e que existe tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme a entidade, são detectados, a cada ano, cerca de 30 mil casos novos no país. “Na grande maioria, a pessoa mora com o contatante de hanseníase, mas é uma transmissão muito demorada, não é tão fácil como a transmissão de Covid-19”, reforça o dermatologista da SBD-DF Ciro Martins Gomes.

O Centro-Oeste responde pela segunda região com maior percentual de casos (20%), ficando atrás apenas do Nordeste (43%). Na sequência vem o Norte (19%, o Sudeste (15%) e o Sul (4%).

Quais os sintomas?

Manchas brancas, marrons ou avermelhadas; caroços; feridas; ressecamento e hipersensibilidade da pele são alguns dos indicativos de hanseníase. Os principais sintomas são:

  • Manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade dolorosa, térmica e tátil
  • Sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros
  • Perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração
  • Inchaço e dor nas mãos, pés e articulações
  • Dor e espessamento nos nervos periféricos
  • Redução da força muscular, sobretudo nas mãos e pés
  • Caroços no corpo
  • Pele seca
  • Olhos ressecados
  • Feridas, sangramento e ressecamento no nariz
  • Febre e mal-estar geral

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio do exame físico geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.

A identificação precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.

A SBD enfatiza que, em caso positivo para hanseníase, é importante que o paciente oriente as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular (familiares, amigos, colegas de trabalho) a também irem ao médico para serem examinadas.

Tratamento pelo SUS

Quem tem diagnóstico de hanseníase deve começar a tomar os medicamentos prescritos imediatamente. Ao fazer isso, o paciente deixa de ser transmissor da doença.

“A doença endêmica afeta países em desenvolvimento como o Brasil. Mas felizmente dispomos de tratamento gratuito no SUS que leva à cura. Após a primeira dose de medicação, o paciente não transmite mais. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, melhor o resultado para evitar sequelas”, informa o dermatologista Ciro Martins Gomes.

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