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DF: síndicos se queixam por espera de 5 anos para podar árvores

Consequências vão de queda de galhos a bloqueio da iluminação pública. Novacap afirma que quadras citadas recebem atendimento anual

atualizado

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Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 arvores-316-norte - Foto: Jacqueline Lisboa/Especial para o Metrópoles

Síndicos do Distrito Federal reclamam da falta de poda de árvores nas quadras residenciais do Plano Piloto, responsabilidade da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap). Os responsáveis pela gestão dos blocos da Asa Norte e da Asa Sul dizem ter protocolos abertos há cinco anos junto ao órgão, que nega falta de atendimento.

A 316 Norte é alvo de queixas. Raimison Jorge, síndico do Bloco E e vice-prefeito da quadra, lista os problemas causados pelos galhos das árvores. “Tivemos problemas com vidraças quebradas. Ramos caem em cima dos carros nos estacionamentos”, conta. Ele precisou pagar R$ 4 mil para consertar o capô do automóvel, amassado por causa de uma queda de madeira.

Raimison e os síndicos de outros blocos da quadra perderam as contas de quantos protocolos abriram na Novacap solicitando a poda das árvores. “Eles respondem que dentro de 15 dias vão encaminhar o engenheiro para fazer a análise, mas nunca mandaram”, relata. “Neste ano, já fizemos várias solicitações, principalmente antes das chuvas.” O protocolo mais antigo é de cinco anos.

As árvores chegam a bloquear a luz dos postes na quadra. “As mangueiras engolem a iluminação pública, que já é decadente. Os resultados são assaltos, roubos, usuários de drogas. São várias consequências que o Governo do Distrito Federal não atribui a esse fato em si – mas é”, afirma Raimison. O síndico diz ainda que os galhos e as folhas que caem além do normal obstruem os bueiros. “Tivemos inundação na garagem do meu prédio”, conta.

A Novacap esteve na região, após a forte chuva no último dia 7 para retirar as árvores que caíram na quadra comercial. Os moradores aproveitaram para mostrar a situação que vem gerando preocupação. Entretanto, não houve retorno. A realização do serviço por terceiros é proibida.

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Árvores ocas

As queixas se estendem à SQN 411, conforme relatos da síndica do Bloco Q, Mirtes Mittelstedt. Há três anos, ela tenta que a equipe da companhia vá até a quadra e faça a poda das árvores. “Eles têm uma lista [de solicitações] e disseram que virão quando chegar a minha vez, mas nunca apareceram.”

Os problemas incluem galhos caídos e folhas, que chegam a entupir os bueiros, mas vão além. A quadra tem uma solicitação em aberto, desde janeiro deste ano, para a retirada de uma árvore oca que tem risco de cair e causar outros danos no local.

Os moradores da 411 Norte sofrem com a queda de árvores. Em abril, foram duas. “A sorte é que caíram em um vão que tem aqui”, conta Karen, síndica do Bloco N. A última chuva forte na capital, na quinta-feira da semana passada, ocasionou a queda de outra. “A Novacap só vem quando as árvores caem”, reclama a moradora.

Veja uma das solicitações, datada de 2016:

Problemas com ratos

Na Asa Sul, a queixa se repete. Tatiana Oliveira, síndica do Bloco K da SQS 313, conta que há cinco anos abre protocolos junto à Novacap para a poda das mangueiras que ficam em frente ao bloco, entre a quadra e a W2.

Um dos problemas com os galhos que ultrapassam o canteiro e invadem a calçada é a queda de mangas na passagem. “As pessoas escorregam nas mangas. Temos problemas com ratos [por causa das frutas podres]. São muitos mosquitos”, disse Tatiana.

Assim como na SQN 316, a iluminação pública é prejudicada pelo crescimento das árvores. Para evitar a insegurança, o prédio arca com os custos de um holofote para iluminar a calçada. “Nós também gastamos cobrindo a calçada com cimento”, conta. Na última visita da Novacap, há pelo menos cinco anos, o caminhão da companhia afundou o pavimento ao ficar estacionado na calçada.

O máximo que os moradores da quadra afirmam ter conseguido com a companhia foi a visita de um engenheiro. “Eles sempre falam que precisam mandar uma pessoa para ver se é necessário [fazer a poda]”, afirma. A síndica conta que uma vistoria foi realizada, constatando a necessidade do corte das árvores. Mesmo assim, não houve a realização do serviço.

Na 108 Sul, a tubulação de águas pluviais teria sido invadida por raízes, de acordo com um laudo de engenharia encomendado pelos moradores da quadra. O documento foi protocolado na Administração da Asa Sul, em outubro.

Em nota, a Novacap afirmou ao Metrópoles que todas as quadras citadas na reportagem recebem poda de árvores anualmente. “Porém, nem toda solicitação culmina em poda, pois as solicitações passam por avaliação técnica de engenheiros e toma-se o procedimento técnico que cada caso requer”, diz o texto.

O balanço enviado pela empresa contabiliza que, de 2018 a 2019, foram realizadas: 145 intervenções na SQN 411; 143 na SQN 316; 117 na SQS 108; e 352 na SQS 313. Sobre as queixas em relação aos bueiros, a companhia aponta que as intervenções, em consequência de raízes, são erradicadas ou remanejadas do local.

“A Companhia acrescenta também que está em processo licitatório para ampliação do número de equipes, o que dará maior agilidade nos atendimentos pleiteados, entretanto nenhuma solicitação deixa de ser vistoriada”, completa a nota.

Casos frequentes

São comuns os casos de problemas com árvores nas áreas centrais da capital. Obstrução de vias e interrupção no fornecimento de energia são algumas das consequências. Em outubro, por exemplo, quadras da Asa Sul ficaram sem água após a queda de uma árvore. Os galhos também atingiram um carro que estava no estacionamento.

Como a árvore era de grande porte, a tubulação de água potável da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) estourou. O vazamento dos tubos infiltrou o solo e acabou alagando o fosso dos elevadores do bloco mais próximo.

Em julho, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) condenou o Distrito Federal a indenizar em R$ 1,2 mil um motorista que teve o carro atingido e danificado pela queda de galhos de uma árvore, nas proximidades do Instituto Hospital de Base (IHBDF), na Asa Sul.

Veja vídeos das consequências da falta de poda em árvores da SQN 316:

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