DF registra média de três denúncias de agressão contra idosos por dia

Os filhos são os maiores algozes e as mulheres, as que mais sofrem, segundo dados da Central Judicial do Idoso (CJI)

Douglas Carvalho
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A cada dia, o Distrito Federal registra uma média de três denúncias de maus-tratos contra idosos. As mulheres são as que mais sofrem e, o pior, dentro de suas próprias casas. De 1.143 registros feitos no ano passado, 96,5% se referem à violência familiar ou interpessoal.

Em 59% dos casos, os filhos são os algozes; 11% sofrem nas mãos de outros parentes; 8,14% são maltratados pelos netos; e 5,7%, acabam se tornando vítimas de seus companheiros ou ex. O tipo mais comum de violência em 2016 foi negligência, seguido por psicológica, financeira e física. Os números constam do 3º Mapa da Violência contra a Pessoa Idosa, feito pela Central Judicial do Idoso (CJI).

De acordo com dados colhidos pela Central, pelo Disque 100 e pelo Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violência (Nepav), a faixa etária em que há mais vítimas desse tipo de crime é de 60 a 69 anos (368 casos, 36,5% do total). A maioria continua sendo mulheres (805 casos, 62,4% do total) – situação observada nos últimos 10 anos, exceto em 2009.

Ceilândia concentra o maior número de denúncias (196 casos, 16,47% do total), seguida por Taguatinga (10,92%), onde houve aumento em relação ao último levantamento da CJI, e Brasília (10,35%). “Isso mostra que a violência não está relacionada diretamente à condição econômica da vítima. Pode ocorrer com os que têm maior renda do mesmo jeito que com aqueles das classes mais baixas”, afirma a defensora pública Márcia Domingos, vice-presidente da CJI.

De 2011 a 2015, o DF oscilou entre a primeira e a segunda colocação no ranking nacional de denúncias de violência contra idosos. Em 2016, ficou em 10° lugar. “Houve queda, mas não quer dizer que há menos casos. As pessoas estão procurando outros meios públicos para registrar as agressões, como delegacias”, explica a juíza do TJDFT Monize Marques.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o DF tinha, em 2014, a maior expectativa de vida do país. Naquele ano, chegou a uma média 77 anos (81 para as mulheres e 73 para os homens). Em 2030, a previsão é de que chegue a 80 (83 para as pessoas do sexo feminino e 77 para as do sexo masculino).

Onde denunciar
A CJI existe desde 2007 e funciona no TJDFT. É fruto de parceria da Corte, do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e da Defensoria Pública da União (DPU). Já o Nepav é um programa da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). O Disque 100 concentra o maior número de denúncias. “Pelo telefone, as pessoas não precisam se identificar”, garante Márcia Domingos.

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