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DF: médico morto viajaria para ver Flamengo receber taça

De acordo com amigo, Luiz Augusto Rodrigues só não foi ao Rio nesta quarta porque a companhia aérea cancelou os bilhetes

atualizado

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Homem de barba com jaleco branco
1 de 1 Homem de barba com jaleco branco - Foto: Reprodução

A morte do médico endocrinologista Luiz Augusto Rodrigues (foto em destaque), 45 anos, na Asa Sul, durante uma abordagem da PM, chocou pessoas que trabalham e moram na Entrequadra 314/315 Sul. Eles dizem que a vítima sempre era vista no local. “Ele era flamenguista. Estava feliz com os títulos conquistados no fim de semana e iria para o Rio de Janeiro ontem (quarta) para assistir à entrega da taça. Chegou a me mostrar a passagem e só não foi porque a companhia aérea cancelou os bilhetes. Não era nem para ele estar em Brasília”, disse um homem, que preferiu não se identificar.

A taça de campeão brasileiro foi entregue no Maracanã, na noite de quarta-feira (27/11/2019), após partida entre o Flamengo e Ceará. Por volta das 9h50, a Polícia Civil chegou ao local onde ocorreu o crime em busca de imagens que possam ajudar a esclarecer o fato.

O médico foi morto a tiro na madrugada desta quinta-feira (28/11/2019). Valcir Rodrigues de Souza, 46, trabalha com serviços gerais em um bloco residencial da 314 Sul. Ele conta que estava em uma pizzaria na quadra quando ouviu dois disparos de arma de fogo e, ao se assustar com o barulho, subiu para ver o que havia ocorrido. “Tinha uma aglomeração de gente. Em poucos minutos, cerca de 15 viaturas da PMDF já estavam no local”, destacou.

A ocorrência foi registrada pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), mas a PM informou que o caso também será apurado pela corregedoria da corporação. O Metrópoles apurou que a corporação afastou o soldado das ruas. Ele está recebendo apoio psicológico.

De acordo com informações preliminares, os militares viram dois homens em atitude suspeita. Eles estavam em frente ao Teatro dos Bancários, perto de uma caminhonete.

Os policiais deram voz de abordagem e, segundo os relatos da corporação, um dos homens sacou uma arma e apontou para os PMs. Um soldado reagiu e fez um disparo que acertou o médico. A vítima estava desarmada. O homem que estava com o endocrinologista é um PM reformado e portava uma arma calibre .38.

O tiro que atingiu Luiz Augusto saiu de uma carabina, da Imbel, calibre 5.56. O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte no local. Segundo os socorristas, o homem foi atingido na cabeça. O soldado se apresentou na 1ª DP e, por isso, não foi preso em flagrante.

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Por meio de nota, a Polícia Militar afirmou que o tiro foi dado “diante do risco iminente”. Afirmou ainda que “os policiais não tiveram alternativa e efetuaram dois disparos, que atingiram um dos homens”.

Vítima assistia jogo

Segundo testemunhas, antes da morte, Luiz Augusto Rodrigues assistia ao jogo do Flamengo contra o Ceará, pelo Campeonato Brasileiro. Estava no Bar e Restaurante Cabana.

Um vigilante afirmou ao Metrópoles que o médico era cliente assíduo do estabelecimento. “Quando estava indo embora, foi abordado por uma equipe da PMDF e só deu para escutar o tiro”, lembrou o homem, que pediu para não ser identificado.

Já um comerciante que trabalha na quadra relatou que o médico era simpático e sempre tratava a todos com cortesia. “Tinha o costume de sair do plantão, no Setor Hospitalar, e passar aqui onde se reunia com outros amigos. Costumava falar que tinha cumprido as tarefas do dia e queria espairecer”, acrescentou. Atualmente, o médico trabalhava na Clínica da Mama.

Outra comerciante da região, que preferiu não se identificar, comentou que estava em sua loja na hora do crime. “Ouvi um barulho e uma mulher que gritava ‘ele matou, ele matou’, quando desci para ver o que era, reconheci o dr. Luiz, já morto. A perícia chegou em minutos. Uma tragédia. Ele nunca andou armado. Não oferecia risco a ninguém.”

Um amigo da vítima, comentou que o que ocorreu é inacreditável. “Passei pelo bar ontem, cheguei a cumprimentar o Luiz. Frequentávamos o local juntos. Era muito amigo. Um cara da paz. Ainda estou sem acreditar.”

 

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