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Conheça Arlécio, o homem por trás da construção da Câmara Legislativa

Aos 84 anos, ainda bate ponto na chamada Casa do povo. Ele foi o servidor responsável por acompanhar as obras da nova sede

atualizado

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1 de 1 Arlécio5 - Foto: Vinicius Santa Rosa/Metrópoles

Pelos corredores da Câmara Legislativa, uma figura de cabelos brancos e passos firmes conhece como ninguém cada cantinho da chamada Casa do povo. Passa por seguranças sem crachá ou boton parlamentar, é cumprimentado por servidores, distritais, visitantes mais veteranos e integrantes da imprensa. Também entra e sai de gabinetes e sessões com desenvoltura.

Alércio Alexandre Gazal, ou doutor Arlécio, como é conhecido, é o homem responsável pela instalação da Câmara Legislativa na primeira sede, na Asa Norte, e posteriormente pela construção do atual prédio, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).

“Tínhamos de correr contra o tempo. Não havia onde colocar os deputados nem estrutura para que eles trabalhassem. Precisamos levá-los para o prédio da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF). Não havia nenhuma estrutura, então, pedi para que o Senado Federal nos cedesse alguns servidores, como, por exemplo, os da taquigrafia. Os primeiros meses foram difíceis”, conta Arlécio.

Aos 84 anos e sem qualquer intenção de se aposentar, ele coleciona passagens pelo cargo de secretário-geral do legislativo local. Atualmente, exerce a função de diretor legislativo, responsável por receber de parlamentares justificativas por faltas em sessões.

 

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A nova sede
A decisão de construir a nova Câmara Legislativa transformou Arlécio, à época secretário-geral, em praticamente um mestre de obras. Para que ele acompanhasse em tempo real tudo que acontecia, foi montado uma sala, quase um quarto, de onde pudesse despachar. A construção levou cerca de dois anos. Ao falar da inauguração, sobra uma ponta de frustração:

“A Casa foi manchada com a [operação] Caixa de Pandora. O Leonardo [Prudente)] saiu e o [ex-presidente] Wilson Lima (PSC) entrou. O prédio estava pronto, mas não tínhamos condições de mudar. Ele deu a ordem para inaugurar, pois queria deixar o nome na placa”, recorda Arlécio.

 

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Vitória de brasilienses e candangos
Até 1989, o governo do Distrito Federal era indicado pelo presidente da República. Não havia “deputados estaduais”, como nas demais unidades da Federação. No caso do DF, foram nominados “deputados distritais”.

Com a redemocratização do Brasil, candangos e brasilienses tiveram a oportunidade de escolher, pela primeira vez, desde a criação da cidade, seus representantes. Com oito deputados federais, seriam escolhidos pelo sufrágio popular, a partir daquele pleito, 24 distritais – três para cada um dos congressistas.

A criação da Câmara Legislativa é a grande vitória de Brasília, na opinião do pioneiro Arlécio: “Aqui, as pessoas trazem suas reclamações, pedem ajuda e, quando tem um projeto de interesse, enchem as galerias. Os deputados se sentem comovidos, às vezes até pressionados, e os projetos acabam aprovados ou não”.

Servidor mais antigo
Quando a Casa do Legislativo local foi criada, não havia servidores para trabalhar com os novos parlamentares. Por isso, alguns deles precisaram ser requisitados à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Entre os funcionários que chegaram à CLDF, estava Ricardo Carvalho. Atualmente, ele é o servidor com a matrícula vigente mais antiga.

“Acompanhei a transformação da Câmara Legislativa no cenário político. Ela foi uma conquista para a sociedade, porque tudo era o governo quem decidia. Hoje, tudo passa pela Câmara, que acompanha as ações do Executivo e faz bem o seu papel de fiscalizar”, conta Ricardo Carvalho, que desde 1991 está lotado na liderança do Partido dos Trabalhadores.

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Escândalos

Apesar das comemorações, os dois servidores são unânimes em lamentar as crises políticas que atingiram a Casa nos últimos anos. Para doutor Arlécio, o episódio mais grave foi a Operação Caixa de Pandora, que respingou em vários deputados entre os anos de 2009 e 2010.

No entendimento de Ricardo Carvalho, os desdobramentos da Operação Drácon foram emblemáticos. “Esse problema com as emendas manchou a Câmara Legislativa. Uma quadrilha fez a Câmara Legislativa virar caso de polícia. Foi bem triste”, desabafa o servidor 01.

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