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Condenada sete vezes, mulher foge do DF para aplicar golpes pelo país

Nilva Castilho usava documentos falsos e colhia informações das futuras vítimas na internet. Criminosa foi presa no Espírito Santo.

atualizado

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1 de 1 Golped2 - Foto: ISTOCK

Quatro condenações na Justiça do Distrito Federal não bastaram para frear a prática criminosa de uma estelionatária em pelo menos quatro estados, além da capital da República. No cartel, Nilva Castilho dos Santos, 48 anos, acumula delitos cometidos na última década. A lista inclui falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e roubo, no DF, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, onde, há seis dias, ela foi presa ao tentar fazer mais uma vítima.

No último dia 17, a Polícia Militar de Vila Velha (ES) deteve Nilva após ela ter utilizado documentos falsos na intenção de contratar plano de telefonia móvel. Os dados, segundo a Polícia Civil capixaba, seriam usados para a obtenção de outros benefícios, como empréstimo bancário. Por coincidência, o alvo da criminosa seria uma publicitária de Brasília, onde Nilva praticou a maior parte de seus delitos.

A estelionatária foi levada para a Penitenciária Feminina de Cariacica (ES) no dia seguinte, mas recuperou a liberdade por meio de alvará de soltura expedido pela Justiça capixaba.

Somente no DF, existem sete ocorrências envolvendo Nilva desde 2007, todas por estelionato, registradas nas delegacias das asas Sul e Norte, Setor “O” e Gama (quatro). O modus operandi de Nilva é variado, mas o golpe conhecido como “conto do paco” é o preferido. Os alvos eram, em maioria, idosos.

DIVULGAÇÃO/POLÍCIA CIVIL DO ESPÍRITO SANTO

A falcatrua começa quando um dos criminosos deixa cair no chão pacote com cartões de crédito, em locais públicos. Minutos depois, outro integrante do bando alerta a futura vítima sobre os objetos e afirma que o dono deles quer oferecer uma recompensa.

Na sequência, o criminoso se dispõe a segurar objetos pessoais das vítimas e indica um estabelecimento onde elas podem obter a gratificação por devolverem os cartões perdidos. Os alvos, então, se dirigem ao local. Enquanto isso, os bandidos fogem, em um carro de prontidão, com os pertences das pessoas enganadas. Um pedreiro caiu no golpe em 2009, na QNO 19 de Taguatinga, e perdeu R$ 3,5 mil que havia acabado de sacar. O dinheiro era referente a uma rescisão contratual.

Os crimes de Nilva também incluem ameaças. Um ano antes, com a ajuda de comparsa, ela roubou a bolsa de uma mulher, na 511 Sul. A dupla foi presa com os pertences da vítima: joias, dinheiro em espécie, documentos pessoais e bancários, além de chave.

Nilva é acusada também de falsificação de documentos, pelos quais ela obtém empréstimos bancários e outros serviços. A mulher não age sozinha: todos os processos judiciais contra ela envolvem comparsas. Em uma das ações, de 2011, Nilva foi condenada por associação criminosa por crimes cometidos em Iporá (GO), onde teria utilizado colete falso de atendente de agência bancária para colher informações de possíveis vítimas.

O delegado-chefe da 1ª Delegacia de Polícia do DF (Asa Sul), João Ataliba, afirma que há entraves na quantificação de vítimas de Nilva. Um deles é a falta de registros de boletim de ocorrência.

Esses crimes são comuns ainda hoje, mas muitas pessoas têm vergonha de informar à polícia que caiu em golpe.

João Ataliba, chefe da 1ª DP

Justiça
A Justiça do DF condenou Nilva em quatro processos, que, juntos, somam cinco anos de prisão, além do pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade. Por nenhum deles ela ficou presa, apenas impedida de sair do DF — exceto ao Entorno — por mais de 30 dias.

A maior parte da pena foi cumprida no Rio Grande do Norte, onde há um processo contra ela. Além disso, há três processos envolvendo a estelionatária em Goiás. No Espírito Santo, há inquérito que a investiga por estelionato e associação criminosa.

Falsificação
A moradora de Vila Velha que teve seus documentos falsificados, F. A., contou ao Metrópoles que, na segunda-feira (16/10), a mãe dela recebeu ligações de Nilva. A estelionatária teria se passado por uma funcionária da Petrobras e se identificado como Maria Rosa. Na sequência, segundo relato da publicitária, afirmou que ofereceria vaga de estágio.

“A Nilva disse a minha mãe que queria meu número de telefone porque não estava me achando nas redes sociais. Minha mãe logo percebeu que se tratava de golpe e se negou a informar meus dados”, contou F.A., que não quis se identificar.

Na terça-feira (17), a vítima recebeu torpedo que informava sobre atendimento a ela em uma loja de telefonia no bairro da Glória. A publicitária e o noivo se dirigiram à loja. Quando chegaram, a criminosa havia pegado senha e aguardava atendimento. O casal avisou à gerente sobre a suspeita e ela questionou Nilva, para validar alguns dados e se certificar de que se tratava de tentativa de golpe.

“Ela não sabia informar o nome dos pais nem o CPF. Pediu para ir ao carro, alegando que perguntaria à mãe, que estaria no veículo. Quando saiu, a segurei pelo braço. Ela tentou simular que estava sendo assaltada, mas a Guarda Municipal se aproximou. Contei o que acontecia e fomos levadas à delegacia”, narrou.

Nilva portava dois celulares, cartões de crédito e uma carteira de habilitação falsa com os dados da publicitária. Segundo a polícia, ela alegou ter colhido os dados da vítima na internet. Além da estelionatária, pelo menos um comparsa a auxiliava na loja, mas ele conseguiu escapar.

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