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CLDF cobra fim de verba de até R$ 6 mil em salários de diretores do Iges

Instituto atualmente enfrenta dívida de R$ 326 milhões e até o final do ano o Iges vai solicitar R$ 600 milhões para a CLDF

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Hospital de Base
1 de 1 Hospital de Base - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Deputados distritais cobraram o fim da verba de representação para os diretores do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), durante comissão geral na Câmara Legislativa (CLDF), nesta quinta-feira (12/08). Segundo os parlamentares, trata-se de um penduricalho de até R$ 6 mil para os contracheques da cúpula da instituição.

Solicitada e coordenada pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT), a comissão teve como foco analisar os problemas no Iges-DF, a exemplo de supostos desvios, falta de insumos, déficit de profissionais de saúde e falhas no tratamento de pacientes.

Diversos parlamentares questionaram o pagamento da verba de representação, entre eles Arlete Sampaio (PT), Eduardo Pedrosa (PTC), Fábio Felix (PSol) e Leandro Grass (Rede). O presidente do Iges, Gilberto Occhi, participou da comissão.

A verba de representação foi criada em 26 de abril de 2021. O Conselho de Administração do Iges autorizou os pagamentos para custeio de despesas de plano de previdência privada, seguro de vida, telefonia celular, internet e plano de saúde.

Veja quanto é pago para cada cargo: 

Diretor Presidente, R$ 6.000,00
Diretor Vice-Presidente, R$ 5.000,00
Diretor Executivo, R$ 4.000,00

“Eu acho um absurdo completo em virtude de que hoje falta praticamente tudo no hospital. Falta material, falta equipamento. A população está perdendo a vida no porta do hospital aguardando atendimento. Infelizmente, onde deveria cortar na carne, em quem ganha mais, pois os diretores ganham grandes salários, está acontecendo o contrário. Enquanto não consegue contratar servidor e equipamento, estão aumentando os benefícios para os diretores, o que eu não concordo”, criticou Eduardo Pedrosa.

O parlamentar ainda lembrou que sistematicamente a CLDF tem liberado recursos para ajudar o Iges na crise e que por isso o “penduricalho” é inadmissível. “Nós não vamos permitir. Vamos votar para que isso seja cancelado. Porque a  população não pode pagar por uma despesa dessa em um momento de crise”, completou.

Pedrosa perguntou a Occhi qual é previsão de pedidos de créditos suplementares do Iges para a CLDF neste ano. Ao final de 2021, o presidente prevê a solicitação de aproximadamente R$ 600 milhões. Segundo Gilberto, o dinheiro será necessário para a concretização de investimentos e retomada de tratamentos.

O valor da dívida

Júlia Lucy cobrou o valor atualizado da dívida do Iges. Segundo Occhi, em fevereiro de 2021 as dívidas eram de R$ 130 milhões para fornecedor, R$ 90 milhões para tributos obrigatórios e outros R$ 90 milhões para a Secretaria de Saúde. Pelas contas de Occhi, em agosto o cálculo da dívida total está na casa dos R$ 326 milhões. Anteriormente, o valor devido era calculado em torno de R$ 250 milhões.

Arlete Sampaio apresentou um estudo apontando que o Iges consumia 12% do Fundo de Saúde do DF em 2019, quando foi criado. Em 2021, pelas contas da parlamentar, o instituto passou a consumir 26%. “É um terço do dinheiro da Saúde”, criticou a parlamentar.

Leandro Grass voltou a cobrar no plenário a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Iges. Grass perguntou para Occhi qual era a avaliação dele sobre os salários pagos para a diretoria do Iges. O parlamentar questionou também se o presidente do instituto seria indicado político do PP para o cargo.

Base governista

Líder do governo na CLDF, Hermeto (MDB) defendeu a atual gestão do instituto. “O Iges hoje é uma realidade. Se nós tirarmos ele, o sistema de Saúde do DF vai à falência”, resumiu. O parlamentar também destacou que Occhi não está no cargo por vinculação partidária, mas sim por indicação técnica do governador Ibaneis Rocha (MDB).

“Quanto a salários, se você comparar com o CEOs de uma empresa com mais de 5 mil funcionários, por exemplo, ele ganha talvez, mais de cinco ou seis vezes do salário que você (Occhi) recebe lá (no Iges)”, assinalou o líder do governo.

Outro lado

Gilberto Occhi afirmou que não aceitou assumir o Iges por questões salariais, mas sim para ajudar. “Eu acho que, para padrões de Brasil, o salário do Iges é um salário razoável. Para a responsabilidade, não paga nada. Não é por salário que eu estou no Iges. Para receber R$ 20 mil líquido por mês. Não é por esse salário”, respondeu. O presidente afirmou que existem funcionários dentro Iges com salários maiores do que o dele.

Occhi disse que não chegou à presidência do Iges por indicação política. Declarou que recebeu convites do governador, do secretário de Saúde, Osnei Okumoto, e do secretário de Economia, André Clemente.

Diante das críticas à verba de representação, Occhi afirmou que o eventual pagamento do benefício está condicionado à regularidade da instituto. Ou seja, só haverá depósito quando a situação de dívidas, compras e metas estiver regularizada.

“Então mesmo aprovada cerca de dois, três meses atrás, então ninguém, nem o conselho e nem a diretoria do Iges, recebeu qualquer centavo desse valor”, afirmou. Occhi destacou que a criação da verba foi conduzida pelo Conselho de Administração, do qual a presidência do Iges não faz parte.

O presidente destacou que o instituto está regularizando as dívidas e atualmente está pagando em dia todas os débitos trabalhistas e com a Secretaria de Saúde. No caso dos fornecedores, a dívida chegou a R$ 190 milhões em 2021, mas parte dos contratos foi renegociada. Outra fatia foi revista ou glosada por indícios de irregularidades após auditoria internas.

Occhi listou uma série de entregas do Iges previstas para 2021:

O instituo vai entregar 7 novas UPAs até o final do ano, empregando 1.015 pessoas

A partir de setembro, o Iges deve oferecer cirurgias cardíacas infantis

Nova data para a volta do PET-CT, para ajudar no tratamento de câncer: novembro

Há projetos de ampliação das áreas de radiologia e investimentos em logística e energia

Há ainda a negociação para a construção de duas upas, na Estrutural e no Guará. Mas elas dependem ainda de tratativas com a Secretaria de Saúde. Há conversas com o Ministério de Saúde para a vinda de um novo tomógrafo para o Hospital Regional de Santa Maria.

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