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Centro Espírita no DF reclama de abuso em construção de comércio vizinho

Caso em Sobradinho corre o risco de parar na Justiça, segundo representante religioso. Empresário diz que tudo não passa de um mal-entendido

atualizado

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Área pública entre o comércio e o centro espírita
1 de 1 Área pública entre o comércio e o centro espírita - Foto: Reprodução

A construção de uma rampa em frente à entrada de um centro espírita em Sobradinho tem causado divergências entre um empresário e os responsáveis pela instituição religiosa. A disputa teria chegado à tentativa de compra do  tradicional templo da cidade e até a uma possível acusação de intolerância.

De acordo com o presidente do Centro Espírita Cristão a Caminho da Luz, Alberto Luiz Behr da Rocha, o lugar funciona há 49 anos. Há cerca de dois anos, a área verde que tinha na frente do local foi vendida pelo governo a um empresário, que deu início à construção de uma loja de departamentos.

“Meu pai, que era o presidente do centro, foi conversar com o proprietário, para falar que estavam degradando a entrada do templo. Tínhamos um jardim, que acabou destruído assim como uma tubulação de águas pluviais. Levamos cinco anos para conseguir o conserto e o caminhão deles destruiu”, argumenta Alberto Luiz.

Ele diz que o empresário chegou a ser arrogante diante da reclamação. “‘Tenho R$ 5 milhões aqui. Manda ele colocar preço nesse centrinho aí que eu compro’, teria dito. Depois disso, parece que começou uma implicância e até uma intolerância”, afirma Alberto Luiz, que respondeu: “O senhor vende seu Alcorão? Pois eu não vendo meu centro”.

Ainda segundo o presidente do centro espírita, a construção tem invadido área pública e prejudicado a entrada dos fiéis, especialmente em dias chuvosos, pois a degradação cria lamaçal e poças de água.

Alberto Luiz relata que outra área verde, ao lado da instituição, também foi degradada “ à revelia do poder público”. A retirada de terra do local deixou as fundações do muro que contorna o templo expostas.

O outro lado

O empresário Denizar Karajás é quem pretende abrir a loja de departamentos. Também tem um comércio de móveis na zona central de Sobradinho. Ele nega todas as acusações e afirma estar construindo uma rampa que beneficiará tanto a loja quanto a entrada do centro espírita.

“Nunca tive desentendimento com ninguém. Jamais falei essas coisas ou ofendi alguém. Tudo o que estou fazendo é para beneficiar a todos. É uma rampa de acesso, como existe em todos os meus prédios. É uma exigência da administração em obras novas”, enumera.

Karajás reafirma nunca ter ofendido qualquer pessoa ou mesmo tentado comprar o terreno. “Até por que não tenho esse dinheiro [R$ 5 milhões]. Acho que é um mal-entendido, pois, se eles tivessem me procurado, eu teria explicado ao lado do meu engenheiro”, argumenta.

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Judicialização

Segundo Alberto Luiz, foi feita uma consulta a Secretaria da Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) para saber se a obra não se encontra em estado irregular, mas não houve resposta até o momento. “Estou pensando em judicializar. Vou pedir que a administração se manifeste. Vou procurar a Justiça, pois o que está acontecendo é um franco desrespeito ao meu direito”, reclama.

“Por que só o capital tem direito? Por que a religião não tem? Estamos ali há 49 anos. Aprovam a construção de um lote comercial e de uma rampa em área pública que passa praticamente dentro da instituição. Procurei o administrador e ele me disse que não tinha autorizado nada. Então, vou buscar os direitos da obra que eu represento”, completa.

A reportagem procurou a Administração Regional de Sobradinho. O órgão afirmou, por telefone, que a obra feita em frente ao centro espírita está com a documentação em dia e autorizada. A rampa, destaca, é obrigatória para o comércio.

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