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Asfalto no laboratório. Em 60 dias sai o resultado que traçará um diagnóstico da qualidade das vias do DF. Mas técnicos já veem problemas

Segundo especialistas, o pavimento asfáltico deveria durar 10 anos, mas falta de prevenção reforça o desgaste das pistas. Novacap afirma que faz manutenções diárias. Enquanto isso, os grafiteiros convidados pelo Metrópoles enfeitam as crateras

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 Daniel Ferreira/Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Composto por brita, areia e Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), o asfalto do Distrito Federal deveria durar pelo menos 10 anos. Mas bastam alguns dias de chuva para os brasilienses precisarem ziguezaguear entre a buraqueira que se forma nas pistas. O problema, segundo especialistas, tem relação direta com a qualidade do material usado por aqui. 

Desde o dia 3 deste mês, o Metrópoles tem usado as inúmeras falhas nas pistas para chamar a atenção das autoridades. A convite da equipe, sete artistas grafitam as crateras espalhadas pela capital. A iniciativa surtiu efeito, e várias já foram fechadas pelo Governo do Distrito Federal. Mas a solução é paliativa, e os problemas não serão sanados. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o asfalto do DF não é ruim. O que falta é fiscalização para prevenir grandes estragos.

Análise laboratorial
Em setembro do ano passado, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) recolheu amostras de asfalto de Águas Claras e de Taguatinga para avaliar a qualidade do pavimento. O material foi encaminhado para um laboratório da Universidade de Brasília (UnB). A avaliação ainda está em andamento.

Funciona da seguinte forma: assim que chegam, as amostras são limpas, medidas, pesadas e colocadas em uma estufa para serem destruídas (veja galeria de fotos). Em seguida, os pedaços são colocados em um solvente para que a massa asfáltica solte dos agregados (como são chamados os materiais que formam o asfalto).

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Segundo os pesquisadores, após essa limpeza, o material é pesado novamente e, então, passa-se à análise da quantidade de CAP que foi colocada. A substância é essencial para dar liga ao asfalto e torná-lo mais resistente. Como esse insumo é caro, nem sempre está de acordo com a quantidade estipulada no projeto. Se for menor, pode configurar superfaturamento e comprometer a qualidade da obra.

Falhas
Os resultados devem sair até abril deste ano. Mesmo sem relatórios finais, especialistas já verificaram  problemas. “Pudemos identificar regiões de porosidade elevada no asfalto. Essa falha leva a um afundamento, gerando o acúmulo de água. Assim, quando um carro passa, amassa o pavimento, que, por sua vez, volta trazendo água e partículas que desagregam o solo e agravam os afundamentos”, relata Elci Pessoa Junior, engenheiro civil especializado em pavimentos e consultor do TCDF.

Os auditores da Corte também avaliaram o nivelamento das ruas da cidade. Com a ajuda de uma régua metálica, eles verificaram variações no nível das pistas, acima do permitido, o que pode contribuir para a formação de depressões e buracos.

Em um ponto da 610 Norte, a primeira irregularidade que constatamos foi um desnivelamento da pista. Ela está com o dobro do percentual permitido pela norma técnica. Só tapar os buracos, jogando massa asfáltica, não adianta nada

Elci Pessoa Junior, consultor do TCDF

Caso sejam atestadas as falhas no asfaltamento, o TCDF poderá interceder, exigindo novas obras das empresas contratadas, sem ônus para o Estado. Também é possível determinar punições ou até mesmo encaminhar pedido ao Ministério Público para investigação de improbidade administrativa dos gestores que não realizaram a devida fiscalização.

Novo laboratório
Para evitar problemas futuros, o TCDF terá, em breve, um laboratório próprio de análise asfáltica. O local vai funcionar no Setor de Garagens Oficiais Norte (SGON). Quando estiver pronto, o Tribunal não vai precisar enviar as amostras para a UnB.  “O intuito é verificar possíveis falhas enquanto a pavimentação é feita”, comentou Renato Rainha, presidente do órgão.

Daniel Ferreira/Metrópoles
Laboratório do TCDF que está sendo montado para análise do asfalto do DF


Novacap
Por meio de nota, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) assegurou que a fiscalização e a manutenção das vias urbanas do DF são realizadas todos os dias. “A manutenção de vias (operação tapa buraco) é feita diariamente com 18 equipes. A fiscalização é realizada por engenheiros, com o suporte de um laboratório que avalia a qualidade do asfalto no DF por períodos.”
#bsburaco

Moradora do Conjunto I da QNM 38, em Taguatinga, Tatiani Bragança Cerqueira sugeriu ao Metrópoles mostrar a buraqueira na rua dela. Na manhã desta segunda-feira (8/2), atendendo ao pedido, o grafiteiro Yong transformou um dos buracos citados por ela em arte.

“Moro aqui há quatro anos e sempre convivemos com a rua assim. Quando o governo vem, arruma só uma parte e não adianta. Chega ao ponto dos moradores comprarem cimento para tapar alguns buracos”, reclamou.

Tatiani gostou do resultado e elogiou a campanha #bsburaco. “É uma forma inteligente de chamar a atenção, porque a cidade está abandonada. Espero que o governo venha e arrume tudo. A população de Brasília precisa de dignidade”. Veja tatiani e Yong na galeria de fotos.

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Ainda pela manhã, Yong também deu um trato em um buraco que incomoda os moradores da EQNP 9/13 de Ceilândia. Veja as fotos:

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Além de Yong, outros seis artistas da cidade participam do projeto #bsburaco — Ju Borgê, Toys, Omik, Siren,GurulinoRato.

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