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Após levar calote, clientes do bufê La Provence ficam com nome sujo

Cheques sustados pelos consumidores estão sendo protestados por uma empresa de “factoring”. Agora, alguns deles estão sem crédito

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
lesados bufê La Provence
1 de 1 lesados bufê La Provence - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Depois de levarem um calote em dezembro de 2016, os clientes do bufê La Provence acharam que o pior já havia passado. A empresa, que tinha contratos fechados até o fim deste ano, encerrou as atividades e não cumpriu o compromisso de realizar as festas acordadas, nem devolveu o dinheiro já pago pelos clientes. Neste mês, além de continuarem no prejuízo, consumidores lesados pelo estabelecimento tiveram outra notícia ruim: estão com o nome sujo.

À época do fechamento, a empresa aconselhou os clientes a cancelarem todos os pagamentos pendentes e foi isso que eles fizeram. No entanto, os cheques sustados foram vendidos para uma empresa de “factoring”, que compra créditos vencidos ou referentes a compras a prazo e assume a cobrança do débito. Agora, está protestando a dívida de um serviço que nunca foi prestado. Com a situação, o nome dos clientes foi registrado nos serviços de proteção ao crédito.

“Estamos em uma situação muito difícil. Somos recém-casados e temos um monte de coisas para resolver na nossa casa. Mas não podemos pagar as contas porque estamos sem crédito”, afirma o militar Diogo Martins (foto em destaque), 33 anos. Quatro cheques da esposa dele, a servidora pública Marina Alves, 32 anos, estavam em posse do bufê La Provence e foram repassados a uma empresa de factoring. Um deles foi protestado e o nome da servidora está sujo.

O casal tinha casamento marcado para abril e já havia pagado R$ 6,5 mil dos R$ 14 mil orçados no contrato com o bufê quando os noivos descobriram o encerramento das atividades. Eles então correram contra o tempo, conseguiram juntar dinheiro para contratar o serviço de outra empresa, por R$ 20 mil, e se casaram na data previamente marcada.

Quando estavam na lua de mel, veio o novo baque: “Três dias depois do casamento, quando estávamos no exterior, o cartão dela começou a ser recusado. Pensamos que tinha alguma coisa a ver com o uso em outro país e não nos preocupamos na hora. Quando voltamos ao Brasil, descobrimos que o nome da Marina estava no Serasa e o cartão de crédito havia sido bloqueado”, explica Diogo.

Justiça é o caminho
O casal então procurou a empresa de factoring e foi informado de que a compra dos cheques foi feita de forma legal. A única forma de limpar o nome seria o pagamento do débito. Agora, eles se preparam para entrar na Justiça contra o protesto da dívida. Diogo e Marina também já ajuizaram uma ação contra o La Provence, mas cinco meses depois, o processo ainda não avançou. “A empresa já foi citada várias vezes, mas eles não são encontrados em lugar nenhum”, afirma o militar.

Outra que se prepara para entrar com ação judicial a fim de limpar o nome é a servidora pública Alana Silva, 28 anos. Com casamento marcado para agosto deste ano, ela pagou cerca de R$ 10 mil ao bufê La Provence até o fechamento da empresa. Após ser alertada por outras noivas sobre a situação, ela descobriu que o seu nome estava cadastrado em serviços de proteção ao crédito.

Conseguimos manter a data da festa, mas o dinheiro perdido já tinha prejudicado a lua de mel. Agora, a três meses do casamento e sem crédito, a situação ficou muito difícil. Não sei se vou conseguir parcelar a lua de mel. Meu cartão ainda não foi bloqueado, mas sei que é só uma questão de tempo

Alana Silva, servidora pública lesada pelo bufê La Provence

À época do encerramento das atividades, o La Provence comunicou aos clientes que uma empresa de advocacia cuidaria dos trâmites para devolução do dinheiro. Mas as vítimas do calote continuam sem um posicionamento concreto. “Cheguei a fazer uma reunião com os advogados e eles falaram que os proprietários do bufê também haviam sofrido um golpe, por isso estavam fechando. Eles falaram muito mas não chegaram a lugar nenhum”, explica Alana Silva.

O Metrópoles entrou em contato com a empresa de advocacia responsável pelo caso, mas foi informado de que o advogado que lida com a situação não estava no local e só poderia se posicionar na segunda-feira (15/5). Os proprietários do bufê La Provence não foram localizados pela reportagem.

 

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