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Apesar de proibição, comércios do DF abrem as portas de forma clandestina

Muitos empresários têm ignorado o decreto distrital estabelecido em função da pandemia de coronavírus e funcionado normalmente

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Comércio
1 de 1 Comércio - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Enquanto o GDF e a Justiça avaliam a melhor data para o retorno seguro das atividades comerciais no Distrito Federal, uma parcela de empresários preferiu ignorar protocolos e reabrir suas lojas à revelia.

O Metrópoles percorreu várias regiões administrativas do DF e flagrou dezenas de estabelecimentos com portões abaixados até a metade, atendimento apenas na porta e, até mesmo, funcionamento normal, como se a pandemia de coronavírus não tivesse contaminado 3.861 pessoas e matado 54 pacientes na capital do país. Os números constam no boletim da Secretaria de Saúde de sexta-feira (15/05).

Nas adjacências da Feira dos Importados, por exemplo, o movimento é grande. Mesmo com o funcionamento de lojas de informática e reparo de celulares proibido, a área que concentra esse setor apresenta grande aglomeração.

Ambulantes oferecendo suportes e capas dividem espaço na calçada com atendentes de comércios fixos virados para o lado de fora da feira. Apelidados de “chama-clientes”, homens distribuem cartão de bancas que nem deveriam estar em operação.

Apesar do risco de autuação, os responsáveis pelas bancas não se intimidam. Sem saber que falava com a reportagem, um vendedor de loja de informática admitiu que o funcionamento permanecia normal. Ou seja, flagrante desrespeito ao ato normativo distrital estabelecido para evitar a propagação do novo coronavírus – uma vez que o decreto do GDF não reconhece essa atividade como essencial. “A gente fica na correria aqui. Se chega alguém, já fecha tudo correndo”, relata o funcionário.

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Em Taguatinga, que registra 194 infectados pelo novo coronavírus e três mortes em decorrência da doença, diversos comerciantes tentavam disfarçar a prática da irregularidade. Portas entreabertas eram vistas em lojas de roupas, de sapatos, e salões de beleza. Alguns estabelecimentos contavam até com atendentes na entrada do recinto para observar quem passava pelo local.

Vendedores ambulantes também eram vistos aos montes. Ao lado de paradas de ônibus, eles ofereciam DVD’s, óculos, comida e roupas. Tudo exposto no chão. A maioria até portava máscara, mas fazia uso incorreto – muitos deles não utilizavam álcool em gel no momento de manusear o item de segurança.

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Ceilândia

A reportagem também percorreu ruas de Ceilândia, cidade com 243 confirmações de Covid-19; Samambaia (210); e Riacho Fundo I (52). Nas três regiões administrativas, o cenário é igual.

Para não atrair tanto a atenção, alguns comerciantes atendem apenas na porta. Com grades de separação, os funcionários organizam fila e chamam um cliente por vez. Caso a pessoa não saiba ao certo o que levar, o vendedor vai para dentro da loja e mostra as opções dos produtos. Apesar da disponibilidade de álcool em gel no local, o fato de o estabelecimento estar aberto infringe o decreto do GDF.

Em uma papelaria do Riacho Fundo I, mulheres foram comprar cartolina. Uma outra família se dirigiu até o comércio para procurar máscaras e elásticos. Todo o movimento ocorria sem preocupação.

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Os exemplos de irregularidades ajudam a compreender os elevados números de infectados no DF e confirmam a queda na taxa de isolamento. No fim de março, cerca de 80% da população respeitava a quarentena. No começo de abril, o índice desmoronou para 63% e, desde então, segue em declínio.

 

Em levantamento do Palácio do Buriti, Sobradinho I consta como a região administrativa com redução mais expressiva: menos 21 pontos percentuais. Na sequência, aparecem Sobradinho II, Planaltina, Riacho Fundo (I e II), Brazlândia, Arniqueiras, Guará e Cruzeiro.

O que diz a Fecomércio

Apesar de ser favorável ao retorno das atividades no DF, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) é contra a atitude dos empresários que retomam o trabalho sem o aval do governo. “Precisamos reabrir com segurança, e todos os nossos sindicatos estão fechados conosco neste assunto. Se abrir indiscriminadamente e os casos aumentarem, isso é munição para a Justiça querer prorrogar ainda mais o prazo”, salienta Francisco Maia, presidente da entidade.

Segundo ele, a Fecomércio-DF tem recebido reclamações sobre estabelecimentos abertos. Pontua, ainda, que a federação orienta no sentido de que essas lojas continuem fechadas até a liberação por parte do Executivo local.

Punição

Entre as penalidades estudadas, está a suspensão por 180 dias do CNPJ de quem for visto descumprindo a norma. “É uma punição severa. A pessoa vai pensar duas vezes antes de abrir sem aval do poder público”, alerta Maia.

Conforme dados da Secretaria DF Legal, desde o fim de março, cerca de 23 mil estabelecimentos foram fechados compulsoriamente, 900 interditados e quase 30 multados. Toda a ação tem sido realizada com o apoio da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Denúncias podem ser feitas pelos números 162 ou 190.

Errata – O Metrópoles publicou, equivocadamente, uma foto da loja Máximus Informática, referida erroneamente como lan house, localizada na QNN 8 de Ceilândia. Conforme decreto do GDF, o setor de eletroeletrônicos tem autorização para funcionar. O proprietário do estabelecimento ressalta que tem, no CNPJ e no alvará, permissão para comércio de eletroeletrônicos, segue todas as determinações do governo quanto às medidas de profilaxia para evitar a propagação da Covid-19 e que no local não funciona uma lan house

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