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Alagamentos e enchentes: por que Águas Claras sofre com transtornos comuns a Vicente Pires

Falta de planejamento urbano, ausência de fiscalização de normas e inabilidade no manejo de recursos hídricos são alguns dos problemas

atualizado

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1 de 1 alagamento - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Enxurradas com força para levar carros, árvores caídas, refluxo de água saindo de bueiros e estacionamentos subterrâneos alagados. Esses cenários, comuns para moradores de Vicente Pires, estão se tornando habituais em Águas Claras. No último dia 5, por exemplo, a região administrativa foi castigada por uma chuva que deixou motoristas e pedestres desesperados.

Segundo o hidrólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Henrique Leite Chaves, o problema das enchentes na região de Vicente Pires é sistêmico, culpa de uma ocupação não planejada do solo, o que, no entendimento do docente, ocorre também em Águas Claras, cidade que, embora não tenha surgido a partir de invasões, não tem capacidade para escoar adequadamente a água das chuvas.

Na opinião do pesquisador, a impermeabilização constante, que reduz a infiltração no solo, aliada às chuvas comuns em determinadas épocas do ano, faz com que a localidade necessite de sistemas de drenagem urbana mais eficazes. “A Região Administrativa de Águas Claras fica ao lado de Vicente Pires e tem o que a gente chama de solos hidromórficos: são como charcos, várzeas, estão no fundo de um vale”, explica.

De acordo com o professor da UnB, o terreno em que a cidade de Águas Claras foi erguida não é adequado para construções de grande porte. “Se você parar para pensar, por onde os planejadores começaram Brasília? Justamente nos topos de montes: Lago Sul, Lago Norte, Sobradinho, Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia e Guará. São todas regiões altas”, salienta Chaves.

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O que fazer?

Apesar da crítica, Chaves é realista e não imagina que a solução seria desfazer o processo de urbanização. O docente acredita que o Distrito Federal já tem normas necessárias para ter uma boa gestão dos recursos hídricos. Como exemplo, o pesquisador cita a Resolução nº 009/2011, da Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), que estabelece a construção de caixas de detenção em casas, condomínios e grandes construções, como shoppings.

“Uma caixa de detenção é por onde a água que escorre desses lotes fica represada por 24 horas e não segue imediatamente para as bocas de lobo”, explicou. E completou: A vantagem de retê-la por um dia é que, dessa forma, diminuem-se os problemas causados pela acumulação hídrica, ‘parcelando’ o volume e a pressão nas redes”.

Outro bom exemplo de norma já em vigor para um bom manejo das águas é o Decreto nº 3.5363/2014, que estabelece a construção de trincheiras de infiltração. Trata-se de uma construção que facilita a entrada da água no solo. Elas são geralmente construídas com brita.

 

A explicação do Inmet

Segundo o meteorologista Olívio Bahia, do Instituto de Meteorologia (Inmet), a chuva que os moradores de Águas Claras presenciaram no último fim de semana não pode ser classificada como fora da linha da curva de normalidade.

“Chamamos de cúmulo-nimbo. São nuvens bem desenvolvidas que provocam ventos fortes, podendo, inclusive, derrubar árvores e até provocar tempestades. Esse tipo de chuva é comum em países tropicais, como o nosso”, ressalta Olívio.

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