A história de superação do brasiliense que tem “ossos de vidro”

Alexandre Ferreira Abade foi diagnosticado aos dois anos e, por conta da doença, só aprendeu a ler aos 17. Hoje, tem duas graduações, uma pós, diversos cursos profissionalizantes e dá palestras motivacionais

Caroline Bchara
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A trajetória de Alexandre Ferreira Abade não foi nada fácil. Diagnosticado com osteogênese imperfeita – conhecida como “ossos de vidro” – aos dois anos, o consultor motivacional teve que superar diversos obstáculos. “Nasci com algumas fraturas nos braços e nas pernas, mas só depois dos dois anos é que foram investigar as causas”, contou ao Metrópoles. Depois de iniciar os estudos aos 17 anos, o brasiliense – hoje com 37 – tem duas graduações de nível superior, uma pós, diversos cursos profissionalizantes e divide a agenda entre as palestras motivacionais e a conclusão de seu segundo livro.

“A cada 15 dias eu sofria uma fratura. Eu tinha uma pausa e logo vinha um braço quebrado, uma perna… A minha família me ajudou muito. Eles não me deixaram desistir, me estimularam a acreditar na vida”, relata Abade. E a superação do prognóstico de que viveria somente até os 12 anos fez com que o consultor motivacional procurasse alternativas.

Aos 15, entre indas e vindas de hospitais e centros clínicos, ele conheceu a medicina alternativa. “Foram dois médicos, um de Sobradinho e outro de Planaltina, que me ajudaram. Comecei a tomar remédios receitados por ambos e [as fraturas] ficaram mais espaçadas”, acrescenta. E foi assim, até que aos 17 anos teve sua última fratura e a chance de iniciar os estudos.

Consegui quebrar a previsão de uma cura impossível. Comecei a estudar com 17 anos, porque não podia me movimentar muito. Era muito frágil, tinha os ossos comprometidos. Como a minha primeira escola foi uma de ensino especial, tive contato com pessoas com outros tipos de deficiência e o processo foi bem tranquilo.

Alexandre Ferreira Abade

Abade ficou um ano na escola inclusiva e foi logo transferido para o ensino regular, em Sobradinho. “Fui apresentado a novas realidades, novas conquistas e tive que lidar com o meu status dentro de um novo ambiente”, relembrou. Ele teve a ideia de solicitar aos colegas que utilizassem uma folha de carbono sob o caderno. Assim, teria as cópias dos exercícios todas garantidas.

“Os professores olhavam o Alexandre aluno, e não o físico. E eu percebi ali que poderia ajudar os outros colegas a superar os desafios com a minha luta diária”, afirma.

Palestras motivacionais
Hoje, formado em gestão de marketing e administração, Abade faz palestras motivacionais que estimulam a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. “Faça a diferença – Começando a mudança em nós mesmos” (foto ao lado), primeiro livro do brasiliense, foi lançado em 2012. Na publicação, Abade conta suas primeiras experiências motivacionais, que tiveram início ainda na época da escola.

Pós-graduado em recursos humanos, ele chegou a trabalhar por um ano na Secretaria de Educação do DF, onde teve a oportunidade de lidar diretamente com as escolas que atendem as pessoas com deficiência.

Agora, está concluindo o segundo livro, desta vez em parceria com a amiga Sarah Sena, onde abordará os projetos que toca na área de gerenciamento profissional na educação e inclusão. Os dois estão em busca de apoio para a publicação do livro. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo telefone 8435-4191.

A doença
De acordo coo o site do médico Drauzio Varella, a osteogênese imperfeita (doença de Lobstein ou doença de Ekman-Lostein) é uma condição rara do tecido conjuntivo, de caráter genético e hereditário, que afeta aproximadamente uma em cada 20 mil pessoas. A principal característica é a fragilidade dos ossos que quebram com enorme facilidade.

A osteogênese imperfeita (OI) pode ser congênita e afetar o feto que sofre fraturas ainda no útero materno e apresenta deformidades graves ao nascer. Ou, então, as fraturas patológicas e recorrentes, muitas vezes espontâneas, ocorrem depois do nascimento, o que é característico da osteogênese imperfeita tardia.

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