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Dois livros sensacionais para começar 2017 em grande estilo

Clássicos de Mario Prata e Carlos Heitor Cony são opções para os leitores que desejam se aprimorar na literatura

atualizado

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Abrelivros/Divulgação
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Voltamos com a coluna, depois de um breve recesso de Natal. A última do ano não existiu. Poderia ser sobre os “melhores de 2016”, mas isso seria requentar e sintetizar um material mais completo. Pode escolher o seu livro entre tantos que comentei ao longo desses meses.

Por isso, vamos direto ao que interessa. Gostaria de tratar de dois livros de dois monstros da literatura brasileira, que tive a oportunidade de me debruçar nesse final de ano. São muito bons e engraçados! Coincidentemente, têm uma pegada parecida e foram lançados no mesmo ano (1999) e só tive prazer de lê-los em 2016.

O primeiro é o “Minhas Mulheres e Meus Homens”, de Mário Prata. Escritor, dramaturgo, jornalista, roteirista, Prata domina a prosa, mas esse livro é mais do que isso. Lemos uma combinação de autobiografia e lista telefônica comentada. São dezenas de personagens com quem o escritor conviveu ao longo dos anos. Causos, detalhes, histórias.

O livro, inclusive, como uma lista telefônica, tem índice por nome e por ano. O leitor pode buscar seus personagens preferidos e se deliciar com as histórias. Como a da Lucélia Santos sendo descartada num teste pelo Walter Avancini, um ano antes de estourar como a Escrava Isaura. Ou do Grande Otelo contando que ele e Prata eram primos.

Reprodução

 

Quase todo mundo que fez alguma coisa na área da dramaturgia, entretenimento, literatura ou televisão está lá. Tem até jogador de futebol. E parece que, quando foi lançado, causou frisson na classe artística. Todos queriam saber se havia um verbete com seu nome na lista do Mário Prata.

O outro monstro que consegui encarar foi Carlos Heitor Cony, com “O Harém das Bananeiras”. O escritor, que é membro da Academia Brasileira de Letras, também é multifacetado, tendo escrito teatro, roteiros, televisão e cinema. Abocanhou três Prêmios Jabutis, além do Prêmio Machado de Assis e de outros tantos em seus 90 anos de vida.

Trata-se da reunião de crônicas publicadas por Cony em diversos jornais e revistas ao longo da década de 1990, em que aborda, na maioria das vezes, situações que presenciou ou foi protagonista. Desde a repressão durante a ditadura, passando por viagens e histórias de infância.

O título do livro se refere a uma das crônicas, em que discorre sobre a virgindade de Luís Carlos Prestes aos 37 anos de idade. Em seguida, o autor fala sobre o hábito dos meninos da periferia do Rio, onde cresceu, de descobrir o sexo por meio de orifícios feitos em bananeiras.

Um dos meninos, primo do autor, não tinha apenas uma bananeira ajustada para sua altura, mas um harém delas. Um dia, outro garoto resolveu se engraçar com uma das bananeiras. Tomou uma surra.

Em outra crônica, conta como recebeu, anos mais tarde, os originais de um livro que ele mesmo começou a escrever, mas não chegou a terminar. Começou a ler e achou péssimo. Era seu…

Cony foi um dos profissionais que receberam indenização em relação ao período militar, em que não pôde exercer sua profissão. O caso gerou muito polêmica. Em outro episódio, o autor mandou “Dilma e Lula se f…”, na “Folha de S. Paulo”. Novas críticas. Nada disso tira o brilho de sua escrita. Vale a pena.

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