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Capital Inicial celebra o rock de Brasília com show Música Urbana

Banda se une a Zélia Duncan, Scalene, Plebe Rude e Marcelo Bonfá para reedição, no dia 20/4, do evento que marcou a história do rock no DF

Leo Aversa
Fotografia colorida da banda Capital Inicial-Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida da banda Capital Inicial-Metrópoles - Foto: Leo Aversa

atualizado

Em 1984, o show “Música Urbana” reuniu grandes nomes do rock de Brasília, com apresentações das bandas Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana, que marcaram o cenário musical com hits que até hoje são hinos para muitos brasileiros. Quarenta anos depois, uma nova edição do evento agitará a capital do rock tendo a Arena BRB Nilson Nelson como palco. 

O show, no dia 20 de abril, será uma comemoração do aniversário de Brasília, que completa 64 anos, e também dos 42 anos do Capital Inicial. O vocalista da banda, Dinho Ouro Preto, define, em entrevista exclusiva ao Metrópoles, que o evento é uma celebração às origens do rock no Distrito Federal. 

“É uma liberdade artística que de algum modo foi preservada pelos anos e explicam a longevidade dessas bandas.”

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial

A Turma da Colina que conquistou o mundo

A história do show “Música Urbana” começou com o movimento Turma da Colina, no fim das décadas de 1970, puxado pelas bandas Blitz 64 e Aborto Elétrico, que tinha na formação os músicos Fê e Flávio Lemos e Renato Russo.

“O lema era ‘faça você mesmo’ e valia para todo mundo que entrava para essa turma, que se autodenominava ‘Turma da Colina’. Todo mundo ali era incentivado a criar, seja compor, escrever, cinema. Era um ambiente extremamente criativo”, conta Dinho Ouro Preto. “A gente fazia assim de tudo. Eu fazia as peças do jornal, que era xerox na época, não tinha internet. Era a nossa forma de semear ideias e trocar opiniões.”

O grupo era pequeno, como lembra o cantor, mas começou a popularizar-se com grafites espalhados pela capital federal. “As pessoas ficavam curiosas em saber quem eram aqueles malucos”, afirma, entre risadas. 

O artista relembra que, na época, os integrantes não tinham noção de que a música se tornaria a profissão deles. “A gente não sabia como poderia ser possível. Embora fosse capital do Brasil, Brasília naquela época ainda era uma cidade inacabada e tinham superquadras inteiras que era cerrado. Era uma cidade isolada. E nós víamos o que estava acontecendo no Rio de Janeiro e em São Paulo e parecia muito distante.”

Impacto na cultura brasileira

No começo da década de 1980, como uma “bola de neve”, na definição de Dinho, a turma cresceu, e o Aborto Elétrico se dividiu em três bandas: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Com letras fortes de cunho sociopolítico, o punk-rock foi expandido da “colina” para todas as quadras de Brasília. 

O movimento em Brasília derivou sucessos como Faroeste Caboclo e Que País é esse, ambos do Legião Urbana; R ao Contrário e Vote em Branco, do Plebe Rude; e Fátima e Música Urbana, do Capital Inicial, que foi inspirada no show de 1984 e o primeiro grande sucesso da banda. 

“As pessoas esquecem que o discurso do Capital [Inicial] sempre foi direcionado aos jovens. As pessoas se espantam que várias dúvidas e incertezas na adolescência acabam atravessando a vida e caracterizando a condição humana, não é só a juventude. Muitos devaneios ou comentários a respeito da situação do nosso país continuam bastante inalterados ao longo do tempo.”

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial

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O show “Música Urbana” de 1984

Com apresentação de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, o teatro do Colégio Alvorada, em Brasília, foi o palco para o “Música Urbana”. “Era um espaço para 400 pessoas. Mas, para mim, naquela época, parecia que a gente estava tocando em uma arena”, explica Dinho. Aliás, uma curiosidade, entre o público, estava a apresentadora Regina Casé.

“Era o fim da ditadura militar. Então, a gente achava que aquilo [o show], de algum modo, também era subversivo e estava contribuindo para a construção da democracia brasileira. A gente sabia que era importante que os jovens fizessem música para jovens, sobre jovens”, ressalta Ouro Preto.

Na época do show, os músicos não tinham noção do impacto da apresentação para o cenário do rock nacional, mas sabiam da importância do evento para a juventude brasileira. 

“A sensação era que aquilo [Música Urbana] era o apogeu. Foi uma época dourada, principalmente, eu acredito, pela inocência. Ao mesmo tempo que éramos incrivelmente ingênuos e incrivelmente pretensiosos.”

Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial

Para o vocalista do Capital Inicial, a autenticidade trouxe o sucesso das bandas que tocaram no “Música Urbana” de 1984. Ele define que os músicos, que na época eram jovens adultos, “não se importavam com nada além da própria vontade e expressão”. E foi a atitude “rock” que fez o público se apaixonar por eles.

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Inspiração

O vocalista do Capital Inicial espera que a reedição do “Música Urbana” inspire outros jovens a fazer rock. “E eu gostaria que a garotada soubesse que é possível fazer isso [rock], que coisas improváveis e impossíveis acontecem, que sonhos se realizam se você faz com paixão, coração e verdade.”

Como dica, o cantor pede que os artistas lutem pela autenticidade como chave para o sucesso. “O segredo por trás de tudo é você ser original a respeito do que está acontecendo, do que está na moda e do que prevalece. É encontrar a sua forma de expressão e linguagem. É o que te distingue de todos os outros”, pontua. 

Show “Música Urbana” 2024

Capital Inicial convida Scalene, Plebe Rude, Zélia Duncan e Marcelo Bonfá

Quando: 20 de abril
Local: Arena BRB Nilson Nelson

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